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Reserva de megacampo de Tupi pode ser muito maior
Sócios estrangeiros da Petrobras estimam reservas de até 30 bilhões de barris
Empresa brasileira havia anunciado expectativa de 8 bilhões de barris; ação da estatal sobe 3,3% com as novas estimativas
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
A produção de petróleo do
megacampo de Tupi, na bacia
de Santos, pode ser muito
maior do que a anunciada. Sócia da Petrobras no projeto, a
britânica BG informou ontem,
em nota, que as reservas de petróleo e gás do campo, localizado na bacia de Santos, têm potencial para atingir de 12 bilhões a 30 bilhões de barris.
Antes, a BG estimava as reservas entre 1,7 bilhão e 10 bilhões. A nova estimativa da BG,
que tem 25% do campo, supera
as projeções iniciais da Petrobras, que apontavam para um
reservatório de 5 bilhões a 8 bilhões de barris. As previsões da
petroleira britânica foram confirmadas pela portuguesa Galp,
também sócia do empreendimento, em comunicado enviado à Comissão de Valores Mobiliários de Portugal. A Galp
tem uma participação de 10%
no projeto.
Ao todo, as reservas da Petrobras no Brasil chegam a 13,9 bilhões de barris. Ou seja, se a estimativa de BG e Galp estiver
correta, Tupi tem potencial para até dobrar o volume de óleo e
gás que poderá ser extraído do
subsolo brasileiro.
O anúncio mexeu com os papéis da Petrobras. As ações ordinárias da petroleira brasileira
tiveram alta de 3,31% ontem,
num dia em que a Bovespa fechou estável (-0,01%).
Procurada ontem, a Petrobras informou apenas que ninguém da empresa iria comentar o conteúdo dos comunicados das suas sócias em Tupi.
A estatal brasileira é responsável pela operação do campo.
Ou seja, fica a cargo da companhia desenvolver todos os projetos de perfuração de poços e
de sistemas de produção (plataformas).
A discrepância das estimativas da Petrobras e de suas sócias pode ser explicada por uma
diferença de critério adotado. A
estatal divulgou o volume de
óleo recuperável, ou seja, possível de ser extraído do subsolo.
Já as companhias européias
anunciaram o volume total que
existe sob o mar, que, em geral,
não pode ser totalmente extraído.
Maior descoberta da história
da estatal, o campo está localizado na chamada camada pré-sal, nova e promissora fronteira
exploratória do subsolo marinho brasileiro. A área se estende ao longo dos litorais dos Estados de Santa Catarina ao Espírito Santo (bacias de Santos,
Campos e Espíritos Santo). Fica abaixo de uma espessa camada de sal -sobre ela se concentrava até agora a exploração
de petróleo no Brasil.
Quando anunciou o tamanho
estimado da descoberta de Tupi, em novembro do ano passado, a Petrobras informou que a
descoberta colocava "o Brasil
como uma das mais importantes áreas petrolíferas do mundo". A estatal foi a única empresa do mundo a perfurar rochas
na camada pré-sal.
Para estimar a reserva de até
8 bilhões de barris de Tupi, a estatal perfurou e testou oito poços, analisando a qualidade e a
quantidade do óleo (leve, de 28
graus).
Com o objetivo de dimensionar a descoberta, a estatal programou para o segundo semestre deste ano um teste de produção de longa duração, com
uma pequena plataforma alugada provisoriamente e capaz
de extrair até 40 mil barris/dia.
Ao final de 2010, a empresa
espera alugar um sistema de
produção de médio porte com
capacidade de 100 mil barris/
dia, que irá operar no campo
até que a plataforma definitiva
fique pronta em 2013, quando a
expectativa é atingir uma produção de 180 mil barris/dia.
Em todas as perfurações realizadas na camada pré-sal, a estatal encontrou petróleo. No
mês passado, anunciou uma
grande descoberta de gás vizinha ao campo de Tupi. Em entrevista recente, o diretor de
Exploração e Produção da Petrobras, Guilherme Estrella,
ressaltou que o sucesso exploratório nessa nova fronteira petrolífera era de 100%.
Por esse motivo, o executivo
defendeu a revisão do modelo
de concessões, a fim de a União
se apropriar de uma fatia maior
das reservas. Sugeriu os mecanismos usados no Oriente médio, como os de produção compartilhada (onde parte fica com
o Estado) e de prestação de serviços, pelo qual uma empresa é
contratada para explorar o
campo e é remunerada pela
empreitada.
Com a Folha Online, no Rio, e o "Financial Times"
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