São Paulo, quarta-feira, 08 de maio de 2002

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Risco está na economia, não em Lula, diz Delfim

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os principais indicadores da economia estão em vias de deterioração, pois o país está murchando. Essa, segundo o deputado federal e economista Antonio Delfim Netto (PPB), seria uma das principais causas do aumento do risco Brasil nas últimas semanas, medido pelos "spreads" (taxas de risco) pagos pelos títulos da dívida externa brasileira. Ontem o risco Brasil fechou em 906 pontos, mesmo patamar da véspera.
A questão política, ou seja, o crescimento do pré-candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva, nas pesquisas eleitorais não teria o peso que os analistas de mercado vêm dando, segundo ele. "Senão, como se explica que o risco-país do Chile e do México subiram na mesma proporção que o do Brasil, cerca de 15%, no último mês?"
Delfim Netto observa que a relação entre os "spreads" pagos pelos três países é mais ou menos constante. "O "spread" do Brasil, é 6,5 vezes o do Chile e 3,5 vezes o do México há muito tempo", diz. O que ocorreu no último mês, na sua opinião, foi um aumento do risco dos mercados emergentes e não apenas do Brasil. "Se continuar a deterioração dos nossos indicadores econômicos, as agências de rating [que haviam melhorado a nota do país em março" vão rebaixar nossa classificação."
Segundo Delfim Netto, a queda de 11% das exportações e de 21% nas importações, demonstra que a economia está enfraquecendo e que dificilmente o crescimento de 2% do PIB, projetado pelo governo para este ano, se realizará. A inflação anualizada está em 7,6% há seis meses, acima da meta firmada como FMI.
Para analistas de mercado, entretanto, o crescimento do risco-país nas duas últimas semanas deve ser, sim, atribuído ao "efeito Lula". "Os mercados temem uma vitória do PT e troca de comando da economia", diz Walter Mendes, diretor da Schroder Brasil.



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