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Falta de crédito provoca colapso nos emergentes, que recorrem ao FMI
DE NOVA YORK
A atual crise de crédito já
provocou o colapso de várias
economias emergentes e tende
a se alastrar por mais países enquanto os rombos dos bancos
internacionais não forem equacionados.
Nos últimos três meses, oito
emergentes foram obrigados a
recorrer ao FMI por conta da
crise. Havia anos o Fundo não
tinha tanta demanda. Juntos,
esses países tomaram emprestados US$ 47,8 bilhões (o equivalente a um quarto das reservas em dólares do Brasil).
O principal canal de transmissão dos problemas do mundo desenvolvido para os emergentes é a "seca" no financiamento. Farto nos últimos cinco
anos, ele não apenas diminuiu
mas já há uma saída líquida de
recursos das economias em desenvolvimento provocada pelos grandes bancos.
Em 2008, o fluxo de dinheiro
dos bancos comerciais aos
emergentes foi positivo em
US$ 166,6 bilhões. Neste ano, a
saída líquida prevista é de US$
60,6 bilhões (US$ 2,5 bilhões
no caso do Brasil), segundo
projeções do IIF (Instituto de
Finanças Internacionais, na sigla em inglês), que reúne os 360
maiores bancos do mundo.
O agravante é que o setor privado nesses países se endividou
fortemente nos últimos anos
para investir, ao prever um
crescimento acelerado. Agora,
não apenas a demanda caiu como secou o crédito para a rolagem de dívidas.
O problema não afeta somente países periféricos. O
custo do crédito mesmo para
economias que se endividaram
muito nos últimos dez anos, como Espanha, Portugal, Grécia e
Irlanda, é substancialmente
maior hoje do que para países
mais "maduros", como Alemanha e França.
Para o economista-chefe do
IIF, Yusuke Horiguchi, vários
países, especialmente no leste
europeu, terão "grandes dificuldades" para financiar suas
contas daqui em diante.
Entre os que recorreram ao
Fundo, Hungria (US$ 15,7 bilhões) e Ucrânia (US$ 16,4 bilhões) foram os que precisaram
dos maiores volumes.
BNDES
No caso do Brasil, embora
haja uma redução no fluxo externo de dólares, no geral ele
tende a ser positivo em 2009.
O principal instrumento de
combate à crise internacional
no país tem sido o BNDES
(Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).
Do pacote total de R$ 189,1
bilhões anunciado até agora, o
banco ficou com R$ 119 bilhões
e a missão de suprir a demanda
por crédito que não for atendida pelos bancos privados -que
deixaram de emprestar ou aumentaram muito o custo após a
piora no cenário mundial.
Apenas R$ 8,4 bilhões de tudo o que foi anunciado representam uma injeção direta de
recursos que não retornarão
aos cofres públicos. Esse valor
poderá aumentar e chegar a
cerca de US$ 10 bilhões, caso o
governo decida usar os R$ 14,2
bilhões que reservou no Fundo
Soberano do Brasil como fonte
adicional de gastos neste ano.
Colaborou LEANDRA PERES,
da Sucursal de Brasília
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