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Indústria cresce só no segundo semestre, diz CNI
CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A suspensão da queda de juros
em abril deverá piorar os resultados da indústria no segundo trimestre, conforme previsão da
CNI (Confederação Nacional da
Indústria). De janeiro a março, o
desempenho da indústria já foi
negativo em todos os indicadores
mensais da entidade.
Na comparação com o mesmo
período de 2001, os dados do primeiro trimestre mostram queda
de 1,35% nas vendas reais (descontada a inflação). Também foram registradas quedas no índice
de pessoal empregado (1,05%),
nas horas trabalhadas (1,14%) e
nos salários pagos (0,95%).
Para o segundo semestre, porém, a CNI espera um desempenho melhor do que o obtido no
ano passado. A expectativa é que
o PIB (Produto Interno Bruto) da
indústria cresça entre 1,5% e 2%
no ano. Em 2001, o aumento do
PIB industrial foi de 0,6% com relação a 2000.
A inversão no segundo semestre é esperada porque nos seis primeiros meses de 2001 a economia
estava mais aquecida do que no
segundo semestre, quando a taxa
de juros e de câmbio subiram e o
cenário econômico internacional
piorou.
Mas, de acordo com a coordenadora-adjunta da divisão de Política Econômica da CNI, Simone
Saisse, a projeção de crescimento
do PIB industrial só se concretizará se forem mantidos os níveis
atuais das taxas de câmbio e de juros, hoje em 18,5% ao ano.
Segundo Saisse, o resultado negativo do primeiro trimestre deste
ano ainda não reflete a mudança
da política econômica do Banco
Central, que interrompeu, em
abril, a queda de juros iniciada em
fevereiro.
"Com espaço menor para diminuir os juros e a inflação batendo
no teto fixado pelo governo, de
5,5%, as perspectivas não são de
melhoras nos próximos meses",
disse Saisse.
Na avaliação da economista, o
governo deveria ter aproveitado a
estabilidade do fim do ano passado para baixar os juros. Com isso,
acredita, os resultados do primeiro trimestre seriam melhores e
haveria mais otimismo para os
próximos meses.
Mesmo negativo, o desempenho do primeiro trimestre refletiu
fatores importantes do fim do ano
passado e início de 2002, como a
queda de 0,5% na taxa de juros,
em fevereiro e março, o fim do racionamento de energia em março
e a estabilidade da taxa de câmbio,
que voltou a subir nas últimas semanas.
Segundo Saisse, a decisão do governo de abandonar a trajetória
de queda da taxa de juros será observada nos próximos meses.
"Sem aumento nos salários e sem
crédito não há espaço para o aumento do consumo."
A partir de agora, acredita ela, o
desempenho da indústria vai depender muito mais da evolução
dos investimentos e do consumo.
Em relação a fevereiro, os dados
de março mostram redução de
3,76% mas vendas, quando retirados os efeitos sazonais. Melhoraram em 0,45% e 0,94% os indicadores de pessoal empregado e de
salários reais (descontada inflação), respectivamente.
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