São Paulo, sábado, 08 de maio de 2010

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Negociação sobre consórcio de Belo Monte emperra

LEILA COIMBRA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Emperraram as negociações entre Vale, Votorantim e Alcoa para a entrada no consórcio Norte Energia, que ganhou no mês passado a concessão da hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu (PA).
A Folha apurou que as três empresas exigem pagar pela energia produzida -para o seu consumo próprio- o preço mínimo ofertado no leilão, de R$ 77,97 o megawatt-hora (MWh), valor destinado ao mercado residencial (chamado de cativo).
O consórcio, liderado pela Chesf, propõe contratos entre R$ 100 e R$ 115 o MWh para os autoprodutores, valores que considera competitivos e abaixo dos praticados no mercado.
Mateus Andrade, diretor da Delta Energia, empresa que comercializa eletricidade no mercado livre, afirma que a média de preços praticados em contratos a partir de 2015 (ano do início da produção de Belo Monte) com os grandes consumidores industriais estão entre R$ 125 e R$ 130 o MWh.
O consórcio Norte Energia conta com 30% da produção de Belo Monte vendida a preços maiores para fazer um "mix" com o baixo valor ofertado no leilão e viabilizar a construção da hidrelétrica.
O edital de licitação prevê que 70% da energia produzida terá que ser obrigatoriamente vendida pelo valor mínimo oferecido no leilão para o mercado das concessionárias elétricas, cujas tarifas são reguladas.
Do restante, 10% podem ser comercializados livremente e 20% são destinados para os autoprodutores que vierem a integrar o consórcio. A Vale, a Votorantim e a Alcoa negociam a fatia de autoprodução.
Na última quarta-feira, o presidente da Vale, Roger Agnelli, disse em conferência sobre os resultados da empresa que tem interesse em integrar o grupo como autoprodutor de energia, caso possa adquirir energia a R$ 77 MWh. Ele disse, porém, que a Vale ainda não havia sido convidada para fazer parte do consórcio.
A mineradora tem interesse e necessidade de adquirir energia barata para concretizar seu plano de construção da siderúrgica Aços Laminados do Pará (Alpa), em Marabá, um investimento de R$ 5,2 bilhões.
O projeto inclui a construção de um acesso ferroviário para receber minério de Carajás e escoar a produção de aço até o Terminal Portuário de Vila do Conde, em Barcarena (PA).
A Votorantim também precisa de energia para a expansão de sua empresa da área de metais, a Companhia Brasileira de Alumínio (CBA). O objetivo é investir R$ 400 milhões na ampliação da capacidade de produção de alumínio.
A Votorantim disse, por meio de sua assessoria, porém, que não tem conhecimento de nenhuma negociação para entrada no projeto da usina.
Já a Alcoa articula a entrada em Belo Monte para retomar o plano de instalação de uma nova fábrica de alumínio no Pará. Ou ainda duplicar a Alumar, usina de alumínio que já opera em São Luís, no Maranhão.
A Alcoa informou que não seria possível disponibilizar executivo para falar sobre o tema por problemas de agenda.


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