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Anatel diz que consultoria vai estudar modelo
DA REPORTAGEM LOCAL
A Anatel informa que já contratou uma consultoria especializada para ajudá-la a definir
o modelo de custo dos serviços
prestados pelas operadoras
móveis. O trabalho deverá ser
concluído em 18 meses.
A UIT (União Internacional
de Telecomunicações) participa desse projeto. A organização, ligada à ONU, atuou na elaboração desses sistemas de monitoramento de custos das teles
em outros países. A Folha apurou que, nas próximas semanas, dois conselheiros irão encontrar o presidente da UIT, na
Espanha, para tratar do tema.
Um desses conselheiros considera que a interconexão é um
valor que deve ser cobrado,
porque as operadoras têm custos toda vez que recebem ou
efetuam chamadas entre redes
diferentes. Para ele, funciona
como a conta de água e de luz.
Mesmo sem consumo, existe
uma fatura mínima referente à
comodidade de o serviço estar
sendo oferecido ao cliente.
Contudo, os valores em vigor
atualmente são considerados
exorbitantes. A Folha apurou
que a agência pretende acelerar a definição de um modelo
de custos para que os consumidores possam utilizar o celular
sem se preocupar tanto com o
preço do minuto, como acontece em países desenvolvidos.
Segundo a consultoria
Bernstein Research, nem mesmo em nações em desenvolvimento o minuto passa de R$
0,10, já considerando impostos.
Na Índia, cujo PIB (Produto
Interno Bruto) se assemelha ao
do Brasil, o minuto é R$ 0,02;
na Indonésia e na China, R$
0,06; no México, na Rússia e no
Egito é R$ 0,10, mesmo preço
cobrado nos EUA.
Recentemente, países da
América Latina e Caribe começaram a revisão dos custos das
operadoras para derrubar o
preço do minuto. No Chile, a
interconexão caiu pela metade.
O país do pré-pago
Não por acaso, 82% da base
de clientes das operadoras brasileiras é de assinantes pré-pagos que usam o celular basicamente para receber chamadas.
Esse comportamento coloca o
tráfego de voz via celular no
país entre os cinco mais baixos
do mundo, segundo a UIT.
As teles afirmam que a interconexão está nesse patamar
porque o investimento na telefonia celular é muito maior que
na fixa, exigindo novos aportes
a cada três anos.
Isso porque haveria uma evolução de tecnologias mais acelerada na plataforma móvel.
Um exemplo: nem bem foram
realizados os aportes na construção de uma rede de telefonia
3G (terceira geração) no Brasil
e as operadoras já discutem os
investimentos necessários ao
4G (quarta geração).
Por isso, elas dizem que não
dá para abrir mão da receita da
interconexão sem colocar algo
no lugar. Além disso, ainda segundo as companhias, parte
dessa receita ajuda a manter o
cliente pré-pago, que gasta, em
média, menos de R$ 10 por
mês. Essa quantia não remunera o serviço e afeta a lucratividade da companhia. Resultado:
com uma redução drástica da
interconexão, seria preciso aumentar mais o minuto.
A TelComp, associação que
representa as operadoras que
defendem a competição, acredita que a redução da interconexão obrigaria as empresas a
se tornarem mais eficientes,
criando fórmulas e planos que
atraiam novos clientes, estimulando justamente o uso do celular na realização de chamadas.
Foi o que aconteceu em países da Europa e nos EUA, que
praticamente zeraram o valor
da interconexão, fazendo com
que o tráfego de voz saltasse rapidamente para um dos mais
elevados do mundo.
(JW)
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