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Aneel investiga CPFL por compra de energia
Agência quer apurar se distribuidora lesou consumidor ao cobrar por energia mais cara comprada de empresa do grupo
Procurador da agência de energia federal vê prejuízo a clientes; CPFL, que atua no interior de SP, diz que agiu de forma preventiva
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Aneel (Agência Nacional de
Energia Elétrica) decidiu abrir
um processo de fiscalização na
CPFL Paulista (distribuidora
que atende 3,3 milhões de
clientes no interior de São Paulo). O objetivo é apurar se a distribuidora tentou lesar seus
consumidores, vendendo a eles
energia mais cara.
Conforme análise feita pela
agência, a CPFL Paulista comprou energia cara no mercado
de curto prazo porque preferiu
privilegiar, em seus contratos,
uma comercializadora do mesmo grupo econômico, a CPFL
Brasil.
Para a Aneel, a distribuidora
"não observou as melhores práticas do ponto de vista de uma
concessionária de serviço público".
Ontem, na análise do processo de revisão tarifária da concessionária, a agência reguladora não repassou para as tarifas os custos da compra dessa
energia -aproximadamente
R$ 80 milhões. O entendimento da agência foi o de que, por se
tratar de um relacionamento
entre empresas do mesmo grupo, a CPFL Paulista poderia ter
renegociado seus contratos
com a CPFL Brasil.
A Aneel estranhou que, nos
primeiros meses de 2007,
quando o preço no mercado de
curto prazo da energia estava
baixo, a distribuidora da CPFL
Paulista tenha preferido comprar energia com preços de
seus contratos bilaterais (com
outras geradoras), mais caros
naquele momento.
Mais para o final do ano, as
chuvas não foram suficientes
para encher os reservatórios
das hidrelétricas, e o preço da
energia no mercado subiu, refletindo um risco maior de racionamento. Justamente nesse
período, a distribuidora CPFL
comprou energia mais cara.
Durante a reunião de diretoria na qual o assunto foi tratado, a Procuradoria da Aneel
opinou no sentido de que não
poderia haver repasse para o
consumidor desse custo.
"A CPFL atuou em prejuízo
do consumidor, mesmo tendo
mecanismos para evitar", disse
Ricardo Brandão, procurador-substituto da Aneel.
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