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MERCADO
Dívida é maior que o desejável
Preocupação com Brasil não é imediata, diz FMI
MARCIO AITH
DE WASHINGTON
A vice-diretora gerente do FMI
(Fundo Monetário Internacional), Anne Krueger, disse ontem
que o volume da dívida pública
brasileira é maior que o desejável
mas que isso não causa preocupações "muito imediatas" à instituição.
Krueger mencionou ainda o risco de as economias da América
Latina serem atingidas pela crise
da Argentina de maneira mais
destruidora, por meio de pressões
sobre as moedas ou da fuga de investimentos. No entanto, elogiou
a responsabilidade fiscal de países
como o Brasil e disse que, à exceção da Argentina, a perspectiva
para as economias latino-americanas é positiva.
Retrocesso eleitoral
Falando a um grupo de empresários do Conselho das Américas,
a diretora do Fundo também fez
uma referência ao risco de as eleições na América Latina provocarem um retrocesso no processo
de reformas liberais.
Segundo ela, os investidores podem ficar preocupados com o calendário eleitoral (há cinco eleições presidenciais previstas para
2002 na América Latina), reduzindo seus investimentos na região.
Krueger mencionou o receio de
alguns países voltarem-se contra
as reformas de mercado e contra a
liberalização do comércio mundial, o que, segundo ela, poderia
detonar um "contágio político"
na região.
A diretora creditou esse receio a
"analistas", e não a ela própria ou
ao Fundo.
"Alguns analistas também temem o contágio político vindo de
países que se afastam das reformas de mercado e da integração à
economia mundial", afirmou.
"Mas muitos países da América
Latina já optaram por esse caminho antes, obtendo resultados insatisfatórios."
A referência ao Brasil foi feita
em resposta a David Malpass,
economista-chefe da área internacional do banco de investimentos Bear Sterns. Malpass perguntou se Krueger vê riscos de a dívida pública brasileira chegar a um ponto insustentável.
Em resposta, a diretora elogiou
o controle fiscal e o câmbio flexível brasileiros e afirmou que, ao
contrário da Argentina, o Brasil
fez "muitas reformas" que conseguem proteger o país de crises financeiras.
Sinais de controle
Krueger afirmou também que,
apesar de o câmbio brasileiro ter
sofrido uma depreciação nas últimas duas semanas, a taxa de juros
e a inflação ficaram estáveis, num
sinal de controle e de estabilidade
da economia do país.
Considerando todos esses fatores, Krueger disse que a dívida
pública brasileira "está maior do
que gostaríamos que estivesse,
mas não é uma preocupação muito imediata."
A diretora do FMI disse ainda
que a instituição espera urgência
da Argentina na modificação das
leis de falência e de subversão econômica.
Segundo ela, o FMI só poderá
ajudar o país quando o governo
do presidente Eduardo Duhalde
conseguir transformar seu plano
de 14 pontos num "programa
econômico consistente e substancial".
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