São Paulo, quinta-feira, 08 de fevereiro de 2007

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Brasil e EUA testarão projeto de etanol na América Central

Programa piloto na região promoverá conversão do consumo de petróleo em álcool

Plano foi fechado ontem em Brasília; objetivo é difundir o uso do etanol para criar mercados e transformar produto em commodity


Ed Zurga - 1º.nov.06/"The New York Times"
Usina de etanol no Estado de Missouri, nos EUA, que utilizam o milho como base para a produção


CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Brasil e Estados Unidos vão escolher um país na América Central para desenvolver um projeto piloto de conversão do consumo de petróleo em etanol. O objetivo é difundir o uso do etanol para criar mercados e transformar o etanol em uma commodity.
O projeto deverá estar pronto até a visita que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fará aos Estados Unidos na primavera americana a convite de George W. Bush, quando, entre outros assuntos, vão discutir os planos para o etanol.
A idéia do plano piloto surgiu ontem no encontro entre a ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, e o subsecretário de Estado americano para Assuntos Políticos, Nicholas Burns. Eles decidiram criar um comitê técnico para desenvolver o projeto, que, no Brasil, será coordenado por Dilma.
"Há vários países da América Central que são importadores de petróleo, mas têm condições de produzir etanol localmente usando tecnologia brasileira e americana. Interessa aos dois países que o etanol se torne um produto mundial. Países mais pobres e em desenvolvimento seriam beneficiários de uma iniciativa de irmãos maiores", disse o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, que também se reuniu com Burns ontem em Brasília.
Os dois países já estão desenvolvendo um programa de padronização de etanol para que a produção obedeça aos mesmos critérios, a fim de facilitar o comércio mundial. Uma vez transformado em commodity, o etanol terá o seu preço de mercado cotado internacionalmente e tanto o Brasil como os Estados Unidos, os dois maiores produtores e consumidores, poderão influir nos preços do produto.
Sem abrir o mercado norte-americano para as exportações brasileiras de etanol, os EUA querem se associar ao Brasil para explorar terceiros mercados. No Brasil o etanol é produzido a partir da cana-de-açúcar, com custo de produção cerca de 40% mais baixo do que nos EUA, onde o etanol é feito a partir do milho. Por isso, os americanos querem fazer negócios com o Brasil em outros mercados, não no americano.
Os setores privados dos dois países já possuem uma parceira em El Salvador. A ARFS (American Renewable Fuel Suppliers) é uma usina desidratadora de álcool localizada em Sonsonate com capitais da brasileira Crystalserv, da norte-americana Cargil e da Compañia Azucareira Salvadoreña (CASSA). A usina abastece basicamente o mercado norte-americano.
As exportações brasileiras de etanol aumentaram de US$ 765 milhões em 2005 para US$ 1,6 bilhões em 2006. O Brasil exporta principalmente para os Estados Unidos, mas com restrições. Depois dos Estados Unidos, outros mercados importantes para o Brasil são a Europa, o Japão e a América Central.


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