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CRISE NO AR
Empresa diz que apresentará proposta ao BNDES na próxima semana e chama calote de "linha de crédito" dos credores
Varig pede "carência" para fornecedores
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Varig pretende apresentar ao
BNDES, na próxima semana,
uma proposta para que o banco
estatal possa ajudar a empresa a
sair da crise atual. Ontem, o presidente da aérea, Marcelo Bottini,
pediu a ajuda do governo na negociação com os credores.
Em reunião com o ministro
Waldir Pires (Defesa), Bottini
apresentou pedido feito aos fornecedores da empresa para suspender, durante o período de baixa estação, o pagamento das dívidas -qualificada pelo presidente
da Varig como "período de carência".
Essa carência foi definida por
ele como uma "linha de crédito".
Na prática, seria como se os fornecedores da Varig estivessem fazendo um empréstimo à empresa.
"Nós viemos falar da proposta
que fizemos aos nossos fornecedores para que nós pudéssemos
criar uma linha de crédito para a
Varig na baixa estação", disse
Bottini. "Ele [Waldir Pires] ouviu
atentamente, ele conhece muito
bem a Varig. O ministro Waldir
Pires é um grande cliente da Varig. O conheço do tempo de Salvador, nós o conhecemos de antigamente", afirmou Bottini, ao sair
da reunião.
US$ 200 milhões
Ainda de acordo com ele, a proposta foi feita aos credores há
uma semana e meia e eles estão
analisando. No total, a Varig deixaria de pagar aproximadamente
US$ 200 milhões, sendo cerca de
US$ 70 milhões de empresas estatais, como BR Distribuidora (fornecedora do combustível) e Infraero (administradora dos aeroportos). Os principais credores
privados da Varig são os arrendadores dos aviões que a empresa
usa.
"Nós teríamos uma linha de
crédito por um determinado tempo, que varia para cada credor,
para que nós criássemos essa
ponte entre a baixa estação e a alta
estação, enquanto o processo de
captura de investidores não está
concluído", disse Bottini. Para a
Infraero e para os arrendadores
de aviões, a carência seria de três
meses. Para a BR Distribuidora,
de dois meses. Junto com a "linha
de crédito", a Varig adotaria medidas de redução de custo.
Parada
Bottini descartou a possibilidade de a empresa parar de funcionar. "Diziam muito que ia parar
ontem [quinta-feira]. Eu quero
dizer a vocês que eu vim [a Brasília] de Varig. Os vôos da Varig estão saindo", afirmou. "A linha de
crédito vai sair. Nós não temos só
essa frente. Eu não tenho a menor
dúvida de que a Varig não vai parar".
Ele minimizou os cancelamentos de vôos. "Existem vôos cancelados todos os dias. A Varig cancela vôos, outras empresas cancelam vôos. Alguns cancelamentos
são feitos em nome da própria segurança do vôo. Às vezes o avião
tem algum problema e não pode
sair naquele horário, e nós não vamos manter passageiros horas esperando isso, então nós preferimos cancelar e reprogramar para
outro horário", disse.
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