São Paulo, segunda-feira, 08 de março de 2010

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Ação antiga da Telebrás vale mais de R$ 500

TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

"Esquecidas" até hoje por um contingente estimado de mais de 1 milhão de pessoas, as antigas ações da Telebrás compradas compulsoriamente junto com as linhas telefônicas entre 1975 e 1995 valem hoje pelo menos R$ 500.
No caso, os R$ 500 é o valor médio dos "pacotes" de ações vendidos na última semana nas agências do Banco Real por donos de linhas telefônicas da estatal que sobrou da antiga Telebrás, que subiram recentemente com os rumores de que o governo pretende ressuscitá-la para cuidar do plano nacional de internet em banda larga.
Além dessa ação, chamada no final dos anos 90 de "resíduo" da Telebras, os papéis da antiga estatal foram desdobrados em outras 12 ações em maio de 1998. Mais tarde, cada uma dessas ações mudou de nome, foi trocada ou cindida, de acordo com consolidação das teles.
O valor informado pelo Banco Real é uma média porque cada linha telefônica tinha direito a um número determinado de ações, variando de acordo com a época, localidade e preço da compra no plano de expansão.
Em nenhuma hipótese o detentor desses papéis perdeu a posse das ações, que eram nominais. A identificação é feita por CPF, RG e comprovante de endereço. Se o dono do telefone morreu, os inventariantes ficam com o direito. O acionista só perde os dividendos após três anos não reclamados.
Para saber se tem as ações, o dono da linha deve se dirigir a uma agência do Banco Real, que cuida das ações da empresa "resíduo" da Telebras, da Telefônica (antiga Telesp), da Vivo (antiga Telesp Celular), entre outras. No Real, o investidor saberá quantas ações tem e quanto valem atualmente.
A saga porém não termina aí. O dono terá ainda de ir até uma agência do Itaú e do Banco do Brasil, bancos que ficaram com as ações da Embratel e da Oi, outras duas importante telefônicas negociadas até hoje.
Segundo Eduardo Jurcevic, superintendente de Investimentos do Real/Santander, há hoje 1,7 milhão de acionistas diferentes, entre pessoas físicas e empresas, da empresa resíduo de Telebrás. Desse total, nem todos se tornaram acionistas por meio do plano de expansão.
"Meu feeling [percepção] é que muito do que está aí foi esquecido. Na dúvida, não custa ir lá na agência e ver o que tem. É difícil saber o que vai acontecer com o valor dessas ações. Não é uma empresa que tenha atividade. Não tenho nem analista que cubra essa empresa", disse.

História de abusos
A história do sistema Telebrás é marcado por sucessivos abusos e prejuízos ao acionista pessoa física, que até hoje causam constrangimentos e prejuízos às empresas de telefonia.
O primeiro deles, segundo Edson Garcia, superintendente da Amec (associação dos minoritários), foi a forma compulsória com que o governo fez os compradores de linhas telefônicas adquirem os papéis.
Depois, esses acionistas vendiam as ações, na rua, por preços fora de mercado. Finalmente, a dispersão dos acionistas "esquecidos" impediu mudanças importantes nas empresas de telefonia, como a Oi, porque requeria adesão expressiva da base de acionistas,
"Tudo que começa errado, continuando errado e termina errado. O governo dava ação de uma companhia para o usuário de um telefone, que não tinha espírito nem compromisso de acionista. É lamentável como se trata com descaso e deboche a informação que deve ser dada de forma adequada e regulada ao mercado de capitais", disse.


Texto Anterior: Participante de Ribeirão Preto segue líder em pregão virtual
Próximo Texto: Folhainvest: Bolsa pede acionista atento, diz ombudsman
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.