São Paulo, quarta-feira, 08 de maio de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PROTECIONISMO

Representante comercial americano diz que lei pode ser alterada se avançarem as negociações da OMC

EUA admitem rever subsídios agrícolas

DE WASHINGTON

O representante comercial norte-americano, Robert Zoellick, tentou ontem aplacar a ira da comunidade internacional ao projeto de lei norte-americano que prevê subsídios adicionais de US$ 40,6 bilhões e eleva para mais de US$ 100 bilhões os subsídios aos produtores rurais do país.
A nova lei agrícola dos EUA (a "farm bill") já foi aprovada pela Câmara e está pronta para ser votada no Senado norte-americano. O presidente George W. Bush, que inicialmente opunha-se a proteções adicionais ao setor rural norte-americano, mudou de idéia e já divulgou que irá sancioná-la.
Apesar dos subsídios da nova "farm bill", Zoellick declarou ontem que os EUA estão comprometidos a reduzir a proteção aos produtores, caso um novo acordo no âmbito da OMC (Organização Mundial de Comércio) reduza os tetos de subsídios agrícolas. Esse compromisso foi incluído no final do texto do projeto de lei agrícola. "Isso prova o compromisso dos EUA com a liberalização comercial", afirmou Zoellick.
Falando a uma platéia de empresários com atividades na América Latina, o representante comercial também fez vários elogios ao governo brasileiro, em especial ao ministro Celso Lafer (Relações Exteriores), a quem Zoellick agradeceu por tê-lo ajudado durante as negociações em Doha (no Catar) que lançaram a atual rodada mundial de comércio.

Boa vizinhança
Zoellick disse que o bom diálogo que existe hoje entre os governos do Brasil e dos EUA permite otimismo com relação à formação da Alca (Área de Livre Comércio das Américas).
"No final deste ano, o Brasil e os EUA irão co-presidir as negociações da Alca", afirmou. "Se o próximo governo no Brasil mantiver a mesma boa disposição da administração de Fernando Henrique Cardoso com relação à Alca, poderemos avançar muito."
As declarações de Zoellick são feitas num momento em que o Brasil endurece com os EUA no campo comercial, ameaçando contestar na OMC a proteção norte-americana aos produtores de soja e escalando suas críticas às recentes medidas protecionistas norte-americanas.
Zoellick evitou reconhecer que as chances de aprovação da TPA ("Trade Promotion Authority ou "fast track") pelo Senado norte-americano neste ano são mínimas, algo cada vez mais aparente em Washington.
As negociações da Alca e da OMC dependem da aprovação desse projeto, que permite ao presidente Bush negociar acordos de livre comércio sem que o Congresso o desfigure depois com emendas.



Texto Anterior: Mercado: Preocupação com Brasil não é imediata, diz FMI
Próximo Texto: Adubo financeiro
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.