São Paulo, sábado, 08 de abril de 2006

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CRISE NO AR

Empresa diz que apresentará proposta ao BNDES na próxima semana e chama calote de "linha de crédito" dos credores

Varig pede "carência" para fornecedores

HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Varig pretende apresentar ao BNDES, na próxima semana, uma proposta para que o banco estatal possa ajudar a empresa a sair da crise atual. Ontem, o presidente da aérea, Marcelo Bottini, pediu a ajuda do governo na negociação com os credores.
Em reunião com o ministro Waldir Pires (Defesa), Bottini apresentou pedido feito aos fornecedores da empresa para suspender, durante o período de baixa estação, o pagamento das dívidas -qualificada pelo presidente da Varig como "período de carência".
Essa carência foi definida por ele como uma "linha de crédito". Na prática, seria como se os fornecedores da Varig estivessem fazendo um empréstimo à empresa.
"Nós viemos falar da proposta que fizemos aos nossos fornecedores para que nós pudéssemos criar uma linha de crédito para a Varig na baixa estação", disse Bottini. "Ele [Waldir Pires] ouviu atentamente, ele conhece muito bem a Varig. O ministro Waldir Pires é um grande cliente da Varig. O conheço do tempo de Salvador, nós o conhecemos de antigamente", afirmou Bottini, ao sair da reunião.

US$ 200 milhões
Ainda de acordo com ele, a proposta foi feita aos credores há uma semana e meia e eles estão analisando. No total, a Varig deixaria de pagar aproximadamente US$ 200 milhões, sendo cerca de US$ 70 milhões de empresas estatais, como BR Distribuidora (fornecedora do combustível) e Infraero (administradora dos aeroportos). Os principais credores privados da Varig são os arrendadores dos aviões que a empresa usa.
"Nós teríamos uma linha de crédito por um determinado tempo, que varia para cada credor, para que nós criássemos essa ponte entre a baixa estação e a alta estação, enquanto o processo de captura de investidores não está concluído", disse Bottini. Para a Infraero e para os arrendadores de aviões, a carência seria de três meses. Para a BR Distribuidora, de dois meses. Junto com a "linha de crédito", a Varig adotaria medidas de redução de custo.

Parada
Bottini descartou a possibilidade de a empresa parar de funcionar. "Diziam muito que ia parar ontem [quinta-feira]. Eu quero dizer a vocês que eu vim [a Brasília] de Varig. Os vôos da Varig estão saindo", afirmou. "A linha de crédito vai sair. Nós não temos só essa frente. Eu não tenho a menor dúvida de que a Varig não vai parar".
Ele minimizou os cancelamentos de vôos. "Existem vôos cancelados todos os dias. A Varig cancela vôos, outras empresas cancelam vôos. Alguns cancelamentos são feitos em nome da própria segurança do vôo. Às vezes o avião tem algum problema e não pode sair naquele horário, e nós não vamos manter passageiros horas esperando isso, então nós preferimos cancelar e reprogramar para outro horário", disse.


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