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São Paulo, terça-feira, 08 de abril de 2003

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Demanda externa aumenta os preços internos

DA REDAÇÃO

O Brasil vive um período atípico neste ano. Em plena safra, os preços dos principais cereais, como arroz, milho, feijão e soja, estão em alta -ou sem força para cair. Até o leite, que tradicionalmente despenca no período da safra, se manteve com preços elevados.
No cenário interno, os produtos que mais se destacam são arroz, feijão e milho, líderes de aumentos. Problemas climáticos provocaram atraso no plantio do arroz em pelo menos 80% da área destinada ao produto no Rio Grande do Sul. A colheita está atrasada, e os preços, em plena safra, voltaram a subir na semana passada no Sul do país.
Ausência de estoques reguladores nesta entressafra, a possibilidade de queda na safra e a estimativa de oferta menor de produto da Argentina e do Uruguai estão sustentando os preços. Além disso, os produtores elevaram seus preços até os limites da paridade da importação. O dólar caro inibe as importações, puxando o valor do produto nacional. Há três anos, uma saca de arroz neste período do ano estava a R$ 12. Agora, está a R$ 25.
O feijão, sempre com a oferta no limite do consumo, é outro produto que subiu muito nos últimos anos. Problemas climáticos no período de plantio da safra 2002/3 e agora no momento da colheita impediram uma oferta maior. Sem estoques no mercado, os preços dispararam. A saca está por volta de R$ 120 no campo, contra R$ 24 há três anos. Os preços do arroz e do feijão podem sofrer os efeitos, ainda, dos programas da área social do governo.
O milho, produto de maior preocupação do governo neste momento porque desencadeia pressões generalizadas sobre vários outros setores produtivos, vem perdendo lugar para a soja nos últimos anos na safra de verão. Apesar de um aumento da produtividade, a oferta diminuiu e os preços dispararam. As exportações também fizeram o produto -que até há poucos anos tinha como referência apenas o mercado interno- passar a ter como referência os preços internacionais.
No cenário internacional, a grande vedete do momento é a soja. A produção mundial teve aumento de 30 milhões de toneladas em poucos anos e, mesmo assim, os preços continuam se valorizando. Um dos motivos é a sede insaciável da China pelo produto. Importadora de 5 milhões de toneladas na década de 90, as compras atuais do país já somam 17 milhões de toneladas por ano. A soja deve continuar com preços elevados nos próximos dois anos.
O trigo também teve boa valorização no mercado interno, principalmente porque houve forte quebra de safra nos principais produtores mundiais no ano passado. Os estoques caíram e os preços chegaram a subir 44% em dólar. Neste início de ano, com perspectivas melhores de produção, recuaram.
O governo brasileiro quer incentivar o plantio desse produto e corrigiu os preços mínimos em 40% no Sul. Acontece que o plantio de trigo e de milho safrinha no Paraná , o maior produtor nacional desses dois cereais, é excludente. O produtor deve optar por apenas um deles, mas o país necessita de aumento de safra dos dois.
O cacau é outro produto que teve forte valorização no mercado internacional e que está afetando o bolso dos brasileiros via aumento de preço dos chocolates. O Brasil, um dos líderes nesse mercado até a década de 80, teve sua produção reduzida, o que diminuiu a oferta mundial, elevando os preços internacionais.
Na safra de 99, a produção mundial superava os 3 milhões de toneladas. Neste ano, poderá ficar abaixo de 2,8 milhões de toneladas. (MZ)


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