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São Paulo, quinta-feira, 08 de maio de 2003

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COMÉRCIO GLOBAL

Empresários criticam protecionismo dos europeus e tentam evitar colapso das negociações sobre tarifas

Lobby de empresas tenta salvar rwodada Doha

ADAM JONES
DO "FINANCIAL TIMES"

Os executivos de algumas das maiores empresas do mundo estão acirrando seu lobby com os políticos, em meio a temores de fracasso para a mais recente rodada de negociações mundiais sobre o comércio internacional.
Presidentes de conselhos e diretores de dezenas de multinacionais vêm aplicando uma discreta pressão sobre os governos de todo o mundo em uma tentativa de garantir que a Rodada Doha de negociações comerciais evite um colapso ou atrasos sérios em suas discussões.
O objetivo declarado das negociações é abrir mais os mercados dos países mais ricos do mundo às nações em desenvolvimento.
Agora, os líderes empresariais estão se preparando para assumir posições mais abertas com relação à questão, de acordo com Niall FitzGerald, co-presidente do conselho da Unilever e autor de uma declaração favorável à liberalização que vem circulando entre políticos de diversos países nas últimas semanas.
A declaração foi preparada em nome do Conselho Empresarial Internacional, parte do Fórum Econômico Mundial, que inclui mais de 80 executivos-chefes e presidentes de conselhos de empresas de todo o mundo.
Os demais autores da declaração são Hank McKinnell, presidente do conselho e executivo-chefe da farmacêutica Pfizer, Peter Brabeck-Letmathe, executivo-chefe do grupo alimentício Nestlé, e Josef Ackermann, presidente do conselho do Deutsche Bank.
Os líderes empresariais advertiram que, sem "avanços significativos durante os próximos meses" na Rodada Doha de negociações, é possível que a negociação não seja nunca concluída ou que passe por sérios atrasos.

Confiança abalada
Os empresários acrescentaram que "o fracasso da liberalização do sistema multilateral de comércio poderia resultar, além disso, na quebra da confiança entre os países desenvolvidos e as nações em desenvolvimento".
Uma potencial fonte de controvérsia na declaração, dado o envolvimento da Pfizer, é a afirmação de que a falta de acordo quanto ao acesso dos países em desenvolvimento aos medicamentos não deveria representar um obstáculo para outras medidas de liberalização comercial.
O Fórum Econômico Mundial confirmou que seu Conselho Empresarial Internacional daria cada vez mais divulgação às suas preocupações quanto ao progresso na rodada mundial de negociações, cuja agenda foi definida em Doha (Qatar), no final de 2001.
A reforma dos subsídios à agricultura foi vista como um obstáculo a uma liberalização mais ampla, planejada sob os auspícios das negociações de Doha, que são tema de discussões entre os ministros de comércio internacional em Cancún, México, em setembro. O cronograma acertado prevê que as discussões estejam encerradas antes do final de 2004.
FitzGerald disse estar decepcionado com o fato de que a França não demonstrar maior disposição quanto a eliminar ao menos em parte os subsídios fornecidos aos seus fazendeiros.
"Fico frustrado com os franceses. Às vezes me pergunto por que motivo um grupo extremamente inteligente, capacitado, conhecedor dos assuntos mundiais e muito dedicado (pelo menos na retórica) a ajudar os países em desenvolvimento, revelaria tamanha incoerência quando surge a oportunidade de agir de acordo com os princípios mais elevados", afirmou FitzGerald.


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