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Vendas da indústria sobem 5,1% em 2007
Em 2006, expansão havia sido de 0,8%; CNI estima desaceleração para este ano, em razão do cenário externo menos favorável
Setor tem aumento de 3,8% no pessoal empregado e de 4,9% na remuneração paga;
segmento de máquinas vê alta de 17,9% nas vendas
LUCIANA OTONI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Juros em queda, crédito em
alta, salários em expansão e
economia mundial aquecida
contribuíram para que a indústria encerrasse 2007 com aumento de 5,1% das vendas, percentual bem maior que o 0,8%
registrado em 2006. Como dificilmente esses fatores vão se
somar neste ano, os industriais
projetam desaceleração do ritmo de atividade.
A CNI (Confederação Nacional da Indústria) avalia que a
redução da atividade não vai
ser expressiva. A previsão é de
5% para 2008. Mas ainda assim
deve impedir o setor de avançar
a pleno vapor. "O cenário extremamente favorável do ano passado não deve se repetir neste
ano", comentou o economista
Paulo Mol, da Unidade de Política Econômica da CNI.
As fábricas começaram 2008
com baixos estoques e em ritmo embalado. Segundo a CNI,
mantida a performance de dezembro, as vendas e as horas
trabalhadas na produção terão
aumento mínimo garantido de
4,8% e 2,7%, respectivamente.
Para os industriais, os efeitos
da crise financeira nos EUA sobre o comércio mundial somente devem começar a ser
sentidos pela economia brasileira a partir da segunda metade do ano, afetando, em um primeiro momento, as exportações, que respondem por cerca
de 15% da produção industrial.
Além da alta de 5,1% das vendas em 2007, o setor industrial
registrou aumento de 4% nas
horas trabalhadas, de 3,8% no
pessoal empregado e de 4,9%
nas remunerações pagas.
Apenas três segmentos (máquinas e equipamentos, automotivo e alimentos e bebidas)
responderam por 60% da ampliação das vendas. O segmento
de máquinas cresceu 17,9%. O
de carros subiu 7,8%, o de equipamentos de transportes,
16,8%, e o de alimentos e bebidas, 5,5%. Apesar desses números, a CNI analisa que a expansão não está concentrada.
O uso da capacidade instalada dessazonalizado (descontados os efeitos atípicos), que em
dezembro de 2006 estava em
81,3%, encerrou o último mês
do ano passado em 83%. A perspectiva é que se estabilize em
patamar elevado. A CNI desagregou o número e verificou
que o aumento da utilização do
parque fabril está concentrado
em seis segmentos. Somente as
montadoras ampliaram em dez
pontos percentuais o uso da capacidade instalada em 2007.
A tendência de alta da produção levou o ABN Amro a projetar que a capacidade instalada
deva atingir 84% ainda neste
primeiro semestre. Zeina Latif,
economista do banco, diz que
essa projeção foi feita considerando um estudo que aponta
que os investimentos levam entre 13 e 15 meses para se concretizarem e contribuírem para
a ampliação do parque fabril.
Em razão da perspectiva de
alta da capacidade e de risco de
pressão sobre os preços, Latif
diz que esse é um fator a mais
para acentuar o conservadorismo do Banco Central na definição da taxa básica de juros.
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