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Mudanças preocupam os sojicultores
DOS ENVIADOS ESPECIAIS
O surpreendente decreto da nacionalização dos hidrocarbonetos
e a promessa feita pelo presidente
Evo Morales de que a terra está na
lista provocaram vários telefonemas de sojicultores brasileiros ao
colega paranaense Nilson Medina. Assustados, queriam saber como entrar com o processo para
obtenção da cidadania boliviana,
caminho já percorrido por ele há
seis meses.
"Toda mudança na lei preocupa
porque, antes da publicação, existe a expectativa de como será. Como nós temos pouco acesso a essas possíveis mudanças, então há
uma incerteza, uma certa tensão",
disse o sojicultor Medina.
Ex-funcionário da Monsanto,
Medina está há 14 anos na Bolívia
e é uma espécie de porta-voz dos
sojicultores, tanto brasileiros
quanto bolivianos. Diretor-presidente da Associação de Produtores de Oleaginosas e Trigo, já se
reuniu três vezes com o presidente Morales para tratar do tema.
Medina tem 7.000 hectares de
soja e emprega 104 funcionários.
"Desses, cem são bolivianos e
quatro, brasileiros", enfatiza.
Os sojicultores brasileiros chegaram à Bolívia no início dos anos
90, atraídos pelas terras férteis e
baratas. A maioria veio do Paraná, de Mato Grosso e de Mato
Grosso do Sul.
Hoje, segundo Medina, existem
cerca de cem famílias produzindo
soja, com uma área média de
1.000 hectares, mas alguns têm até
30 mil hectares. Outras cem famílias de brasileiros também vieram
para trabalhar nas fazendas.
Para Medina, caso o critério seja
a desapropriação de áreas ociosas, os brasileiros não correm nenhum risco: "100% dos sojicultores estão em áreas trabalhadas há
mais de dez anos".
(FABIANO MAI
SONNAVE E JORGE ARAÚJO)
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