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Taxar poupança será inevitável, diz Setubal
Para presidente do Itaú, dedução do pagamento de juros no Imposto de Renda seria mais eficaz para incentivar habitação
Presidente do maior banco no país afirma que modelo brasileiro apoia o investidor, mas não o mutuário do financiamento habitacional
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente do Itaú Unibanco, Roberto Setubal, disse ontem que será "inevitável" o governo tributar o rendimento da
poupança, aplicação financeira
mais popular no país e que fornece recursos para o financiamento imobiliário.
Para Setubal, o financiamento imobiliário teria um incentivo mais eficaz se o governo permitisse ao mutuário deduzir o
pagamento de juros no Imposto de Renda, como acontece
nos EUA, do que manter a isenção da poupança. "Aqui no Brasil, você não pode deduzir de
sua declaração de renda os juros do financiamento imobiliário, o que é usual em qualquer
país do mundo. Os mutuários
não podem fazer essa dedução
e o aplicador [da poupança] não
paga Imposto de Renda. Estamos trocados. Deveríamos ter
um modelo que apoie o financiamento e não o investidor,
como é em qualquer lugar do
mundo", disse.
O presidente do Itaú reconhece a dificuldade política para o governo mexer na poupança, mas afirma que não haverá
outra solução se o país quiser
conviver com taxas de juros
baixas. "A gente vai caminhar
para isso, gostando ou não."
Os bancos estão no centro do
debate sobre o rendimento da
poupança, que ameaça secar os
recursos captados pelos fundos
de investimento, que, por sua
vez, financiam a rolagem da dívida pública. Eles defendem a
flexibilização do direcionamento de 65% para financiamento imobiliário, além de
20% de compulsório.
"Nos EUA, eles liberaram tudo e o banco paga o quanto quer
[pela poupança]. Aqui não estamos ainda prontos para liberar
o mercado inteiro. Mas a etapa
de tributar a caderneta de poupança é inevitável. Senão todos
os instrumentos que irrigam
outros setores da economia ficam sem recursos", disse.
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