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CONJUNTURA
Venda de carros cai 12,5% e a de TVs piora em relação à Copa de 98
Consumidor evita carros e TVs e compra alimentos
ADRIANA MATTOS
DA REPORTAGEM LOCAL
As montadoras venderam
12,5% menos carros no mês passado do que em abril de 2001. Os
fabricantes de TVs entregaram às
lojas 7% menos aparelhos do que
na última Copa. E se as empresas
de embalagem, que atendem vários setores da economia, esperam bons resultados, isso ocorre
basicamente por causa do setor
de alimentos -com um dos melhores desempenhos do ano.
Conclusão: o setor de alimentos
mantém o bom desempenho de
2001, enquanto as empresas de
bens duráveis patinam em busca
da recuperação.
Dados da Abia, entidade que representa as empresas da área alimentícia, mostram que a produção do setor cresceu 2,2% no primeiro trimestre. Só a Sadia vendeu 12,7% a mais em março. Foram R$ 341 milhões em faturamento registrados no caixa do
grupo, auxiliados pela exportação. Analistas dizem que o setor
não perderá o fôlego tão cedo.
Por uma razão: o brasileiro decidiu continuar a comprar mais
alimentos. Embora mais baratos.
"Há um movimento de troca de
marcas e de produtos, mas a venda não cai", diz Denis Ribeiro,
coordenador do Departamento
de Economia da Abia. "Não estamos indo mal, não, muito pelo
contrário", afirma.
Nem todos podem dizer o mesmo. Fabricantes de plásticos
-que fornecem o produto para
vários setores da economia-"começaram o ano muito mal", diz
Merheg Cachum, presidente da
Abiplast, associação do setor. O
bom desempenho do setor de
bens não-duráveis (alimentos) segurou apenas em parte o desempenho da área. Mas a associação
informa que houve uma tentativa
de recuperação do setor nos últimos dois meses.
"Tivemos um abril um pouco
melhor em comparação aos outros meses, mas nada demais",
afirma Cachum. "Eu sou um otimista, mas sei que nem todos os
setores estão se recuperando", diz
Fábio Mestriner, presidente da
Abre, do setor de embalagens.
Os mais afetados são automóveis e eletroeletrônicos, altamente
dependentes de crescimento na
renda e de crédito disponível na
praça para novas compras. Em
2001, por exemplo, o consumo
por habitante da população brasileira foi 1,3% menor do que no
ano anterior, apesar de a economia do país ter crescido 1,51%.
Novos números
Dados apresentados ontem pela
Anfavea (Associação Nacional
dos Fabricantes de Veículos Automotores) mostram que houve
queda de 12,5% nas vendas em
abril em relação a igual período de
2001. A produção está praticamente estável (elevação de 0,6%).
A Volkswagen vendeu 16,4% a
menos carros no mês passado em
comparação com 2001. A Fiat,
14%. O estoque do setor cresceu
de 149,5 mil unidades em março,
para 150,2 mil no último mês.
A "salvação" tem sido a exportação, que cresceu 3,1% no mesmo período. O que não ajudou
muito, porém, no crescimento da
produção nos primeiros quatro
meses do ano -queda de 6,5%.
"Estamos aos poucos nos recuperando do desastre do segundo
semestre de 2001", afirmou Ricardo Carvalho, presidente da Anfavea. Segundo ele, em comparação
com março, as vendas da indústria para as concessionária no mês
passado foram um pouco melhores -elevação de 1,7%.
Levantamento da Eletros mostra que as vendas de TVs não deslancham nesta Copa do Mundo,
em comparação com a Copa de
1998. Foram vendidos em março
7% mais aparelhos do que em
março de 2002 -mês em que as
fábricas entregam a primeira parte dos pedidos do varejo.
O reflexo desse desempenho
pode ser percebido nas prateleiras
das lojas. Pesquisa do Bic Banco,
finalizada no mês passado, mostra que o comércio varejista está
com vendas abaixo do esperado.
O Índice de Desempenho do Faturamento ficou em 39 pontos no
primeiro trimestre. Abaixo de 50
pontos é um resultado classificado como decepcionante.
Ainda segundo a pesquisa, que
ouviu 115 companhias no país,
35,8% das empresas estavam com
faturamento abaixo do previsto
em março. E 22,9% com desempenho melhor que o esperado.
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