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São Paulo, sábado, 08 de março de 2003

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ÁGUIA SEM TRABALHO

Número de cortes é o maior desde o pós-atentados de 2001; taxa de desemprego cresce para 5,8%

EUA fecham 308 mil postos de trabalho

DA REDAÇÃO

A economia norte-americana registrou, no mês passado, o maior número de fechamento de postos de trabalho desde o período logo após os atentados de 11 de setembro de 2001 -na época, o Estados Unidos viviam sua primeira recessão em dez anos. Como consequência, a taxa de desemprego voltou a subir.
Os números sobre o emprego são acompanhados de perto pelos investidores, porque, quanto maior o contingente de pessoas sem trabalho, menor tende a ser o consumo, e este representa dois terços de toda a atividade econômica dos EUA. Os índices negativos enfraqueceram ainda mais o dólar ante o euro.
Segundo números divulgados ontem pelo Departamento de Trabalho dos EUA, 308 mil vagas foram perdidas em fevereiro. O saldo entre postos criados e fechados não era tão negativo desde novembro de 2001, quando o impacto dos atentados a Nova York e Washington provocou a eliminação de 327 mil empregos.
A taxa de desemprego, que tinha ficado em 5,7% em janeiro, subiu para 5,8% da população economicamente ativa. Os analistas já esperavam um ligeiro avanço no índice, mas imaginavam que haveria uma pequena recuperação do número de postos, e não uma maciça sangria, como acabou ocorrendo.

Surpresa negativa
A secretária de Trabalho dos EUA, Elaine Chao, disse que o relatório sobre o desemprego foi "inesperado e decepcionante". Mas, para a secretária, o plano de estímulo econômico do presidente George W. Bush, se aprovado, criará 1,4 milhão de vagas.
Praticamente 2 milhões de pessoas perderam o emprego desde março de 2001, quando o total de trabalhadores ocupados atingiu seu pico. No mês passado, 8,5 milhões de pessoas estavam sem trabalho nos EUA.
O ambiente de incertezas geopolíticas e de lenta recuperação econômica impede que as empresas voltem a investir e a contratar funcionários. As companhias enxugaram drasticamente seus quadros e estão tirando o máximo dos empregados que foram mantidos, o que fez com que a produtividade norte-americana crescesse no ano passado 4,8% -o mais intenso ritmo desde 1950.
Pierre Ellis, economista da consultoria Decision Economics, em Nova York, classificou os números sobre o emprego como "catastroficamente fracos".
"Uma perda de empregos nessas proporções pode se traduzir em um sério estrago nos gastos dos consumidores", afirmou Ellis. "Uma queda no consumo colocaria a economia em recessão muito rapidamente."
Um em cada cinco desempregados norte-americanos está sem trabalhar há mais de 6 meses, de acordo com o Departamento de Trabalho. Trabalhadores desempregados há 27 semanas ou mais foram responsáveis por 22% da taxa de desemprego em fevereiro, acima do índice de 19,8% registrado em janeiro. É a maior proporção desde os 23,1% registrados em outubro de 1992.

Bolsas
O aumento no desemprego teve um efeito negativo nos mercados norte-americanos, mas, no final, prevaleceu a sensação de que o impasse em relação ao Iraque pode estar perto do fim. O índice Dow Jones da Bolsa de Nova York registrou alta de 0,86%, enquanto a Nasdaq subiu 0,18%.


Com agências internacionais


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