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PREÇOS
IPCA sobe 0,43% em março, ante 0,41% no mês anterior; para analistas, pressão menor no custo de vida não muda ritmo do juro
Inflação estável não deve tirar cautela do BC
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
O IPCA (Índice de Preços ao
Consumidor Amplo) ficou em
0,43% em março, resultado próximo ao registrado em fevereiro
(0,41%), segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em 12 meses, o índice foi
de 5,32%, o menor desde maio de
2004 (5,15%). No primeiro trimestre, a alta foi de 1,44%.
Apesar de os dados mostrarem
inflação sob controle e concentrada em poucos itens -no caso de
março, em combustíveis- e as
perspectivas apontarem para taxas declinantes nos próximos meses, especialistas não acreditam
que o Banco Central vá intensificar o corte na Selic.
A expectativa é que o Copom
(Comitê de Política Monetária)
reduza em 0,75 ponto percentual
a taxa de juro em suas duas próximas reuniões (18 e 19 deste mês e
30 e 31 de maio), mantendo o ritmo das últimas decisões. Hoje, a
Selic está em 16,5% ao ano.
Alexandre Sant'Anna, economista da ARX Capital, diz que o
"cenário prospectivo para a inflação é bastante benigno", sem
pressões visíveis de demanda e
com a contribuição positiva do
câmbio. Em abril e maio, ele prevê
que o IPCA fique na casa de
0,30%. "O segundo trimestre deve
ser o de menor inflação no ano."
Passada a entressafra da cana-de-açúcar, as pressões dos reajustes do álcool (12,85%) e da gasolina (2,78%) -que subiu com a redução da mistura do álcool de
25% para 20% em sua composição- devem cessar em abril. "Já
há uma antecipação da safra, e o
álcool deve apresentar deflação
em abril e maio, com impacto na
gasolina", prevê Raphael Castro,
economista da LCA.
Para Marcela Prada, da Tendências, não existem evidências de
que o aquecimento da demanda
irá pressionar os preços. Castro,
da LCA, lembra que a indústria
tem capacidade para elevar produção sem aumentar preços. Os
bens duráveis (móveis e eletrodomésticos), afetados diretamente
pelos efeitos da política monetária, registraram deflação pelo segundo mês seguido em março, de
acordo com Sant'Anna.
Abaixo do centro da meta
Com todos esses fatores, além
do fato de os alimentos continuarem em queda no atacado, as consultorias esperam um IPCA no
ano até abaixo do centro da meta
oficial -de 4,5%, com intervalo
de dois pontos para cima ou para
baixo. A Tendências prevê 4,1%.
Entretanto, o BC, dizem os economistas, manterá o conservadorismo e não acelerará a redução
dos juros. "Pelas sinalizações das
atas [do Copom], o BC vai agir
com cautela e manter o gradualismo", afirmou Marcela Prada.
Castro e Sant'Anna compartilham da mesma opinião.
A escassez de cana-de-açúcar já
fez o litro do álcool subir 27,54%
neste ano, provocando, sob efeito
indireto, a elevação de 4,60% da
gasolina. Em algumas áreas, o litro do álcool já encosta no preço
do derivado de petróleo. Em Porto Alegre, a diferença é de R$ 0,20.
Juntos, as altas de álcool e gasolina representaram 67% da variação do IPCA em março -0,29
ponto percentual. "A variação do
índice ficou concentrada nesses
produtos", disse Eulina Nunes
dos Santos, chefe da Coordenação
de Índices de Preços do IBGE.
Na contramão dos combustíveis, os alimentos registraram deflação de 0,24% em março e devem manter taxas negativas nos
próximos meses, estimam os especialistas. A principal queda ficou com o frango -12,15% em
março. Já a carne caiu 1,34% no
mês passado.
Sob efeito da gripe aviária, que
reduziu o consumo no mundo e
fez exportadores brasileiros cancelarem embarques, causando a
sobra do produto no mercado, o
frango já registra queda de 19,98%
no ano.
Influenciados pela desvalorização do real, cederam os preços do
pão francês (0,49%) e do óleo de
soja (0,40%) em março.
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