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FÓRUM NACIONAL
País precisa se inserir mais no comércio mundial, diz Pastore
"Crescimento sustentado está longe"
ÉRICA FRAGA
ENVIADA ESPECIAL AO RIO
O Brasil ainda está longe de entrar em uma rota que leve ao crescimento econômico sustentado.
Faltam maior rigor no corte de
despesas por parte do governo federal, a realização de uma reforma tributária e uma inserção melhor do país no comércio mundial.
Essa foi a opinião defendida ontem pelo economista e ex-presidente do Banco Central Affonso
Celso Pastore durante as discussões do segundo dia do 14º Fórum
Nacional, organizado pelo economista e ex-ministro Reis Velloso.
O tema deste ano do Fórum, realizado na sede do BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social), é "O Brasil e
a Economia do Conhecimento".
"Embora a qualidade das políticas macroeconômicas tenha crescido nos últimos quatro anos, ainda há um extenso caminho a ser
percorrido", disse Pastore.
Segundo o economista, o ajuste
fiscal feito pelo governo ainda é
frágil e não tem sido suficiente para estabilizar a relação entre a dívida pública e o PIB (Produto Interno Bruto), que saltou de 30,8%,
em 1994, para cerca de 55% hoje.
Na opinião de Pastore, faltam
políticas que forcem o governo a
poupar mais, reduzindo a enorme
dependência do país de recursos
externos.
A opinião de Pastore é partilhada por Raul Velloso, especialista
em contas públicas, que também
se apresentou ontem no Fórum.
Velloso destacou que os expressivos superávits fiscais conseguidos
nos últimos quatro anos foram
resultado de uma combinação
que está se esgotando, de arrecadações temporárias de impostos,
como a CPMF (Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira), com uma forte depreciação do câmbio.
Pastore ressaltou que nem mesmo a depreciação do real frente ao
dólar, desde a adoção do modelo
de câmbio flutuante em 1999, tem
sido suficiente para promover um
aumento expressivo das exportações. "Ainda há distorções tributárias que limitam a inserção do
Brasil no comércio internacional", disse.
De acordo com o economista, o
aumento da participação das exportações no PIB aumentaria o
fluxo de recursos externos para o
país, reduzindo a dependência externa.
Pastore disse também que faltam políticas do governo que estimulem o crescimento por meio,
por exemplo, do aumento da produtividade da economia.
O ministro da Fazenda Pedro
Malan, que também se apresentou ontem no Fórum Nacional,
garantiu que a reforma tributária-que, entre outras coisas, diminuiria os custos das exportações- poderá ser feita ainda este
ano. Segundo Malan, o governo
tem trabalhado discretamente,
mas já avançou bastante.
"Se houver entendimento entre
os partidos, temos chance de fazer
a reforma tributária ainda este
ano", disse Malan.
O ministro rebateu as críticas de
que o atual governo foi relapso
em relação a políticas que estimulassem o desenvolvimento da indústria nacional.
"Não é correta a observação de
que nada foi feito nesta área", disse Malan, que citou os empréstimos concedidos pelo BNDES, a política de financiamento às exportações e os recursos destinados a subsídios e isenções como medidas de política industrial
adotadas pelo governo.
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