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MUTAÇÕES
Marina Silva (Meio Ambiente) diz que governo não pode indenizar agricultores que tenham plantações de produto ilegal
Ministra descarta soja transgênica no Brasil
Sérgio Lima/Folha Imagem
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A ministra Marina Silva (Meio Ambiente) durante entrevista |
HUMBERTO MEDINA
ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A ministra Marina Silva (Meio
Ambiente) é contra a comercialização, no mercado interno, da soja transgênica cultivada ilegalmente no Brasil na atual safra
agrícola. Segundo ela, a solução
para o escoamento dos transgênicos em 2003 seria a exportação.
Uma das medidas em estudo pelo
governo, no entanto, inclui a comercialização da soja transgênica
também no mercado interno.
Segundo a Folha apurou, será
muito difícil exportar toda a produção de soja ilegal, como quer
Marina, devido a uma questão
matemática. Se o governo quiser,
como tem anunciado, escoar a
produção ilegal de soja da atual
safra, será preciso liberar o consumo interno neste ano, afirmou
uma fonte próxima ao presidente
Luiz Inácio Lula da Silva.
"Se possível, não queremos vender nada aqui dentro", disse o ministro da Justiça, Márcio Thomaz
Bastos, para quem o governo deve
"exportar o máximo possível da
soja transgênica".
"Não podemos deixar de tentar
salvar esta safra para exportação
porque isso vale alguns milhões
de dólares", afirmou Bastos, lembrando que a proibição do plantio
e da comercialização de soja
transgênica será mantida.
Produção gaúcha
Apenas 24% da soja produzida
no Rio Grande do Sul, principal
produtor de soja transgênica, é
exportada. O restante é consumido no país. Como a maior parte
dessa produção é de soja geneticamente modificada, parte teria
de acabar na mesa do brasileiro
ou para ração animal.
A solução para o problema, segundo a Folha apurou, seria rotular os produtos transgênicos para
que os consumidores soubessem
que tipo de soja estariam comprando, segundo um das propostas em discussão no governo.
A ministra, no entanto, defende
que toda a soja geneticamente
modificada saia do país. "A legislação brasileira não permite a comercialização de soja transgênica
no Brasil. Sou a favor do cumprimento da legislação", disse.
Na quinta-feira, o governo se
reuniu para tentar dar uma solução para a safra de soja transgênica plantada ilegalmente no Brasil
-cerca de 10% da safra nacional,
de 49 milhões de toneladas.
A saída encontrada pelo governo foi a elaboração de um termo
de conduta a ser assinado com os
produtores. O termo é um instrumento jurídico no qual os produtores assumem terem cometido
uma ilegalidade e, em contrapartida, o governo tenta solucionar o
problema do que fazer com a soja.
Segundo a ministra, a "situação
ambígua do governo anterior"
em relação ao cultivo de transgênicos fez com que os produtores
tentassem praticar uma "política
de fato consumado", plantando
soja transgênica ilegalmente.
Por causa dessa "ambiguidade",
segundo a ministra, hoje existe
"um problema social, um problema econômico, que atinge diretamente as pessoas que estão envolvidas na produção agrícola no
país".
A ministra descartou a possibilidade de o governo destruir a safra de soja transgênica e depois indenizar os agricultores. "Se houve
contravenção, o Estado não pode
pagar pela contravenção."
Para ela, o termo de conduta valeria para a safra de 2003 e não poderá servir de autorização para
novas plantações de soja ou outros transgênicos. "A safra para
2004 tem que ser de soja limpa."
Colaborou Leila Suwwan,
da Sucursal de Brasília
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