São Paulo, quinta-feira, 08 de março de 2007

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Bevilaqua deixa o cargo no meio do encontro do BC

Ele participou do 1º dia de reunião do Copom, mas não do 2º, quando juro é decidido

BC afirma em nota que foi Henrique Meirelles quem "recomendou" a "efetivação da exoneração" do controverso economista


DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O economista Afonso Bevilaqua teve sua exoneração do cargo de diretor de Política Econômica do Banco Central formalizada no "Diário Oficial" da União de ontem, o que o tirou da votação sobre a taxa de juros, apesar de o BC ter previsto no início da semana que ele participaria da decisão.
Principal mentor intelectual da política conservadora do BC, Bevilaqua anunciou na última quinta-feira que deixaria o governo por razões pessoais. Na ocasião, o BC divulgou que, "a princípio", o economista participaria do voto sobre a Selic.
Bevilaqua chegou a estar presente na primeira parte da reunião do Copom, realizada anteontem, quando os diretores avaliam a conjuntura econômica e as previsões para o comportamento de uma série de indicadores. No entanto, saiu antes de participar da segunda parte, quando é votada a nova taxa básica.
Como é praxe nesses casos, a exoneração foi assinada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Em nota oficial, o BC afirmou que foi o presidente do órgão, Henrique Meirelles, quem "recomendou" a "efetivação da exoneração". O documento afirma ainda que o diretor Mário Mesquita assumirá o cargo em caráter definitivo. Mesquita respondia até então pela diretoria de Estudos Especiais.
Questionada, a assessoria do BC informou apenas que a decisão foi tomada por Meirelles na segunda-feira, e o objetivo foi "evitar incertezas".
Segundo a Folha ouviu junto à equipe econômica, Meirelles quis dissipar eventuais especulações sobre o futuro do Copom sem Bevilaqua. Potencialmente, essa dúvida poderia permanecer no mercado até 18 de abril, quando haverá nova votação sobre o juro.
Bevilaqua se tornou alvo de ataques públicos do PT e, nos bastidores, da antipatia dos setores do governo defensores de uma queda mais rápida dos juros, liderados pelos ministros Dilma Rousseff (Casa Civil) e Guido Mantega (Fazenda). Os dois defendem a nomeação de diretores de perfil menos ortodoxos para o BC.
Indagada sobre a exoneração de Bevilaqua, Dilma afirmou: "Não sabia que ele participou de metade [da reunião do Copom]. A publicação do "Diário Oficial" [considerada normal] foi hoje de manhã. Se ele quisesse participar [da reunião de ontem], ele que não se exonerasse".


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