São Paulo, terça-feira, 08 de abril de 2008

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Aneel investiga CPFL por compra de energia

Agência quer apurar se distribuidora lesou consumidor ao cobrar por energia mais cara comprada de empresa do grupo

Procurador da agência de energia federal vê prejuízo a clientes; CPFL, que atua no interior de SP, diz que agiu de forma preventiva

HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) decidiu abrir um processo de fiscalização na CPFL Paulista (distribuidora que atende 3,3 milhões de clientes no interior de São Paulo). O objetivo é apurar se a distribuidora tentou lesar seus consumidores, vendendo a eles energia mais cara.
Conforme análise feita pela agência, a CPFL Paulista comprou energia cara no mercado de curto prazo porque preferiu privilegiar, em seus contratos, uma comercializadora do mesmo grupo econômico, a CPFL Brasil.
Para a Aneel, a distribuidora "não observou as melhores práticas do ponto de vista de uma concessionária de serviço público".
Ontem, na análise do processo de revisão tarifária da concessionária, a agência reguladora não repassou para as tarifas os custos da compra dessa energia -aproximadamente R$ 80 milhões. O entendimento da agência foi o de que, por se tratar de um relacionamento entre empresas do mesmo grupo, a CPFL Paulista poderia ter renegociado seus contratos com a CPFL Brasil.
A Aneel estranhou que, nos primeiros meses de 2007, quando o preço no mercado de curto prazo da energia estava baixo, a distribuidora da CPFL Paulista tenha preferido comprar energia com preços de seus contratos bilaterais (com outras geradoras), mais caros naquele momento.
Mais para o final do ano, as chuvas não foram suficientes para encher os reservatórios das hidrelétricas, e o preço da energia no mercado subiu, refletindo um risco maior de racionamento. Justamente nesse período, a distribuidora CPFL comprou energia mais cara.
Durante a reunião de diretoria na qual o assunto foi tratado, a Procuradoria da Aneel opinou no sentido de que não poderia haver repasse para o consumidor desse custo.
"A CPFL atuou em prejuízo do consumidor, mesmo tendo mecanismos para evitar", disse Ricardo Brandão, procurador-substituto da Aneel.


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