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Telefônica poderá operar TV via satélite
Anatel concede autorização, que estava em análise desde maio; tele terá de oferecer programação de canais públicos
Autorização enfrentou resistências de Hélio Costa; decisão poderá abrir precedente para a entrada das teles na TV paga
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Telefônica, operadora de
telefonia fixa de São Paulo, poderá oferecer serviço de TV por
assinatura via satélite em todo
o país. A autorização, em análise desde maio, foi dada ontem
pela Anatel (Agência Nacional
de Telecomunicações).
Para conseguir a autorização,
a tele teve que negociar e aceitou algumas obrigações: terá
que incluir nos seus pacotes a
programação das TVs Câmara,
Senado e Justiça e terá que oferecer, gratuitamente, um canal
para que o poder público (federal, estadual ou municipal) use
para fins educacionais. A empresa também ofereceu 2.000
aparelhos de TV (com conversores e antenas) para serem
instalados em escolas públicas.
A autorização da Telefônica
enfrentou resistências do ministro Hélio Costa (Comunicações), ligado ao setor de radiodifusão (emissoras de rádio e
TV). Costa, procurado, não se
pronunciou ontem.
Depois de tramitação longa
na agência reguladora, a autorização foi concedida pouco depois de Antônio Carlos Valente,
ex-diretor da Anatel (saiu em
junho de 2004), assumir a presidência da tele no Brasil. Valente assumiu em janeiro, substituindo Fernando Xavier.
Costa defendia que, antes
que a autorização saísse, fosse
criado um grupo para discutir a
legislação de DTH (Direct to
Home, TV por assinatura via
satélite). Hoje, a lei não cria
obstáculo para que grupos de
capital estrangeiro -como a
Telefônica, de capital espanhol- operem o serviço.
A Anatel, no entanto, não
aguardou estudos sobre legislação e concedeu a autorização
com a regulamentação atual.
"Não existe impedimento para
que nenhuma empresa entre
no mercado de DTH", disse Pedro Jaime Ziller, diretor da
agência reguladora.
Segundo Ziller, não houve
imposições à Telefônica. "Não
foi uma obrigação, foi um compromisso, que irá constar do
termo de autorização", disse.
"O bom senso prevaleceu e eles
toparam [as condições]."
Na avaliação do diretor da
agência, o canal que a Telefônica será obrigada a ofertar gratuitamente para Estados, municípios e governo federal será
muito importante para os programas de educação à distância. "Esse canal é importantíssimo para o governo."
Precedente
A decisão da Anatel pode
abrir precedente para a entrada
nas teles no serviço de TV paga.
Com o mercado de telefonia fixa estagnado, as teles querem
oferecer os chamados serviços
convergentes - linha fixa, móvel, TV por assinatura e acesso
à internet em banda larga.
A Telefônica já tem uma operadora de celular (Vivo), um
provedor de internet (Terra) e
oferece banda larga (Speedy). A
TV por assinatura estava sendo
ofertada por meio de acordo
comercial com a DTH Interactive, apenas em São Paulo.
Além disso, a tele havia comprado as operações da TVA.
A compra da Way Brasil
-operadora de TV a cabo- pela Telemar também terá que
ser analisada pela Anatel. Essa
é uma operação mais polêmica
porque a legislação das TVs a
cabo é mais restritiva que a da
DTH. A ABTA (Associação Brasileira de TV por Assinatura) já
se manifestou contra a operação. Segundo a associação, a legislação de TV a cabo não permite que uma concessionária
de telefonia tenha uma empresa de TV a cabo na mesma área
de operação.
(HUMBERTO MEDINA)
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