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Governo sinaliza apoio aos planos da Vale para a compra da Xstrata
BNDES afirma que operação pode ser "compatível com o interesse nacional"
DA SUCURSAL DO RIO
O presidente do BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social),
Luciano Coutinho, afirmou
que a operação de compra da
mineradora anglo-suíça Xstrata pela Vale pode ser "compatível com o interesse nacional"
-manutenção do controle da
empresa nas mãos de brasileiros e dos investimentos locais.
O banco está analisando o
mérito do negócio e as condições financeiras da operação a
pedido do presidente Lula.
"Pelas características preliminares [do negócio] que nós
vimos, é perfeitamente compatível com essa preocupação do
governo, que é absolutamente
correta e legítima, de salvaguardar e ter certeza de que o
interesse nacional está sendo
preservado", disse Coutinho.
Segundo ele, há diversas modelagens possíveis para a operação de compra. Coutinho
destacou que as preocupações
do governo se referem principalmente à manutenção do
controle da Vale nas mãos de
brasileiros e à manutenção do
fluxo de investimentos no país.
"É preciso assegurar que o
fluxo de investimentos no país
em mineração, não só em minério de ferro como nas outras
cadeias minerais, seja mantido
e até mesmo reforçado", disse.
Coutinho ressaltou que não
haverá risco de mudança no
controle da Vale e que será possível reforçar investimentos da
empresa em áreas próximas,
como siderurgia. A BNDESPar,
braço financeiro do banco, tem
9,5% do capital total da Vale.
Coutinho não informou se há
um prazo para que as negociações sejam concluídas. Afirmou, no entanto, que as tratativas foram precipitadas pela
"entrada forte dos chineses".
Para Coutinho, a estratégia
dos investidores chineses é bloquear a concentração no setor
de mineração numa tentativa
de assegurar preços mais baixos na aquisição de matérias-primas. Recentemente, a estatal Chinalco comprou participação na Rio Tinto. "Isso dificultou o bid [lance] da BHP em
cima da Rio Tinto", disse.
De acordo com o "Financial
Times", a empresa russa Rusal
e o Banco de Desenvolvimento
da China também teriam interesse em adquirir uma parcela
do capital da Xstrata.
As declarações do presidente
do banco sinalizam um avanço
nas conversas da empresa com
o governo. O presidente Lula e
a ministra-chefe da Casa Civil,
Dilma Rousseff, apresentaram
resistências ao negócio. O presidente Lula chegou a reclamar
publicamente que a Vale investia pouco no Brasil. Um dos
principais temores do governo
era que a compra da Xstrata se
tornasse sinônimo de investimentos menores no Brasil.
O valor da operação de compra da Xstrata foi estimado inicialmente em US$ 90 bilhões.
(JANAINA LAGE)
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