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São Paulo, quinta-feira, 08 de maio de 2003

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MERCADO ANIMADO

Renovação de títulos cambiais surpreende, e moeda recua 2,64%; risco fecha no menor nível desde abril de 2002

BC rola dívida, dólar cai e C-Bond bate recorde

GEORGIA CARAPETKOV
DA REPORTAGEM LOCAL

A rolagem da dívida cambial do Banco Central e a perspectiva de entrada de mais recursos estrangeiros no país derrubaram o dólar ontem. A moeda, que havia subido 2,53% na última segunda-feira com os rumores de intervenção do BC no câmbio, fechou em queda de 2,64%, cotada a R$ 2,945. A desvalorização acumulada em 2003 chega a 16,93%.
O C-Bond, principal título da dívida brasileira, fechou em alta de 1,55% e atingiu a cotação de US$ 0,8988, seu maior valor histórico. O risco-país caiu 3,61%, para 774 pontos, o menor valor desde 23 de abril do ano passado.
Os operadores voltaram ontem a acreditar na queda do dólar. Diferentemente da previsão de alguns economistas, o BC iniciou ontem a rolagem da dívida de US$ 1,8 bilhão que vence no próximo dia 15. Todos os títulos ofertados foram vendidos. Somente com a operação de ontem, cerca de 51% do vencimento já foi renegociado.
A renovação foi interpretada como uma demonstração do BC de que, pelo menos por enquanto, a cotação do dólar não atingiu um "patamar mínimo".
A hipótese de que a valorização do real possa prejudicar as exportações gerou rumores de que a autoridade monetária não renegociaria os títulos. Como o governo nega que vá intervir diretamente no câmbio, o resgate desses papéis era esperado porque ajudaria a conter a queda da moeda norte-americana e, de quebra, melhoraria o perfil da dívida pública.
Hugo Penteado, economista-chefe do ABN-Amro Asset Management, acredita que o BC está no momento preocupado em não "atrapalhar" o câmbio.
Segundo ele, a recente melhora do ambiente político já está refletida na atual cotação do dólar e, caso o BC pare de renegociar esses títulos, a moeda deve subir. "O momento ainda não é favorável. O BC deve se beneficiar da trajetória de queda do câmbio e conter as expectativas de inflação."
Segundo ele, com a acentuada desvalorização do dólar, a entrada de recursos estrangeiros é um dos fatores mais importantes para determinar a cotação da moeda.
Ontem foram anunciadas duas novas captações externas de bancos brasileiros. O Itaú fechou uma operação de US$ 50 milhões, com prazo de 18 meses, e o Unibanco iniciou no mercado europeu a captação de 50 milhões, com vencimento em maio de 2004.
Além disso, a expectativa de que a Petrobras faça uma operação de US$ 750 milhões fez os operadores projetarem um aumento da entrada de dólares para as próximas semanas.


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