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análise
Medidas podem reforçar atuação do BC com juros
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Anunciar cortes de algumas despesas de um lado e,
do outro, elevar o volume geral dos gastos não ajuda a
amenizar o ritmo atual de
crescimento da economia
-que tanto tem assustado o
Banco Central- e muito menos a coordenar as expectativas do mercado financeiro.
Ao contrário, poderá reforçar o papel dos juros como
instrumento soberano para
conter o consumo, que tem
pressionado os preços.
A idéia de fazer um corte
maior do que o anunciado
inicialmente no Orçamento
deste ano tinha como objetivo reafirmar o compromisso
do governo com o equilíbrio
das contas públicas, sinalizando que uma das fontes de
estímulo para economia estaria sendo mais calibrada.
A tese foi defendida pelo
ministro Guido Mantega
(Fazenda) como uma alternativa a um aumento dos juros no curtíssimo prazo (na
reunião do Comitê de Política Monetária da semana que
vem) e surgiu depois que o
Copom reforçou o discurso
de que poderia elevar a Selic
já neste mês. Avaliava-se que
isso teria um impacto pequeno na demanda, mas enorme
nas expectativas dos agentes
financeiros e empresários.
O pano de fundo da disputa que se travou a partir daí
na equipe econômica são os
diferentes diagnósticos que
Fazenda e BC têm sobre a
trajetória da inflação nos
próximos 12 meses. O BC demonstrou claramente suas
preocupações com o impacto
que a combinação de reajustes salariais, aumento do salário mínimo, gastos do PAC
(Programa de Aceleração do
Crescimento), expansão do
emprego e crescimento econômico terá no IPCA do ano.
A Fazenda acredita que as
pressões atuais na inflação se
dissiparão ainda neste semestre e que o BC pode avaliar melhor o cenário antes
de optar por uma alta dos juros, considerada balde de
água fria no apetite das empresas para investir.
Com isso, a proposta defendida por Mantega era reter ganhos adicionais de arrecadação nos cofres da
União, em vez de transformá-los em novos gastos. Segundo esse raciocínio, isso
daria um pouco mais de tempo para o BC analisar os desdobramentos do atual nível
de crescimento da economia.
Mesmo com essa promessa, o BC já não parecia tão satisfeito, e as apostas no mercado de que haverá elevação
dos juros na semana que vem
cresceram. Agora, se essa
contribuição fiscal não vier
ou ficar muito abaixo do necessário para tranqüilizar o
Copom, os opositores dentro
do governo ao conservadorismo do BC entregarão de
bandeja para o presidente
Henrique Meirelles e sua
equipe motivos para justificarem uma alta da taxa Selic.
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