|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
COMÉRCIO GLOBAL
Empresários criticam protecionismo dos europeus e tentam evitar colapso das negociações sobre tarifas
Lobby de empresas tenta salvar rwodada Doha
ADAM JONES
DO "FINANCIAL TIMES"
Os executivos de algumas das
maiores empresas do mundo estão acirrando seu lobby com os
políticos, em meio a temores de
fracasso para a mais recente rodada de negociações mundiais sobre
o comércio internacional.
Presidentes de conselhos e diretores de dezenas de multinacionais vêm aplicando uma discreta
pressão sobre os governos de todo o mundo em uma tentativa de
garantir que a Rodada Doha de
negociações comerciais evite um
colapso ou atrasos sérios em suas
discussões.
O objetivo declarado das negociações é abrir mais os mercados
dos países mais ricos do mundo
às nações em desenvolvimento.
Agora, os líderes empresariais
estão se preparando para assumir
posições mais abertas com relação à questão, de acordo com
Niall FitzGerald, co-presidente do
conselho da Unilever e autor de
uma declaração favorável à liberalização que vem circulando entre políticos de diversos países nas
últimas semanas.
A declaração foi preparada em
nome do Conselho Empresarial
Internacional, parte do Fórum
Econômico Mundial, que inclui
mais de 80 executivos-chefes e
presidentes de conselhos de empresas de todo o mundo.
Os demais autores da declaração são Hank McKinnell, presidente do conselho e executivo-chefe da farmacêutica Pfizer, Peter Brabeck-Letmathe, executivo-chefe do grupo alimentício Nestlé,
e Josef Ackermann, presidente do
conselho do Deutsche Bank.
Os líderes empresariais advertiram que, sem "avanços significativos durante os próximos meses"
na Rodada Doha de negociações,
é possível que a negociação não
seja nunca concluída ou que passe
por sérios atrasos.
Confiança abalada
Os empresários acrescentaram
que "o fracasso da liberalização
do sistema multilateral de comércio poderia resultar, além disso,
na quebra da confiança entre os
países desenvolvidos e as nações
em desenvolvimento".
Uma potencial fonte de controvérsia na declaração, dado o envolvimento da Pfizer, é a afirmação de que a falta de acordo quanto ao acesso dos países em desenvolvimento aos medicamentos
não deveria representar um obstáculo para outras medidas de liberalização comercial.
O Fórum Econômico Mundial
confirmou que seu Conselho Empresarial Internacional daria cada
vez mais divulgação às suas preocupações quanto ao progresso na
rodada mundial de negociações,
cuja agenda foi definida em Doha
(Qatar), no final de 2001.
A reforma dos subsídios à agricultura foi vista como um obstáculo a uma liberalização mais ampla, planejada sob os auspícios
das negociações de Doha, que são
tema de discussões entre os ministros de comércio internacional
em Cancún, México, em setembro. O cronograma acertado prevê que as discussões estejam encerradas antes do final de 2004.
FitzGerald disse estar decepcionado com o fato de que a França
não demonstrar maior disposição
quanto a eliminar ao menos em
parte os subsídios fornecidos aos
seus fazendeiros.
"Fico frustrado com os franceses. Às vezes me pergunto por que
motivo um grupo extremamente
inteligente, capacitado, conhecedor dos assuntos mundiais e muito dedicado (pelo menos na retórica) a ajudar os países em desenvolvimento, revelaria tamanha
incoerência quando surge a oportunidade de agir de acordo com
os princípios mais elevados", afirmou FitzGerald.
Texto Anterior: O vaivém das commodities Próximo Texto: OMC autoriza União Européia a retaliar EUA Índice
|