São Paulo, quarta-feira, 08 de abril de 2009

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Empresas criticam reajuste de energia em momento de crise

Associação diz que alta na tarifa é excessiva e que indústria e comércio podem demitir

Representantes de grandes consumidores e entidades de defesa do consumidor pedem revisão do cálculo do reajuste da conta de luz


VERENA FORNETTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

O reajuste da energia elétrica aprovado ontem pela Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) diminuirá a competitividade das empresas brasileiras em meio à crise e pode obrigar as organizações a demitir trabalhadores, de acordo com representantes de grandes consumidores, como indústrias e empresários do comércio.
Ricardo Lima, presidente-executivo da Abrace (associação de grandes consumidores de energia), afirma que onerar as empresas neste momento, quando há retração da atividade econômica, pode obrigar as organizações a demitir. "Não dá para dizer que o aumento da energia elétrica foi abusivo porque seguiu a lei, mas certamente foi excessivo. Ele deve causar perda de mercado e aumento do desemprego", disse ele.
Lima destaca que, para os grandes consumidores, não há a alternativa de evitar o aumento dos custos migrando para o mercado livre, em que o consumidor não precisa comprar da distribuidora e pode contratar diretamente a geradora ou quem tiver energia sobrando.
Segundo Lima, a baixa oferta nesse mercado -causada pelo último leilão no segmento- encareceu os preços e tornou o mercado livre menos atrativo.
A associação que representa os shopping centers, a Abrasce, também afirma que o reajuste terá impacto expressivo. Segundo o diretor-executivo da associação, Luiz Fernando Veiga, o custo da energia elétrica representa de 15% a 20% dos gastos com condomínio. "Estamos vivendo um momento de aperto em todas as direções. É claro que um aumento de 20% em cima disso traz consequencias", disse Veiga.
Para o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), é preciso rever a metodologia para determinar os reajustes tarifários, opção que já foi mencionada pelo presidente da Aneel. A Pro-Teste, associação de defesa do consumidor, também defende a revisão.
Marcos Pó, assessor técnico do Idec, diz que a taxa pune excessivamente o consumidor. "Quando os reajustes ultrapassam o limite do razoável, a Aneel deve rever a metodologia que determina o aumento."
Maria Inês Dolci, coordenadora da ProTeste e colunista da Folha, destaca que o consumidor residencial é prejudicado duas vezes, com o reajuste direto na sua conta de luz e com o repasse do aumento dos custos para os produtos que a indústria e o varejo devem fazer.


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