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Demanda externa aumenta os preços internos
DA REDAÇÃO
O Brasil vive um período atípico neste ano. Em plena safra, os
preços dos principais cereais, como arroz, milho, feijão e soja, estão em alta -ou sem força para
cair. Até o leite, que tradicionalmente despenca no período da safra, se manteve com preços elevados.
No cenário interno, os produtos
que mais se destacam são arroz,
feijão e milho, líderes de aumentos. Problemas climáticos provocaram atraso no plantio do arroz
em pelo menos 80% da área destinada ao produto no Rio Grande
do Sul. A colheita está atrasada, e
os preços, em plena safra, voltaram a subir na semana passada no
Sul do país.
Ausência de estoques reguladores nesta entressafra, a possibilidade de queda na safra e a estimativa de oferta menor de produto
da Argentina e do Uruguai estão
sustentando os preços. Além disso, os produtores elevaram seus
preços até os limites da paridade
da importação. O dólar caro inibe
as importações, puxando o valor
do produto nacional. Há três
anos, uma saca de arroz neste período do ano estava a R$ 12. Agora, está a R$ 25.
O feijão, sempre com a oferta no
limite do consumo, é outro produto que subiu muito nos últimos
anos. Problemas climáticos no
período de plantio da safra 2002/3
e agora no momento da colheita
impediram uma oferta maior.
Sem estoques no mercado, os preços dispararam. A saca está por
volta de R$ 120 no campo, contra
R$ 24 há três anos. Os preços do
arroz e do feijão podem sofrer os
efeitos, ainda, dos programas da
área social do governo.
O milho, produto de maior
preocupação do governo neste
momento porque desencadeia
pressões generalizadas sobre vários outros setores produtivos,
vem perdendo lugar para a soja
nos últimos anos na safra de verão. Apesar de um aumento da
produtividade, a oferta diminuiu
e os preços dispararam. As exportações também fizeram o produto
-que até há poucos anos tinha
como referência apenas o mercado interno- passar a ter como
referência os preços internacionais.
No cenário internacional, a
grande vedete do momento é a
soja. A produção mundial teve
aumento de 30 milhões de toneladas em poucos anos e, mesmo assim, os preços continuam se valorizando. Um dos motivos é a sede
insaciável da China pelo produto.
Importadora de 5 milhões de toneladas na década de 90, as compras atuais do país já somam 17
milhões de toneladas por ano. A
soja deve continuar com preços
elevados nos próximos dois anos.
O trigo também teve boa valorização no mercado interno, principalmente porque houve forte
quebra de safra nos principais
produtores mundiais no ano passado. Os estoques caíram e os preços chegaram a subir 44% em dólar. Neste início de ano, com perspectivas melhores de produção,
recuaram.
O governo brasileiro quer incentivar o plantio desse produto e
corrigiu os preços mínimos em
40% no Sul. Acontece que o plantio de trigo e de milho safrinha no
Paraná , o maior produtor nacional desses dois cereais, é excludente. O produtor deve optar por
apenas um deles, mas o país necessita de aumento de safra dos
dois.
O cacau é outro produto que teve forte valorização no mercado
internacional e que está afetando
o bolso dos brasileiros via aumento de preço dos chocolates. O Brasil, um dos líderes nesse mercado
até a década de 80, teve sua produção reduzida, o que diminuiu a
oferta mundial, elevando os preços internacionais.
Na safra de 99, a produção
mundial superava os 3 milhões de
toneladas. Neste ano, poderá ficar
abaixo de 2,8 milhões de toneladas.
(MZ)
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