São Paulo, sexta-feira, 08 de maio de 2009

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Taxar poupança será inevitável, diz Setubal

Para presidente do Itaú, dedução do pagamento de juros no Imposto de Renda seria mais eficaz para incentivar habitação

Presidente do maior banco no país afirma que modelo brasileiro apoia o investidor, mas não o mutuário do financiamento habitacional


TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL

O presidente do Itaú Unibanco, Roberto Setubal, disse ontem que será "inevitável" o governo tributar o rendimento da poupança, aplicação financeira mais popular no país e que fornece recursos para o financiamento imobiliário.
Para Setubal, o financiamento imobiliário teria um incentivo mais eficaz se o governo permitisse ao mutuário deduzir o pagamento de juros no Imposto de Renda, como acontece nos EUA, do que manter a isenção da poupança. "Aqui no Brasil, você não pode deduzir de sua declaração de renda os juros do financiamento imobiliário, o que é usual em qualquer país do mundo. Os mutuários não podem fazer essa dedução e o aplicador [da poupança] não paga Imposto de Renda. Estamos trocados. Deveríamos ter um modelo que apoie o financiamento e não o investidor, como é em qualquer lugar do mundo", disse.
O presidente do Itaú reconhece a dificuldade política para o governo mexer na poupança, mas afirma que não haverá outra solução se o país quiser conviver com taxas de juros baixas. "A gente vai caminhar para isso, gostando ou não."
Os bancos estão no centro do debate sobre o rendimento da poupança, que ameaça secar os recursos captados pelos fundos de investimento, que, por sua vez, financiam a rolagem da dívida pública. Eles defendem a flexibilização do direcionamento de 65% para financiamento imobiliário, além de 20% de compulsório.
"Nos EUA, eles liberaram tudo e o banco paga o quanto quer [pela poupança]. Aqui não estamos ainda prontos para liberar o mercado inteiro. Mas a etapa de tributar a caderneta de poupança é inevitável. Senão todos os instrumentos que irrigam outros setores da economia ficam sem recursos", disse.


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