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Empresas criticam reajuste de energia em momento de crise
Associação diz que alta na tarifa é excessiva e que indústria e comércio podem demitir
Representantes de grandes consumidores e entidades de defesa do consumidor pedem revisão do cálculo
do reajuste da conta de luz
VERENA FORNETTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA
O reajuste da energia elétrica
aprovado ontem pela Aneel
(Agência Nacional de Energia
Elétrica) diminuirá a competitividade das empresas brasileiras em meio à crise e pode obrigar as organizações a demitir
trabalhadores, de acordo com
representantes de grandes consumidores, como indústrias e
empresários do comércio.
Ricardo Lima, presidente-executivo da Abrace (associação de grandes consumidores
de energia), afirma que onerar
as empresas neste momento,
quando há retração da atividade econômica, pode obrigar as
organizações a demitir. "Não
dá para dizer que o aumento da
energia elétrica foi abusivo porque seguiu a lei, mas certamente foi excessivo. Ele deve causar
perda de mercado e aumento
do desemprego", disse ele.
Lima destaca que, para os
grandes consumidores, não há
a alternativa de evitar o aumento dos custos migrando para o
mercado livre, em que o consumidor não precisa comprar da
distribuidora e pode contratar
diretamente a geradora ou
quem tiver energia sobrando.
Segundo Lima, a baixa oferta
nesse mercado -causada pelo
último leilão no segmento-
encareceu os preços e tornou o
mercado livre menos atrativo.
A associação que representa
os shopping centers, a Abrasce,
também afirma que o reajuste
terá impacto expressivo. Segundo o diretor-executivo da
associação, Luiz Fernando Veiga, o custo da energia elétrica
representa de 15% a 20% dos
gastos com condomínio. "Estamos vivendo um momento de
aperto em todas as direções. É
claro que um aumento de 20%
em cima disso traz consequencias", disse Veiga.
Para o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), é preciso rever a metodologia para determinar os reajustes tarifários, opção que já
foi mencionada pelo presidente da Aneel. A Pro-Teste, associação de defesa do consumidor, também defende a revisão.
Marcos Pó, assessor técnico
do Idec, diz que a taxa pune excessivamente o consumidor.
"Quando os reajustes ultrapassam o limite do razoável, a
Aneel deve rever a metodologia
que determina o aumento."
Maria Inês Dolci, coordenadora da ProTeste e colunista da
Folha, destaca que o consumidor residencial é prejudicado
duas vezes, com o reajuste direto na sua conta de luz e com o
repasse do aumento dos custos
para os produtos que a indústria e o varejo devem fazer.
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