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Reforma elevará carga tributária, admite Fazenda
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Bernard Appy, admitiu
que a reforma tributária vai gerar aumento de carga tributária
para alguns setores da economia. Por esse motivo, o governo
não quis divulgar quais serão as
alíquotas do IVA-F (Imposto
de Valor Agregado Federal),
que irá substituir PIS, Cofins,
Cide e salário-educação.
Em seminário na Câmara
dos Deputados, o secretário
disse aos parlamentares que o
governo optou por não divulgar
quais serão as alíquotas do IVA-F justamente porque alguns setores terão aumento de carga
tributária, enquanto outros terão redução. Por isso, a estratégia do governo foi evitar que os
setores que sairão perdendo façam pressão política no Congresso contra a aprovação da
Reforma Tributária.
"O governo federal não quer
abrir as alíquotas dos impostos
porque certamente vai ter redistribuição setorial de carga.
Os setores que vão ter aumento
de carga tributária vão fazer
pressão política", afirmou.
O secretário comentou que o
governo avalia criar duas ou
três alíquotas diferentes. A
mais baixa valerá para o setor
de serviços, telecomunicações,
softwares e todas as empresas
que atualmente estão no regime tributário de lucro presumido. São esses os setores que
hoje estão no sistema cumulativo (em que PIS e Cofins incidem sobre todas as etapas da
produção). A alíquota intermediária seria paga por setores
que estão no sistema não-cumulativo, que podem pedir créditos tributários referentes à
compra de insumos. Ainda não
foi batido o martelo sobre a
criação de uma terceira alíquota, mas, se criada, seria para os
setores que hoje pagam o IPI
mais alto, já que este último tributo será reduzido com a criação do IVA.
Diante das críticas dos parlamentares sobre a alta carga tributária, Appy revidou, dizendo
que a decisão de reduzir a carga
de impostos no país pode ser
tomada pelo Congresso. "Basta
readequar o Orçamento, reduzir as despesas e, então, abaixar
a alíquota de impostos por projeto de lei", afirmou.
Também presente no seminário, o presidente da CNI
(Confederação Nacional da Indústria), Armando Monteiro,
afirmou que o governo deveria
ter sinalizado na proposta de
Reforma Tributária a intenção
de desonerar as operações de
crédito. Appy disse que o governo mantém a intenção de desonerar o "spread" bancário (diferença entre o custo de captação dos bancos e o que cobram
dos clientes), depois que a reforma for aprovada.
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