São Paulo, sexta-feira, 08 de março de 2002

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RIQUEZA AMERICANA

Produtividade sobe 5,2% de outubro a dezembro de 2001

Norte-americano produz mais no último trimestre

DA REDAÇÃO

A produtividade do trabalhador norte-americano cresceu nos últimos três meses do ano passado bem mais do que o estimado anteriormente. De acordo com o Departamento do Trabalho norte-americano, no quarto trimestre de 2001 houve ganho de 5,2%. Mas no ano todo a expansão foi fraca.
O indicador se soma a vários outros positivos que foram divulgados nas últimas semanas, justificando a análise otimista feita ontem pelo presidente do Federal Reserve (BC norte-americano), Alan Greenspan. Segundo estimativas preliminares feitas pelo próprio Departamento do Trabalho, a produtividade havia crescido 3,5% entre outubro e novembro do ano passado.
Os dados revisados ficaram acima das projeções mais otimistas. "Foi inesperado, mas excelente", disse Jim Glassman, economista sênior do banco JP Morgan. "O ritmo de ganho na produtividade está se acelerando."
Para Greenspan, o aumento na produtividade gerado pelas novas tecnologias de produção é a principal explicação para o boom econômico recente dos EUA, ao aumentar as margens de lucro. Entre 1991 e 2001, o país viveu seu mais longo período de expansão, interrompido apenas em março do ano passado, quando entrou em recessão.
Na avaliação dos economistas do Federal Reserve, a crescente produtividade também explica por que a inflação permaneceu sob controle, mesmo com o país crescendo em ritmo acelerado.
Mas o crescimento na produtividade verificado no último trimestre de 2001 apresenta um lado negativo. Ele se explica pelo grande número de demissões. Com a freada econômica, as empresas cortam vagas para reduzir custos. Quem não perde o emprego acaba trabalhando mais, o que gera aumento na produção de cada funcionário.
Outro efeito da freada é a redução nas jornadas de trabalho. O número de horas gastas no trabalho caiu 3,8% nos três últimos meses de 2001 -a maior redução desde o primeiro trimestre de 1991. Já o custo do trabalhador caiu 2,7% no período -a maior queda desde 1999.

Ano fraco
Ao longo de todo o ano passado, a produtividade avançou apenas 1,9%, o ritmo mais lento desde 1995, quando o ganho havia sido de 0,9%. Também em 2001, o custo do trabalhador cresceu 3,8% -o maior aumento anual desde 1990.
De maneira geral, a produtividade tende a declinar durante um ciclo recessivo. No entanto ela se mostrou resistente durante o ano passado
"Isso nos lembra que o potencial de crescimento dos Estados Unidos hoje é muito maior do que costuma ser", afirmou Glassman. "Por isso o Fed está tranquilo."

Eficiência
Em seu depoimento ontem na Comissão de Finanças do Senado, Alan Greenspan afirmou que a recente perda de empregos na economia norte-americana se deve em parte ao ganho de produtividade ocorrido no passado, que tornou os trabalhadores do país mais eficientes.
"Os empregos na indústria têm caído faz tempo, não porque a indústria está desaparecendo, mas porque ocorreu um extraordinário aumento no total que cada empregado produz por hora de trabalho", afirmou Greenspan.
Senadores quiseram saber do presidente do Fed se ele não achava que a sobrevalorização do dólar em comparação com outras moedas não ajuda a explicar a perda de empregos. Greenspan se limitou a dizer: "Quando o dólar ganha força, claramente fica reduzida a capacidade de exportação."
Greenspan relativizou a questão da cotação do dólar e disse que, em seu ponto de vista, a maior eficiência explica de maneira mais coerente a redução nas vagas de trabalho na indústria do país nos últimos anos.
O otimismo de Greenspan não se traduziu em euforia nos mercados financeiros do país. O Dow Jones e a Nasdaq ficaram praticamente estáveis -ambos caíram 0,46% no pregão de ontem.



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