São Paulo, sexta-feira, 08 de fevereiro de 2008

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Governo sinaliza apoio aos planos da Vale para a compra da Xstrata

BNDES afirma que operação pode ser "compatível com o interesse nacional"

DA SUCURSAL DO RIO

O presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Luciano Coutinho, afirmou que a operação de compra da mineradora anglo-suíça Xstrata pela Vale pode ser "compatível com o interesse nacional" -manutenção do controle da empresa nas mãos de brasileiros e dos investimentos locais.
O banco está analisando o mérito do negócio e as condições financeiras da operação a pedido do presidente Lula.
"Pelas características preliminares [do negócio] que nós vimos, é perfeitamente compatível com essa preocupação do governo, que é absolutamente correta e legítima, de salvaguardar e ter certeza de que o interesse nacional está sendo preservado", disse Coutinho.
Segundo ele, há diversas modelagens possíveis para a operação de compra. Coutinho destacou que as preocupações do governo se referem principalmente à manutenção do controle da Vale nas mãos de brasileiros e à manutenção do fluxo de investimentos no país.
"É preciso assegurar que o fluxo de investimentos no país em mineração, não só em minério de ferro como nas outras cadeias minerais, seja mantido e até mesmo reforçado", disse.
Coutinho ressaltou que não haverá risco de mudança no controle da Vale e que será possível reforçar investimentos da empresa em áreas próximas, como siderurgia. A BNDESPar, braço financeiro do banco, tem 9,5% do capital total da Vale.
Coutinho não informou se há um prazo para que as negociações sejam concluídas. Afirmou, no entanto, que as tratativas foram precipitadas pela "entrada forte dos chineses".
Para Coutinho, a estratégia dos investidores chineses é bloquear a concentração no setor de mineração numa tentativa de assegurar preços mais baixos na aquisição de matérias-primas. Recentemente, a estatal Chinalco comprou participação na Rio Tinto. "Isso dificultou o bid [lance] da BHP em cima da Rio Tinto", disse.
De acordo com o "Financial Times", a empresa russa Rusal e o Banco de Desenvolvimento da China também teriam interesse em adquirir uma parcela do capital da Xstrata.
As declarações do presidente do banco sinalizam um avanço nas conversas da empresa com o governo. O presidente Lula e a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, apresentaram resistências ao negócio. O presidente Lula chegou a reclamar publicamente que a Vale investia pouco no Brasil. Um dos principais temores do governo era que a compra da Xstrata se tornasse sinônimo de investimentos menores no Brasil.
O valor da operação de compra da Xstrata foi estimado inicialmente em US$ 90 bilhões.
(JANAINA LAGE)


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