São Paulo, sexta-feira, 08 de fevereiro de 2008

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Vendas da indústria sobem 5,1% em 2007

Em 2006, expansão havia sido de 0,8%; CNI estima desaceleração para este ano, em razão do cenário externo menos favorável

Setor tem aumento de 3,8% no pessoal empregado e de 4,9% na remuneração paga; segmento de máquinas vê alta de 17,9% nas vendas

LUCIANA OTONI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Juros em queda, crédito em alta, salários em expansão e economia mundial aquecida contribuíram para que a indústria encerrasse 2007 com aumento de 5,1% das vendas, percentual bem maior que o 0,8% registrado em 2006. Como dificilmente esses fatores vão se somar neste ano, os industriais projetam desaceleração do ritmo de atividade.
A CNI (Confederação Nacional da Indústria) avalia que a redução da atividade não vai ser expressiva. A previsão é de 5% para 2008. Mas ainda assim deve impedir o setor de avançar a pleno vapor. "O cenário extremamente favorável do ano passado não deve se repetir neste ano", comentou o economista Paulo Mol, da Unidade de Política Econômica da CNI.
As fábricas começaram 2008 com baixos estoques e em ritmo embalado. Segundo a CNI, mantida a performance de dezembro, as vendas e as horas trabalhadas na produção terão aumento mínimo garantido de 4,8% e 2,7%, respectivamente.
Para os industriais, os efeitos da crise financeira nos EUA sobre o comércio mundial somente devem começar a ser sentidos pela economia brasileira a partir da segunda metade do ano, afetando, em um primeiro momento, as exportações, que respondem por cerca de 15% da produção industrial.
Além da alta de 5,1% das vendas em 2007, o setor industrial registrou aumento de 4% nas horas trabalhadas, de 3,8% no pessoal empregado e de 4,9% nas remunerações pagas.
Apenas três segmentos (máquinas e equipamentos, automotivo e alimentos e bebidas) responderam por 60% da ampliação das vendas. O segmento de máquinas cresceu 17,9%. O de carros subiu 7,8%, o de equipamentos de transportes, 16,8%, e o de alimentos e bebidas, 5,5%. Apesar desses números, a CNI analisa que a expansão não está concentrada.
O uso da capacidade instalada dessazonalizado (descontados os efeitos atípicos), que em dezembro de 2006 estava em 81,3%, encerrou o último mês do ano passado em 83%. A perspectiva é que se estabilize em patamar elevado. A CNI desagregou o número e verificou que o aumento da utilização do parque fabril está concentrado em seis segmentos. Somente as montadoras ampliaram em dez pontos percentuais o uso da capacidade instalada em 2007.
A tendência de alta da produção levou o ABN Amro a projetar que a capacidade instalada deva atingir 84% ainda neste primeiro semestre. Zeina Latif, economista do banco, diz que essa projeção foi feita considerando um estudo que aponta que os investimentos levam entre 13 e 15 meses para se concretizarem e contribuírem para a ampliação do parque fabril.
Em razão da perspectiva de alta da capacidade e de risco de pressão sobre os preços, Latif diz que esse é um fator a mais para acentuar o conservadorismo do Banco Central na definição da taxa básica de juros.


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