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Mesmo na crise, energia sobe mais de 20% em SP
Alta do dólar e maior uso de termelétricas geram alta para interior de SP, MG e MT
Diretor de agência do setor vê necessidade de mudança do cálculo; outras regiões devem ter altas de tarifa, inclusive a capital de SP
HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A tarifa de energia de 3,4 milhões de consumidores atendidos pela CPFL Paulista em 234
municípios no interior de São
Paulo aumenta mais de 20%
hoje. Para os clientes residenciais, o reajuste é de 20,19%.
Para a indústria, chega a 24,8%.
A alta do dólar e a utilização
de termelétricas -que geram
energia mais cara que a das hidrelétricas- provocaram elevação do índice. Nos últimos 12
meses, a inflação acumulada
pelo IPCA ficou em 5,9%.
Os aumentos ocorrem em
momento de queda da demanda (que tenderia a reduzir preços) e de crise para os consumidores industriais, o que levou o
diretor-geral da Aneel (Agência
Nacional de Energia Elétrica),
Nelson Hubner, a propor mudança no cálculo da tarifa.
"Estamos fomentando de novo o ciclo inflacionário por conta das características do reajuste. Essa legislação [que calcula
a tarifa] tem que ser discutida
mais amplamente", afirmou
Hubner, ex-ministro de Minas
e Energia do governo Lula.
Também haverá aumento
para os clientes da Cemig (MG)
e da Cemat (MT). No caso da
distribuidora mineira, a maior
do país, com 6,7 milhões de
clientes, o aumento para os
consumidores residenciais será
de 4,87% e, para a indústria, de
até 15,07%. Os consumidores
mato-grossenses terão altas de
11,75% (para residências) até
20,4% (para indústrias).
Dólar e Itaipu
A desvalorização do real em
relação ao dólar afetou a tarifa
por conta da energia comprada
da hidrelétrica de Itaipu, cotada na moeda norte-americana.
Do total do reajuste médio de
21,56% da CPFL Paulista, 4,23
pontos percentuais se devem a
Itaipu. No período de um ano, o
dólar subiu de cerca de R$ 1,7
para R$ 2,2. Além da elevação
da moeda diante do real, o próprio preço da energia de Itaipu
também subiu em dólar.
Outro item importante foi a
geração de usinas termelétricas
ao longo do ano passado, quando foram acionadas para evitar
o esvaziamento dos reservatórios das hidrelétricas.
As termelétricas têm custo
mais alto para o consumidor
porque geram energia queimando combustíveis fósseis
-óleo, carvão ou gás natural.
Essas usinas respondem por
4,2 pontos percentuais no reajuste feito pela CPFL Paulista.
Subsídios, como os concedidos a consumidores de baixa
renda e cooperativas ou destinados à geração de fontes alternativas de energia, são 2,2 pontos percentuais do total.
Próximos reajustes
A alta do dólar e o uso das termelétricas deverão pressionar
para cima os índices de reajuste
de todas as distribuidoras das
regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste ao longo deste ano.
Em São Paulo, as próximas
alterações nas tarifas são da
Eletropaulo (4 de julho), Elektro (27 de agosto), Bandeirante
e Piratininga (23 de agosto).
A alta aplicada a partir de hoje acabou com os ganhos dos
consumidores em 2008, quando, após processo de revisão, a
tarifa residencial da CPFL Paulista teve queda de 18,18%, e a
industrial, de até 21,92%.
O processo de revisão, no entanto, é diferente do reajuste.
Ocorre, em média, de quatro
em quatro anos, quando a
Aneel analisa a estrutura de
custos da distribuidora e estabelece a tarifa para remunerar
o investimento. Como no ano
passado os custos de capital
(taxa de juros) estavam mais
baixos do que na última revisão, houve redução.
Colaborou LORENNA RODRIGUES , da Folha
Online , em Brasília.
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