São Paulo, sábado, 08 de abril de 2006

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FINANÇAS

PF diz que já ouviu 24 pessoas

Defesa busca acesso a inquérito de banco suíço

MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O desembargador federal Cotrim Guimarães, do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, irá recorrer à corregedoria da Polícia Federal se os delegados que atuam na investigação sobre o Credit Suisse continuarem a negar que advogados dos investigados tenham acesso ao inquérito.
A decisão do desembargador, proferida anteontem, atendeu a um pedido de liminar apresentado pelos advogados Alberto Zacharias Toron e Carla Domenico.
Eles não conseguiram consultar os autos do caso apesar de terem em mãos uma outra liminar do mesmo desembargador que liberava o acesso à documentação.
Os advogados defendem um gerente do escritório de "private banking" do Credit Suisse em São Paulo que está sob investigação por suspeita de lavagem de dinheiro, crime contra o sistema financeiro e formação de quadrilha. Uma das suspeitas da PF é que o escritório fazia remessas de dólares para o exterior. A última liminar suspendeu o interrogatório desse gerente, agendada para as 16h de anteontem.
A primeira liminar, concedida na última quarta-feira, estabelecia que um cliente de Toron e Domenico só poderia ser ouvido depois de os advogados terem acesso ao inquérito.
Os delegados da Polícia Federal não permitiram acesso aos autos sob a alegação de que a liminar não contemplava o inquérito ao qual os advogados queriam consultar, porque a numeração era diferente.
Toron e Domenico classificaram a alegação dos delegados de "manobra ardilosa, para não dizer canhestra".
A reportagem da Folha não conseguiu entrar em contato com a assessoria de comunicação da PF em São Paulo. Às 17h40 e às 19h30 de ontem, ninguém atendia o telefone fixo nem o celular dessa divisão.
O desembargador determinou que os advogados devem ter acessos aos autos 48 horas antes de o cliente deles ser ouvido pela PF.

Ameaça ao presidente
A PF divulgou uma nota ontem com um balanço sobre a chamada Operação Suíça e uma ameaça. No balanço, a polícia informa que foram ouvidas 24 pessoas, nove das quais eram funcionários administrativos do escritório e sete, gerentes.
Um dos gerentes é o economista suíço Peter Schaffener, responsável na Suíça pelo escritório no Brasil. Schaffener foi preso no último dia 22, numa sala VIP do aeroporto de Cumbica, quando tentava embarcar para a Suíça. Para a PF, o economista tentava fugir do país. Ele foi liberado pela polícia no último dia 31.
Ele teria tentado fugir um dia depois de a PF realizar uma operação de busca e apreensão no escritório do Credit, na avenida Faria Lima, na zona oeste de São Paulo, e na casa de quatro gerentes do "private banking". Seis gerentes do escritório tiveram os passaportes apreendidos.
Na nota, a PF ameaça convocar o presidente do banco Credit Suisse no Brasil, Antonio Carlos Quintela.
O Credit Suisse é o maior banco de investimentos do país, segundo ranking do jornal "Valor Econômico", e cuidou do lançamento de ações na Bolsa de empresas como o site Submarino, das lojas Renner e da usina Cosan.
O escritório de "private banking" e o banco de investimentos não tem qualquer relação, de acordo com o banco. Tanto que o escritório de "private banking" era subordinado à Suíça.
O Credit Suisse informou por meio de sua assessoria que "reafirma sua disposição em colaborar com as autoridades nas investigações em curso".
A PF informa ainda que pode "convidar" diretores do banco na Suíça para prestar esclarecimentos sobre o escritório no Brasil.


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