São Paulo, quarta-feira, 08 de abril de 2009

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Mesmo na crise, energia sobe mais de 20% em SP

Alta do dólar e maior uso de termelétricas geram alta para interior de SP, MG e MT

Diretor de agência do setor vê necessidade de mudança do cálculo; outras regiões devem ter altas de tarifa, inclusive a capital de SP


HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A tarifa de energia de 3,4 milhões de consumidores atendidos pela CPFL Paulista em 234 municípios no interior de São Paulo aumenta mais de 20% hoje. Para os clientes residenciais, o reajuste é de 20,19%. Para a indústria, chega a 24,8%.
A alta do dólar e a utilização de termelétricas -que geram energia mais cara que a das hidrelétricas- provocaram elevação do índice. Nos últimos 12 meses, a inflação acumulada pelo IPCA ficou em 5,9%.
Os aumentos ocorrem em momento de queda da demanda (que tenderia a reduzir preços) e de crise para os consumidores industriais, o que levou o diretor-geral da Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), Nelson Hubner, a propor mudança no cálculo da tarifa.
"Estamos fomentando de novo o ciclo inflacionário por conta das características do reajuste. Essa legislação [que calcula a tarifa] tem que ser discutida mais amplamente", afirmou Hubner, ex-ministro de Minas e Energia do governo Lula.
Também haverá aumento para os clientes da Cemig (MG) e da Cemat (MT). No caso da distribuidora mineira, a maior do país, com 6,7 milhões de clientes, o aumento para os consumidores residenciais será de 4,87% e, para a indústria, de até 15,07%. Os consumidores mato-grossenses terão altas de 11,75% (para residências) até 20,4% (para indústrias).

Dólar e Itaipu
A desvalorização do real em relação ao dólar afetou a tarifa por conta da energia comprada da hidrelétrica de Itaipu, cotada na moeda norte-americana. Do total do reajuste médio de 21,56% da CPFL Paulista, 4,23 pontos percentuais se devem a Itaipu. No período de um ano, o dólar subiu de cerca de R$ 1,7 para R$ 2,2. Além da elevação da moeda diante do real, o próprio preço da energia de Itaipu também subiu em dólar.
Outro item importante foi a geração de usinas termelétricas ao longo do ano passado, quando foram acionadas para evitar o esvaziamento dos reservatórios das hidrelétricas.
As termelétricas têm custo mais alto para o consumidor porque geram energia queimando combustíveis fósseis -óleo, carvão ou gás natural.
Essas usinas respondem por 4,2 pontos percentuais no reajuste feito pela CPFL Paulista. Subsídios, como os concedidos a consumidores de baixa renda e cooperativas ou destinados à geração de fontes alternativas de energia, são 2,2 pontos percentuais do total.

Próximos reajustes
A alta do dólar e o uso das termelétricas deverão pressionar para cima os índices de reajuste de todas as distribuidoras das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste ao longo deste ano. Em São Paulo, as próximas alterações nas tarifas são da Eletropaulo (4 de julho), Elektro (27 de agosto), Bandeirante e Piratininga (23 de agosto).
A alta aplicada a partir de hoje acabou com os ganhos dos consumidores em 2008, quando, após processo de revisão, a tarifa residencial da CPFL Paulista teve queda de 18,18%, e a industrial, de até 21,92%.
O processo de revisão, no entanto, é diferente do reajuste. Ocorre, em média, de quatro em quatro anos, quando a Aneel analisa a estrutura de custos da distribuidora e estabelece a tarifa para remunerar o investimento. Como no ano passado os custos de capital (taxa de juros) estavam mais baixos do que na última revisão, houve redução.


Colaborou LORENNA RODRIGUES , da Folha Online , em Brasília.


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