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MERCADO ANIMADO
Renovação de títulos cambiais surpreende, e moeda recua 2,64%; risco fecha no menor nível desde abril de 2002
BC rola dívida, dólar cai e C-Bond bate recorde
GEORGIA CARAPETKOV
DA REPORTAGEM LOCAL
A rolagem da dívida cambial do
Banco Central e a perspectiva de
entrada de mais recursos estrangeiros no país derrubaram o dólar
ontem. A moeda, que havia subido 2,53% na última segunda-feira
com os rumores de intervenção
do BC no câmbio, fechou em queda de 2,64%, cotada a R$ 2,945. A
desvalorização acumulada em
2003 chega a 16,93%.
O C-Bond, principal título da
dívida brasileira, fechou em alta
de 1,55% e atingiu a cotação de
US$ 0,8988, seu maior valor histórico. O risco-país caiu 3,61%, para
774 pontos, o menor valor desde
23 de abril do ano passado.
Os operadores voltaram ontem
a acreditar na queda do dólar. Diferentemente da previsão de alguns economistas, o BC iniciou
ontem a rolagem da dívida de US$
1,8 bilhão que vence no próximo
dia 15. Todos os títulos ofertados
foram vendidos. Somente com a
operação de ontem, cerca de 51%
do vencimento já foi renegociado.
A renovação foi interpretada
como uma demonstração do BC
de que, pelo menos por enquanto,
a cotação do dólar não atingiu um
"patamar mínimo".
A hipótese de que a valorização
do real possa prejudicar as exportações gerou rumores de que a autoridade monetária não renegociaria os títulos. Como o governo
nega que vá intervir diretamente
no câmbio, o resgate desses papéis era esperado porque ajudaria
a conter a queda da moeda norte-americana e, de quebra, melhoraria o perfil da dívida pública.
Hugo Penteado, economista-chefe do ABN-Amro Asset Management, acredita que o BC está no
momento preocupado em não
"atrapalhar" o câmbio.
Segundo ele, a recente melhora
do ambiente político já está refletida na atual cotação do dólar e,
caso o BC pare de renegociar esses
títulos, a moeda deve subir. "O
momento ainda não é favorável.
O BC deve se beneficiar da trajetória de queda do câmbio e conter
as expectativas de inflação."
Segundo ele, com a acentuada
desvalorização do dólar, a entrada
de recursos estrangeiros é um dos
fatores mais importantes para determinar a cotação da moeda.
Ontem foram anunciadas duas
novas captações externas de bancos brasileiros. O Itaú fechou uma
operação de US$ 50 milhões, com
prazo de 18 meses, e o Unibanco
iniciou no mercado europeu a
captação de 50 milhões, com
vencimento em maio de 2004.
Além disso, a expectativa de que
a Petrobras faça uma operação de
US$ 750 milhões fez os operadores projetarem um aumento da
entrada de dólares para as próximas semanas.
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