|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
FINANÇAS
PF diz que já ouviu 24 pessoas
Defesa busca acesso a inquérito de banco suíço
MARIO CESAR CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
O desembargador federal Cotrim Guimarães, do Tribunal Regional Federal da 3ª Região, irá recorrer à corregedoria da Polícia
Federal se os delegados que
atuam na investigação sobre o
Credit Suisse continuarem a negar que advogados dos investigados tenham acesso ao inquérito.
A decisão do desembargador,
proferida anteontem, atendeu a
um pedido de liminar apresentado pelos advogados Alberto Zacharias Toron e Carla Domenico.
Eles não conseguiram consultar
os autos do caso apesar de terem
em mãos uma outra liminar do
mesmo desembargador que liberava o acesso à documentação.
Os advogados defendem um gerente do escritório de "private
banking" do Credit Suisse em São
Paulo que está sob investigação
por suspeita de lavagem de dinheiro, crime contra o sistema financeiro e formação de quadrilha. Uma das suspeitas da PF é
que o escritório fazia remessas de
dólares para o exterior. A última
liminar suspendeu o interrogatório desse gerente, agendada para
as 16h de anteontem.
A primeira liminar, concedida
na última quarta-feira, estabelecia
que um cliente de Toron e Domenico só poderia ser ouvido depois
de os advogados terem acesso ao
inquérito.
Os delegados da Polícia Federal
não permitiram acesso aos autos
sob a alegação de que a liminar
não contemplava o inquérito ao
qual os advogados queriam consultar, porque a numeração era
diferente.
Toron e Domenico classificaram a alegação dos delegados de
"manobra ardilosa, para não dizer canhestra".
A reportagem da Folha não
conseguiu entrar em contato com
a assessoria de comunicação da
PF em São Paulo. Às 17h40 e às
19h30 de ontem, ninguém atendia
o telefone fixo nem o celular dessa
divisão.
O desembargador determinou
que os advogados devem ter acessos aos autos 48 horas antes de o
cliente deles ser ouvido pela PF.
Ameaça ao presidente
A PF divulgou uma nota ontem
com um balanço sobre a chamada
Operação Suíça e uma ameaça.
No balanço, a polícia informa que
foram ouvidas 24 pessoas, nove
das quais eram funcionários administrativos do escritório e sete,
gerentes.
Um dos gerentes é o economista
suíço Peter Schaffener, responsável na Suíça pelo escritório no
Brasil. Schaffener foi preso no último dia 22, numa sala VIP do aeroporto de Cumbica, quando tentava embarcar para a Suíça. Para a
PF, o economista tentava fugir do
país. Ele foi liberado pela polícia
no último dia 31.
Ele teria tentado fugir um dia
depois de a PF realizar uma operação de busca e apreensão no escritório do Credit, na avenida Faria Lima, na zona oeste de São
Paulo, e na casa de quatro gerentes do "private banking". Seis gerentes do escritório tiveram os
passaportes apreendidos.
Na nota, a PF ameaça convocar
o presidente do banco Credit
Suisse no Brasil, Antonio Carlos
Quintela.
O Credit Suisse é o maior banco
de investimentos do país, segundo ranking do jornal "Valor Econômico", e cuidou do lançamento
de ações na Bolsa de empresas como o site Submarino, das lojas
Renner e da usina Cosan.
O escritório de "private banking" e o banco de investimentos
não tem qualquer relação, de
acordo com o banco. Tanto que o
escritório de "private banking"
era subordinado à Suíça.
O Credit Suisse informou por
meio de sua assessoria que "reafirma sua disposição em colaborar com as autoridades nas investigações em curso".
A PF informa ainda que pode
"convidar" diretores do banco na
Suíça para prestar esclarecimentos sobre o escritório no Brasil.
Texto Anterior: Outro lado: Advogado afirma representar grupo em disputa Próximo Texto: Preços: Inflação estável não deve tirar cautela do BC Índice
|