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Brasil tem de conter gasto para crescer, diz Fraga
DA SUCURSAL DO RIO
DA ENVIADA ESPECIAL AO RIO
O ex-presidente do Banco
Central Armínio Fraga afirmou
ontem que o país só poderá
crescer de forma sustentável se
combater o gasto público.
Fraga destacou os avanços da
economia, mas ressaltou a necessidade de investir em infra-estrutura e educação para evitar a volta de ciclos de crescimento e estagnação. "Se o Brasil não conseguir conter o crescimento do gasto público, talvez nem 5% [de expansão do
PIB] seja factível. O Brasil precisa resolver as questões de infra-estrutura, isso é consenso.
A questão é como fazer. É preciso alavancar o setor privado
com regulação, o governo deve
caminhar mais nessa direção."
Fraga elogiou o discurso do
ministro Guido Mantega e disse ter ficado muito satisfeito
em ouvir aspectos como a preocupação com investimentos e
gastos públicos de "um membro histórico do PT". Para Fraga, o país está se tornando mais
capitalista e o setor privado está sendo mais empreendedor.
Apesar das lacunas em investimentos em infra-estrutura e
da qualidade "medíocre" da
educação, ele diz que a situação
do Brasil é uma das melhores
da América Latina. "O Brasil é
hoje o queridinho do mercado
financeiro." Ele avalia que, se o
país mantiver disciplina macroeconômica, continuará sendo atraente para os mercados.
Segundo Fraga, o Brasil se
beneficiou muito do real valorizado e preços em alta de produtos com importância significativa na pauta de exportações,
mas tem condições de se adaptar a diversos cenários em razão do câmbio flutuante.
Ricardo López Murphy, da
Fundação de Investigações
Econômicas Latino-Americanas, destacou o pessimismo de
economias desenvolvidas e a
satisfação dos emergentes.
"Nós estamos nos saindo bem,
apesar das nossas políticas."
O diretor do BC da Colômbia,
Carlos Gustavo Cano, disse
que, além de enfrentar o cenário mundial menos favorável, é
possível que o desempenho
econômico do país seja prejudicado pela crise com a Venezuela. No ano passado, as exportações colombianas para o país,
que representa 17% das exportações, cresceram 93%.
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