São Paulo, quarta-feira, 08 de maio de 2002

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CONJUNTURA

Venda de carros cai 12,5% e a de TVs piora em relação à Copa de 98

Consumidor evita carros e TVs e compra alimentos

ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL

As montadoras venderam 12,5% menos carros no mês passado do que em abril de 2001. Os fabricantes de TVs entregaram às lojas 7% menos aparelhos do que na última Copa. E se as empresas de embalagem, que atendem vários setores da economia, esperam bons resultados, isso ocorre basicamente por causa do setor de alimentos -com um dos melhores desempenhos do ano.
Conclusão: o setor de alimentos mantém o bom desempenho de 2001, enquanto as empresas de bens duráveis patinam em busca da recuperação.
Dados da Abia, entidade que representa as empresas da área alimentícia, mostram que a produção do setor cresceu 2,2% no primeiro trimestre. Só a Sadia vendeu 12,7% a mais em março. Foram R$ 341 milhões em faturamento registrados no caixa do grupo, auxiliados pela exportação. Analistas dizem que o setor não perderá o fôlego tão cedo.
Por uma razão: o brasileiro decidiu continuar a comprar mais alimentos. Embora mais baratos.
"Há um movimento de troca de marcas e de produtos, mas a venda não cai", diz Denis Ribeiro, coordenador do Departamento de Economia da Abia. "Não estamos indo mal, não, muito pelo contrário", afirma.
Nem todos podem dizer o mesmo. Fabricantes de plásticos -que fornecem o produto para vários setores da economia-"começaram o ano muito mal", diz Merheg Cachum, presidente da Abiplast, associação do setor. O bom desempenho do setor de bens não-duráveis (alimentos) segurou apenas em parte o desempenho da área. Mas a associação informa que houve uma tentativa de recuperação do setor nos últimos dois meses.
"Tivemos um abril um pouco melhor em comparação aos outros meses, mas nada demais", afirma Cachum. "Eu sou um otimista, mas sei que nem todos os setores estão se recuperando", diz Fábio Mestriner, presidente da Abre, do setor de embalagens.
Os mais afetados são automóveis e eletroeletrônicos, altamente dependentes de crescimento na renda e de crédito disponível na praça para novas compras. Em 2001, por exemplo, o consumo por habitante da população brasileira foi 1,3% menor do que no ano anterior, apesar de a economia do país ter crescido 1,51%.

Novos números
Dados apresentados ontem pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) mostram que houve queda de 12,5% nas vendas em abril em relação a igual período de 2001. A produção está praticamente estável (elevação de 0,6%). A Volkswagen vendeu 16,4% a menos carros no mês passado em comparação com 2001. A Fiat, 14%. O estoque do setor cresceu de 149,5 mil unidades em março, para 150,2 mil no último mês.
A "salvação" tem sido a exportação, que cresceu 3,1% no mesmo período. O que não ajudou muito, porém, no crescimento da produção nos primeiros quatro meses do ano -queda de 6,5%.
"Estamos aos poucos nos recuperando do desastre do segundo semestre de 2001", afirmou Ricardo Carvalho, presidente da Anfavea. Segundo ele, em comparação com março, as vendas da indústria para as concessionária no mês passado foram um pouco melhores -elevação de 1,7%.
Levantamento da Eletros mostra que as vendas de TVs não deslancham nesta Copa do Mundo, em comparação com a Copa de 1998. Foram vendidos em março 7% mais aparelhos do que em março de 2002 -mês em que as fábricas entregam a primeira parte dos pedidos do varejo.
O reflexo desse desempenho pode ser percebido nas prateleiras das lojas. Pesquisa do Bic Banco, finalizada no mês passado, mostra que o comércio varejista está com vendas abaixo do esperado. O Índice de Desempenho do Faturamento ficou em 39 pontos no primeiro trimestre. Abaixo de 50 pontos é um resultado classificado como decepcionante.
Ainda segundo a pesquisa, que ouviu 115 companhias no país, 35,8% das empresas estavam com faturamento abaixo do previsto em março. E 22,9% com desempenho melhor que o esperado.



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