São Paulo, quarta-feira, 08 de maio de 2002

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RIQUEZA AMERICANA

Com corte de funcionários, produtividade subiu 8,6% no primeiro trimestre -o melhor resultado desde 83

Produtividade dos EUA cresce e é recorde

DA REDAÇÃO

O forte ajuste por que passaram as empresas norte-americanas, com o maciço corte de funcionários, fez a produtividade crescer, no último trimestre, no maior ritmo dos últimos 19 anos. A notícia, somada à manutenção da taxa de juros pelo Federal Reserve, foi bem recebida pelo mercado financeiro, que vê mais espaço para a obtenção de lucros.
De acordo com o Departamento do Trabalho dos EUA, a produtividade cresceu 8,6% nos três primeiros meses do ano. No trimestre anterior, já havia ocorrido um expressivo ganho de 5,5%. O resultado obtido entre janeiro e março é o melhor desde um crescimento de 9,9% registrado no segundo trimestre de 1983.
A reestruturação das companhias significou o fechamento de cerca de 1 milhão de vagas na economia dos Estados Unidos. O desemprego, que em 2000 girava em torno de 4%, disparou para 6% no mês passado, a maior taxa em quase oito anos.
Por outro lado, o aumento na produtividade contém a pressão inflacionária, dando tempo para que o Federal Reserve (Banco Central dos EUA) mantenha os juros inalterados, até que a atividade ganhe força. Ontem, como previsto, a instituição não mexeu na taxa, que, desde dezembro, está fixada em 1,75% ao ano.
Outro efeito positivo dos ajustes nas empresas é a diminuição do gasto com pessoal. O custo de mão-de-obra caiu 5,4% nos três primeiros meses do ano, o maior recuo também desde o segundo trimestre de 1983, o que ajuda a ampliar as margens de lucros das corporações e também segura o reajuste de preços.
"Esse é o tipo de notícia que o Fed gosta de ouvir. Significa que a inflação não será problema no curto prazo e os juros podem ficar baixos por enquanto", afirmou Gary Thayer, economista-chefe da consultoria AG Edwards. "As companhias estão segurando os custos, em linha com o atual nível da economia."
Outros indicadores divulgados ontem pelo Departamento do Trabalho também dão a medida da reestruturação empresarial. Enquanto a produção cresceu 6,5% no primeiro trimestre do ano, o total de horas trabalhadas recuou 1,9%. Isso quer dizer que os funcionários que não perderam o emprego trabalharam mais para compensar os demitidos.
"É um alívio para uma das preocupações do Fed, que é a baixa lucratividade das corporações", disse Richard Yamarone, economista-chefe da consultoria Argus Research. "Obviamente que a queda no custo do trabalho vai ajudar muito, além de dar um estímulo aos muito necessários investimentos empresariais."

Estoques inalterados
Em um outro relatório divulgado ontem, o Departamento de Comércio informou que os estoques dos atacadistas permaneceram inalterados em março. O indicador sugere que, depois da intensa queima de produtos encalhados entre o final do ano passado e o começo deste ano, começa a haver um equilíbrio entre encomendas e vendas.
Os estoques estavam caindo havia nove meses. Em fevereiro, o recuo tinha sido de 0,9%. A manutenção do indicador contrariou a expectativa de analistas do setor, que esperavam uma nova queda, dessa vez de 0,3%.
"O período de grandes queimas ficou para trás", disse Michael Moran, economista-chefe da Daiwa Securities. "Mas não está claro o quão ansiosos estão os atacadistas para ampliar os estoques."


Com agências internacionais

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