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São Paulo, sábado, 08 de março de 2003

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Parte da atual safra gaúcha já foi vendida

ALESSANDRA MILANEZ
CÍNTIA CARDOSO

DA REPORTAGEM LOCAL

A despeito da decisão do governo sobre o destino da soja transgênica, parte da safra atual no Rio Grande do Sul já foi vendida antecipadamente.
A afirmação é de Iwao Myiamoto, presidente da Aprosoja (Associação Brasileira de Produtores de Soja), e de Almir Rebelo, do Clube de Amigos da Terra de Tupanciretã (RS).
Segundo Rebelo, o volume já comercializado da colheita atual chega a 30%. A soja, diz ele, deve ser escoada tanto no mercado externo como no interno.
"Esta já é a sexta safra transgênica do Rio Grande do Sul. Cerca de 90% das lavouras do Estado têm transgênicos", afirma Rebelo. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a safra gaúcha em 2003 deve ficar em 7,7 milhões de toneladas.
"O que o governo pode fazer? A soja já foi vendida antecipadamente, os agricultores já receberam, as exportadoras já se comprometeram com os clientes. Não dá para voltar atrás. Se queimar o que é ilegal, vai faltar produto para exportação. Se o governo não decidir logo, os produtores vão continuar a estocar sementes transgênicas para o próximo plantio, em outubro deste ano", declara Myiamoto.
Odacir Klein, secretário da Agricultura do Rio Grande do Sul, diz que, apesar de não haver estatística oficial sobre a quantidade de soja transgênica no Estado, destruir a plantação teria "um impacto terrível sobre a economia".
Ele ressalta, porém, que o problema é nacional. Se as estimativas do Clube da Terra e da Aprosoja a respeito do volume de soja geneticamente modificada existente no Rio Grande do Sul estiverem corretas, o prejuízo de uma eventual destruição da safra ilegal chegaria a US$ 1 bilhão.
O Ministério da Agricultura, por meio de sua assessoria de imprensa, informou que nenhuma decisão foi tomada ainda sobre o futuro da soja transgênica desta safra nem das próximas.

Disputa

O imbróglio judicial a respeito dos transgênicos teve seu ponto inicial em 1998, quando a Monsanto, multinacional que detém a patente da soja transgênica RR, enviou um pedido de liberação do plantio comercial do produto à CTNBio (Comissão Técnica Nacional de Biossegurança). O parecer foi favorável à empresa.
No mesmo ano, o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) e o Greenpeace conseguiram liminar proibindo a União de liberar o plantio enquanto não fosse regulamentada a comercialização de transgênicos no país.
Atualmente, a ação civil pública movida pelo Idec aguarda julgamento na segunda instância. O julgamento, que deveria ter ocorrido em 14 de fevereiro deste ano, foi adiado por 60 dias a pedido do Ministério do Meio Ambiente.


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