São Paulo, quarta-feira, 08 de maio de 2002

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Indústria cresce só no segundo semestre, diz CNI

CLÁUDIA DIANNI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A suspensão da queda de juros em abril deverá piorar os resultados da indústria no segundo trimestre, conforme previsão da CNI (Confederação Nacional da Indústria). De janeiro a março, o desempenho da indústria já foi negativo em todos os indicadores mensais da entidade.
Na comparação com o mesmo período de 2001, os dados do primeiro trimestre mostram queda de 1,35% nas vendas reais (descontada a inflação). Também foram registradas quedas no índice de pessoal empregado (1,05%), nas horas trabalhadas (1,14%) e nos salários pagos (0,95%).
Para o segundo semestre, porém, a CNI espera um desempenho melhor do que o obtido no ano passado. A expectativa é que o PIB (Produto Interno Bruto) da indústria cresça entre 1,5% e 2% no ano. Em 2001, o aumento do PIB industrial foi de 0,6% com relação a 2000.
A inversão no segundo semestre é esperada porque nos seis primeiros meses de 2001 a economia estava mais aquecida do que no segundo semestre, quando a taxa de juros e de câmbio subiram e o cenário econômico internacional piorou.
Mas, de acordo com a coordenadora-adjunta da divisão de Política Econômica da CNI, Simone Saisse, a projeção de crescimento do PIB industrial só se concretizará se forem mantidos os níveis atuais das taxas de câmbio e de juros, hoje em 18,5% ao ano.
Segundo Saisse, o resultado negativo do primeiro trimestre deste ano ainda não reflete a mudança da política econômica do Banco Central, que interrompeu, em abril, a queda de juros iniciada em fevereiro.
"Com espaço menor para diminuir os juros e a inflação batendo no teto fixado pelo governo, de 5,5%, as perspectivas não são de melhoras nos próximos meses", disse Saisse.
Na avaliação da economista, o governo deveria ter aproveitado a estabilidade do fim do ano passado para baixar os juros. Com isso, acredita, os resultados do primeiro trimestre seriam melhores e haveria mais otimismo para os próximos meses.
Mesmo negativo, o desempenho do primeiro trimestre refletiu fatores importantes do fim do ano passado e início de 2002, como a queda de 0,5% na taxa de juros, em fevereiro e março, o fim do racionamento de energia em março e a estabilidade da taxa de câmbio, que voltou a subir nas últimas semanas.
Segundo Saisse, a decisão do governo de abandonar a trajetória de queda da taxa de juros será observada nos próximos meses. "Sem aumento nos salários e sem crédito não há espaço para o aumento do consumo."
A partir de agora, acredita ela, o desempenho da indústria vai depender muito mais da evolução dos investimentos e do consumo.
Em relação a fevereiro, os dados de março mostram redução de 3,76% mas vendas, quando retirados os efeitos sazonais. Melhoraram em 0,45% e 0,94% os indicadores de pessoal empregado e de salários reais (descontada inflação), respectivamente.



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