São Paulo, sábado, 08 de abril de 2006

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VIZINHO

Acordo com produtores e frigoríficos inclui 11 cortes populares; em troca, restrição às exportações será diminuída

Argentina congela preço da carne por um ano

DE BUENOS AIRES

O governo argentino fechou acordo com produtores e frigoríficos para baixar e congelar por um ano o preço de 11 cortes populares de carne. Em troca, a Casa Rosada anunciou que diminuirá as restrições à exportação do produto, que estão proibidas desde 13 de março.
É mais uma tentativa de entendimento entre o governo Néstor Kirchner e o setor, que desde o ano passado têm uma relação tensa. Kirchner acusa os empresários de favorecerem o mercado externo e causarem a alta do preço do produto na Argentina.
O controle de preços dos cortes populares foi anunciado na noite de quinta-feira, na presença de representantes de toda a cadeia e da ministra da Economia, Felisa Miceli. Foi uma vitória política de Kirchner na queda-de-braço com os pecuaristas e exportadores, já que o fim da proibição das exportações não foi anunciado ao mesmo tempo e ficou condicionado à efetiva à queda de preços.
Segundo analistas do mercado, o acordo de congelamento deve chegar ao consumidor na semana que vem e representará uma queda de 20%, em média, no valor dos cortes.

Preços em alta
Mesmo com a exportação vetada, a carne aumentou 3,4% em março, mais que a inflação geral (1,2%). No primeiro trimestre, a inflação geral do país foi de 2,9%, menor que os 4% do mesmo período de 2005. Os argentinos são os maiores consumidores de carne per capita do mundo (em janeiro foi de 62,3 kg por pessoa), e a alta também impactou na cesta básica, cujo preço avançou 1,8% no período.
O produto subiu 21,3% em 2005, enquanto o índice geral de inflação foi 12,3% -o maior dos últimos três anos.
De acordo com o texto assinado, se o preço cair, o governo argentino liberará a exportação de maneira limitada. Cada empresa poderá vender ao exterior no segundo trimestre deste ano o equivalente a 50% do que exportou no mesmo período de 2005. No ano passado, as exportações do produto foram recorde (venderam US$ 1,4 bilhão).

Grupo de trabalho
O governo também atendeu a um pedido do setor: foi criado um grupo de trabalho para discutir um plano de expansão da atividade. Apesar da crescente demanda interna, com a recuperação do poder aquisitivo depois da crise, e externa, com abertura de mercados e a febre aftosa no Brasil, o rebanho argentino é praticamente o mesmo há 30 anos.
(FLÁVIA MARREIRO)


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