São Paulo, sábado, 08 de março de 2008

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Brasil tem de conter gasto para crescer, diz Fraga

DA SUCURSAL DO RIO
DA ENVIADA ESPECIAL AO RIO

O ex-presidente do Banco Central Armínio Fraga afirmou ontem que o país só poderá crescer de forma sustentável se combater o gasto público.
Fraga destacou os avanços da economia, mas ressaltou a necessidade de investir em infra-estrutura e educação para evitar a volta de ciclos de crescimento e estagnação. "Se o Brasil não conseguir conter o crescimento do gasto público, talvez nem 5% [de expansão do PIB] seja factível. O Brasil precisa resolver as questões de infra-estrutura, isso é consenso. A questão é como fazer. É preciso alavancar o setor privado com regulação, o governo deve caminhar mais nessa direção."
Fraga elogiou o discurso do ministro Guido Mantega e disse ter ficado muito satisfeito em ouvir aspectos como a preocupação com investimentos e gastos públicos de "um membro histórico do PT". Para Fraga, o país está se tornando mais capitalista e o setor privado está sendo mais empreendedor.
Apesar das lacunas em investimentos em infra-estrutura e da qualidade "medíocre" da educação, ele diz que a situação do Brasil é uma das melhores da América Latina. "O Brasil é hoje o queridinho do mercado financeiro." Ele avalia que, se o país mantiver disciplina macroeconômica, continuará sendo atraente para os mercados.
Segundo Fraga, o Brasil se beneficiou muito do real valorizado e preços em alta de produtos com importância significativa na pauta de exportações, mas tem condições de se adaptar a diversos cenários em razão do câmbio flutuante.
Ricardo López Murphy, da Fundação de Investigações Econômicas Latino-Americanas, destacou o pessimismo de economias desenvolvidas e a satisfação dos emergentes. "Nós estamos nos saindo bem, apesar das nossas políticas."
O diretor do BC da Colômbia, Carlos Gustavo Cano, disse que, além de enfrentar o cenário mundial menos favorável, é possível que o desempenho econômico do país seja prejudicado pela crise com a Venezuela. No ano passado, as exportações colombianas para o país, que representa 17% das exportações, cresceram 93%.


Texto Anterior: Bancos vêem risco de excesso de regulação
Próximo Texto: Bancos: BNDES pede mais financiamento do setor privado
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.