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França e Alemanha planejam
Fundo Monetário Europeu
Para impedir novas crises como a da Grécia e proteger o euro, os dois governos querem que a UE crie uma instituição própria como alternativa ao FMI
FMI é visto como ingerência externa no bloco; em reunião com premiê grego, Sarkozy diz que fará o necessário para que país "não fique isolado"
LUCIANA COELHO
ENVIADA ESPECIAL A BASILEIA
Nem FMI, nem pacote de
resgate, nem empréstimo. Os
principais sócios da zona do euro -a França e a Alemanha-
planejam criar um Fundo Monetário Europeu para tirar países endividados como a Grécia
do buraco, e a moeda comum,
da alça de mira do mercado.
Segundo o "Financial Times", que cita autoridades nos
dois governos, os detalhes de
um plano para reforçar a cooperação econômica e o monitoramento entre os 16 países que
adotam o euro foram apresentados pelo ministro das Finanças alemão, Wolfgang Schäuble, no fim de semana.
"Não estamos planejando
criar um concorrente para o
FMI [Fundo Monetário Internacional], mas precisamos de
uma instituição que mantenha
o equilíbrio interno da zona do
euro e que tenha à mão experiência e mecanismos de intervenção semelhantes", disse ao
jornal "Welt am Sonntag".
O FME, cujo raio de ação seria restrito ao bloco, é a principal medida proposta, mas não a
única -estão em pauta punições que vão da suspensão do
direito de voto à exclusão de linhas de crédito da UE para
quem estourar os gastos.
A ideia foi colocada em fevereiro pelos economistas Daniel
Gros, do Centro para Estudos
de Políticas Europeias (Bruxelas), e Thomas Mayer, do
Deutsche Bank. Na época, Gros
disse à Folha que a instituição
poderia ser criada e se tornar
operante em até seis semanas.
"Você precisa de uma decisão
do Conselho Europeu [de líderes da UE] para criar o fundo,
depois pô-lo sob controle do
grupo do euro e, por fim, usar a
instrumentação de um organismo de implementação."
Para Gros, o mecanismo funcionaria melhor que outros da
UE "porque seria automático e
não precisaria de decisões em
outras instâncias". Ademais,
por ser um instrumento criado
nos parâmetros europeus e
com a contribuição de todos os
países, o FME teria mais influência sobre os governos endividados locais do que o FMI,
visto como ingerência externa.
Paris acenou positivamente
ontem, quando o premiê grego,
George Papandreou, se reuniu
com Nicolas Sarkozy. O presidente francês foi mais incisivo
sobre ajudar o país em crise do
que Angela Merkel, que recebera Papandreou na sexta. Mas
ele disse estar em total consonância com a chanceler alemã.
Uma ação para resgatar Atenas visa sobretudo fortalecer o
euro, cuja cotação cai ante o
risco de contaminação da região se a Grécia quebrar. "Se a
Grécia precisar de ajuda, estaremos lá", afirmou Sarkozy.
"Os principais atores no palco
europeu estão decididos a fazer
o que for necessário para a Grécia não ficar isolada."
O presidente francês também elogiou o governo do socialista Papandreou pela terceira leva de medidas fiscais
em cinco meses, anunciada na
semana passada. Com um deficit orçamentário em 12,7% do
PIB que precisa cair a 2,8% até
2013, a Grécia quer economizar 4,8 bilhões neste ano.
O arrocho prevê subir impostos, congelar pensões e reduzir o 13º e o 14º salários. Apesar da greve geral convocada na
quinta, pesquisa no país expõe
uma população cindida: o
apoio às medidas é de 46,6%, e
a oposição, de 47,9%.
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