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Novidades já integram dia-a-dia das Redações
Bloomberg
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Fachada do novo prédio do "New York Times", em Nova York |
DE WASHINGTON
Em setembro, o "New York
Times" anunciou em suas páginas a contratação de um executivo. Nenhuma novidade, é prática do jornal mais influente do
mundo publicar textos sobre a
movimentação interna da empresa que o edita. Não fosse o
cargo do recém-contratado:
"futurólogo-residente".
O ocupante é Michael Rogers, ex-diretor de novas mídias da empresa que edita o
"Washington Post" e ex-gerente-geral do site da revista semanal "Newsweek". Mas foi a empresa Practical Futurist (futurólogo prático), criada por ele
em 2004, e a coluna semanal
homônima que assina no site
MSNBC que chamaram a atenção de Arthur Sulzberger Jr., o
editor do "NYT".
A função de Rogers é desenvolver novas estratégias para o
site do jornal e pensar em inovações para outros produtos da
empresa -o jornal à frente, é
claro. É um dos exemplos nítidos do que o relatório "O Estado da Mídia" fala quando se refere a busca por inovações.
No "Los Angeles Times", foi
criada uma editoria de jornalistas investigativos para investigar o futuro do jornalismo, comandada pelo "Innovation
Editor" (editor de inovação).
A primeira conclusão e recomendação do time -fruto de
estudo batizado de "Spring
Street Project" e apelidado pelos detratores de "Manhattan
Project", alusão aos cientistas
reunidos pelos EUA que desenvolveriam a bomba atômica- é
que o jornal devia unificar urgentemente as Redações da
versão em papel e on-line.
O "L.A. Times" pretende fazer até o final do ano a integração total, uma Redação que
funcione 24 horas com lema
"Dê o furo na internet, faça a
análise no papel" ("Break it on
the web, expand it on the
print"). Outra recomendação é
um uso maior dos recursos
multimídia, como os blogs e a
produção de vídeos.
O último é a menina-dos-olhos de Sulzberger, do "New
York Times". A seu pedido, repórteres levam câmeras de vídeo digitais ou pequenas equipes que as operam em pautas
especiais, com objetivo de fazer
a reportagem impressa ser
acompanhada de um vídeo na
versão on-line da mesma.
Hoje, o site põe no ar 25 vídeos desse tipo por semana,
mas a produção cresce. Há um
curso de treinamento para uso
da câmera, que todos os jornalistas da Redação farão até
2008; novos usos são testados,
como vídeos-declarações que
acompanham as tradicionais
foto-reportagens de casamento
no caderno "Sunday Styles".
A idéia vem pegando também nas revistas. Nos últimos
dias, a Time Inc., que edita 130
títulos, anunciou inauguração
de um estúdio para que seus
jornalistas produzam conteúdo
para os sites de suas publicações, revistas como "Time",
"Fortune", "Sports Illustrated"
e "Entertainment Weekly".
Outra novidade envolve o
chamado "jornalismo-cidadão": a participação de leitores
na produção de notícias ou de
imagens noticiosas. Em San
Francisco, na Califórnia, o site
de notícias Topix anunciou na
segunda que será editado por
leitores-voluntários.
Iniciativa semelhante vem
do Assignment Zero, colaboração entre a revista "Wired" e
um site experimental de jornalismo dirigido por um professor da Universidade de NY.
Além disso, o conglomerado
Gannett, que edita 90 jornais,
como o "USA Today", quer
transformar Redações em
"centros de informação" 24 h,
receptores de todos os leitores.
Se o entusiasmo pelo leitor
participativo é grande, as críticas também o são. No mesmo
"Los Angeles Times", uma ação
do tipo na editoria de opinião
foi abortada após semanas pela
falta de qualidade em geral dos
textos e pelo predomínio de artigos insultosos.
Andrew Keen, um dos mais
ferrenhos críticos da internet,
escreve no inédito "The Cult of
the Amateur - How Today's Internet is Killing our Culture"
("Culto ao Amador -Como a Internet de Hoje Está Matando
nossa Cultura", a sair em junho), que "jornalismo-cidadão" e ações parecidas estimulam a "ditadura dos idiotas".
Em entrevista ao site I Want
Media, Michael Rogers, do
"NYT", revelou: "Parece banal,
mas o básico ainda vale. Tudo
começa com repórteres, redatores e editores que sabem reconhecer e contar uma boa história. Sem eles, não faz diferença quão incríveis são as novidades tecnológicas".
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