São Paulo, quarta-feira, 08 de abril de 2009

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Ônibus abre guerra de tarifa com setor aéreo

Viação oferece passagens a R$ 10 para trechos como São Paulo-Porto Alegre em resposta a promoções agressivas de voos

Apenas três assentos por veículo terão a tarifa mais econômica na Itapemirim; taxa média de ocupação caiu a 67% com fim do verão


JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

As empresas de ônibus começaram a empregar as mesmas estratégias usadas pelas companhias aéreas para atrair passageiros em período de crise e início da baixa temporada. A Itapemirim lançou nesta semana uma campanha com venda de passagens por R$ 10 para trechos como São Paulo-Porto Alegre, Curitiba-Rio e Rio-Porto Alegre, entre outros.
A promoção segue os moldes das campanhas anunciadas pelas empresas aéreas, com número limitado de assentos. Cada ônibus conta, em média, com 42 poltronas. Apenas três serão ofertadas com preços que variam de R$ 10 a R$ 11,50. Outros seis assentos terão preços mais em conta, mas bem mais próximos da tarifa cheia. Em média, cada ônibus terá 21% de poltronas mais baratas.
Na rota Campinas-Porto Alegre, por exemplo, a tarifa cheia é de R$ 192. Além das três poltronas vendidas a R$ 11,50, três custarão R$ 143,50 e outras três serão vendidas a R$ 155,50. Segundo Ronaldo Fassarella, da Itapemirim, o setor ainda não foi afetado pela crise, mas a ideia é aumentar a ocupação na baixa temporada. Em janeiro, a empresa registrou taxa de 80%. Em março, caiu para 67%.
"Para o setor rodoviário, isso é inovador. Queremos mexer com o mercado até junho. Se der certo, vamos incluir outras linhas." A Itapemirim tem frota de 1.200 ônibus e transporta 3,5 milhões de pessoas/ano.
Já a viação 1001 lançou tarifas promocionais em número limitado de assentos para as rotas Rio-São Paulo e Niterói-São Paulo em ônibus executivo e leito. A empresa oferece redução de tarifas de 3% a 5% e descontos extras para os primeiros a comprar poltronas de primeira classe. A linha Rio-São Paulo, por exemplo, sai por R$ 95 no valor promocional.
De acordo com dados da FGV (Fundação Getulio Vargas), as empresas de ônibus ainda têm espaço para cortar tarifas. Nos últimos 12 meses, as passagens subiram 4,27%.
De janeiro a março, acumulam alta de 1,61%. As passagens estavam subindo mês a mês desde novembro, mas, em março, os preços ficaram praticamente estáveis. "Se o preço do diesel abaixar, acompanhando o barril de petróleo, pode haver mais espaço para recuo nas passagens de ônibus", diz André Braz, economista da FGV.
Nos últimos meses, as companhias aéreas têm adotado promoções em que afirmam oferecer tarifas iguais ou compatíveis com as de ônibus.
Para Leonel Rossi, diretor da Abav (Associação Brasileira de Agentes de Viagens), a promoção da Itapemirim representa uma estratégia de marketing.
"Sem dúvida é uma resposta às grandes promoções do setor aéreo. É sadio porque beneficia o passageiro. Quando alguém vende um bilhete por R$ 10, ainda que em assentos limitados, está chamando a atenção para o produto. Nesse momento de crise, toda a cadeia turística precisa oferecer vantagens para o consumidor."


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