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Parte da atual safra
gaúcha já foi vendida
ALESSANDRA MILANEZ
CÍNTIA CARDOSO
DA REPORTAGEM LOCAL
A despeito da decisão do governo sobre o destino da soja transgênica, parte da safra atual no Rio
Grande do Sul já foi vendida antecipadamente.
A afirmação é de Iwao Myiamoto, presidente da Aprosoja (Associação Brasileira de Produtores de
Soja), e de Almir Rebelo, do Clube
de Amigos da Terra de Tupanciretã (RS).
Segundo Rebelo, o volume já
comercializado da colheita atual
chega a 30%. A soja, diz ele, deve
ser escoada tanto no mercado externo como no interno.
"Esta já é a sexta safra transgênica do Rio Grande do Sul. Cerca de
90% das lavouras do Estado têm
transgênicos", afirma Rebelo. De
acordo com o IBGE (Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística), a safra gaúcha em 2003 deve
ficar em 7,7 milhões de toneladas.
"O que o governo pode fazer? A
soja já foi vendida antecipadamente, os agricultores já receberam, as exportadoras já se comprometeram com os clientes. Não
dá para voltar atrás. Se queimar o
que é ilegal, vai faltar produto para exportação. Se o governo não
decidir logo, os produtores vão
continuar a estocar sementes
transgênicas para o próximo
plantio, em outubro deste ano",
declara Myiamoto.
Odacir Klein, secretário da
Agricultura do Rio Grande do Sul,
diz que, apesar de não haver estatística oficial sobre a quantidade
de soja transgênica no Estado,
destruir a plantação teria "um impacto terrível sobre a economia".
Ele ressalta, porém, que o problema é nacional. Se as estimativas do Clube da Terra e da Aprosoja a respeito do volume de soja
geneticamente modificada existente no Rio Grande do Sul estiverem corretas, o prejuízo de uma
eventual destruição da safra ilegal
chegaria a US$ 1 bilhão.
O Ministério da Agricultura,
por meio de sua assessoria de imprensa, informou que nenhuma
decisão foi tomada ainda sobre o
futuro da soja transgênica desta
safra nem das próximas.
Disputa
O imbróglio judicial a respeito
dos transgênicos teve seu ponto
inicial em 1998, quando a Monsanto, multinacional que detém a
patente da soja transgênica RR,
enviou um pedido de liberação do
plantio comercial do produto à
CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança). O parecer foi favorável à empresa.
No mesmo ano, o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) e o Greenpeace conseguiram liminar proibindo a União de
liberar o plantio enquanto não
fosse regulamentada a comercialização de transgênicos no país.
Atualmente, a ação civil pública
movida pelo Idec aguarda julgamento na segunda instância. O
julgamento, que deveria ter ocorrido em 14 de fevereiro deste ano,
foi adiado por 60 dias a pedido do
Ministério do Meio Ambiente.
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