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Bevilaqua deixa o cargo no meio do encontro do BC
Ele participou do 1º dia de reunião do Copom, mas não do 2º, quando juro é decidido
BC afirma em nota que foi Henrique Meirelles quem "recomendou" a "efetivação da exoneração" do controverso economista
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O economista Afonso Bevilaqua teve sua exoneração do cargo de diretor de Política Econômica do Banco Central formalizada no "Diário Oficial" da
União de ontem, o que o tirou
da votação sobre a taxa de juros, apesar de o BC ter previsto
no início da semana que ele
participaria da decisão.
Principal mentor intelectual
da política conservadora do BC,
Bevilaqua anunciou na última
quinta-feira que deixaria o governo por razões pessoais. Na
ocasião, o BC divulgou que, "a
princípio", o economista participaria do voto sobre a Selic.
Bevilaqua chegou a estar presente na primeira parte da reunião do Copom, realizada anteontem, quando os diretores
avaliam a conjuntura econômica e as previsões para o comportamento de uma série de indicadores. No entanto, saiu antes de participar da segunda
parte, quando é votada a nova
taxa básica.
Como é praxe nesses casos, a
exoneração foi assinada pelo
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva. Em nota oficial, o BC afirmou que foi o presidente do órgão, Henrique Meirelles, quem
"recomendou" a "efetivação da
exoneração". O documento
afirma ainda que o diretor Mário Mesquita assumirá o cargo
em caráter definitivo. Mesquita
respondia até então pela diretoria de Estudos Especiais.
Questionada, a assessoria do
BC informou apenas que a decisão foi tomada por Meirelles
na segunda-feira, e o objetivo
foi "evitar incertezas".
Segundo a Folha ouviu junto
à equipe econômica, Meirelles
quis dissipar eventuais especulações sobre o futuro do Copom sem Bevilaqua. Potencialmente, essa dúvida poderia
permanecer no mercado até 18
de abril, quando haverá nova
votação sobre o juro.
Bevilaqua se tornou alvo de
ataques públicos do PT e, nos
bastidores, da antipatia dos setores do governo defensores de
uma queda mais rápida dos juros, liderados pelos ministros
Dilma Rousseff (Casa Civil) e
Guido Mantega (Fazenda). Os
dois defendem a nomeação de
diretores de perfil menos ortodoxos para o BC.
Indagada sobre a exoneração
de Bevilaqua, Dilma afirmou:
"Não sabia que ele participou
de metade [da reunião do Copom]. A publicação do "Diário
Oficial" [considerada normal]
foi hoje de manhã. Se ele quisesse participar [da reunião de
ontem], ele que não se exonerasse".
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