São Paulo, domingo, 08 de fevereiro de 2009

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Falta de crédito provoca colapso nos emergentes, que recorrem ao FMI

DE NOVA YORK

A atual crise de crédito já provocou o colapso de várias economias emergentes e tende a se alastrar por mais países enquanto os rombos dos bancos internacionais não forem equacionados.
Nos últimos três meses, oito emergentes foram obrigados a recorrer ao FMI por conta da crise. Havia anos o Fundo não tinha tanta demanda. Juntos, esses países tomaram emprestados US$ 47,8 bilhões (o equivalente a um quarto das reservas em dólares do Brasil).
O principal canal de transmissão dos problemas do mundo desenvolvido para os emergentes é a "seca" no financiamento. Farto nos últimos cinco anos, ele não apenas diminuiu mas já há uma saída líquida de recursos das economias em desenvolvimento provocada pelos grandes bancos.
Em 2008, o fluxo de dinheiro dos bancos comerciais aos emergentes foi positivo em US$ 166,6 bilhões. Neste ano, a saída líquida prevista é de US$ 60,6 bilhões (US$ 2,5 bilhões no caso do Brasil), segundo projeções do IIF (Instituto de Finanças Internacionais, na sigla em inglês), que reúne os 360 maiores bancos do mundo.
O agravante é que o setor privado nesses países se endividou fortemente nos últimos anos para investir, ao prever um crescimento acelerado. Agora, não apenas a demanda caiu como secou o crédito para a rolagem de dívidas.
O problema não afeta somente países periféricos. O custo do crédito mesmo para economias que se endividaram muito nos últimos dez anos, como Espanha, Portugal, Grécia e Irlanda, é substancialmente maior hoje do que para países mais "maduros", como Alemanha e França.
Para o economista-chefe do IIF, Yusuke Horiguchi, vários países, especialmente no leste europeu, terão "grandes dificuldades" para financiar suas contas daqui em diante.
Entre os que recorreram ao Fundo, Hungria (US$ 15,7 bilhões) e Ucrânia (US$ 16,4 bilhões) foram os que precisaram dos maiores volumes.

BNDES
No caso do Brasil, embora haja uma redução no fluxo externo de dólares, no geral ele tende a ser positivo em 2009.
O principal instrumento de combate à crise internacional no país tem sido o BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Do pacote total de R$ 189,1 bilhões anunciado até agora, o banco ficou com R$ 119 bilhões e a missão de suprir a demanda por crédito que não for atendida pelos bancos privados -que deixaram de emprestar ou aumentaram muito o custo após a piora no cenário mundial.
Apenas R$ 8,4 bilhões de tudo o que foi anunciado representam uma injeção direta de recursos que não retornarão aos cofres públicos. Esse valor poderá aumentar e chegar a cerca de US$ 10 bilhões, caso o governo decida usar os R$ 14,2 bilhões que reservou no Fundo Soberano do Brasil como fonte adicional de gastos neste ano.

Colaborou LEANDRA PERES,
da Sucursal de Brasília



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