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CONJUNTURA
Semana Santa em março e vendas de TV com evento impulsionam setor em abril; continuidade da expansão é dúvida
Copa e "efeito Páscoa" reanimam indústria
RICARDO REGO MONTEIRO
DA SUCURSAL DO RIO
A indústria brasileira apresentou em abril uma tendência de recuperação, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). O resultado, medido pela Pesquisa Industrial Mensal, apresentou crescimento de
4,1%, na comparação com março, e de 6% em relação a abril do ano
passado.
A expectativa do mercado, no
entanto, é que o resultado não se
repita nos próximos meses, por
conta de uma combinação de fatores, como emprego em baixa,
crédito escasso e alta inadimplência. O resultado de abril foi fortemente influenciado pelo maior
número de dias trabalhados em
relação a março, por causa da Semana Santa.
O economista Antônio Correia
de Lacerda, presidente da Sobeet
(Sociedade Brasileira de Estudos
de Empresas Transnacionais e
Globalização Econômica), calcula
um resultado de 0,5% da produção industrial no ano. "Isso indica
estagnação industrial", afirmou.
O Produto Interno Bruto industrial do ano passado ficou em
0,6% negativo.
O chefe do Departamento de Indústria do IBGE, Sílvio Salles, afirmou que a expressiva alta de abril
foi influenciada pelo maior número de dias em relação a março.
Diferentemente dos anos anteriores, a Semana Santa caiu em março, o que afetou o resultado.
Salles disse que ainda não dá para avaliar se as indicações do resultado de abril apontam a permanência da recuperação da atividade industrial. "Isso só será possível com a divulgação dos indicadores de maio e junho deste
ano", afirmou.
Alimentos
Ainda de acordo com a Pesquisa Industrial Mensal, a tendência de
retomada do crescimento se deveu ao desempenho positivo de 17
dos 20 ramos pesquisados, principalmente dos setores de alimentos (variação de 8,5% na comparação com março) e de mecânica
(8,4%).
O aumento da produção dos alimentícios resultou do incremento das exportações, principalmente de frango e de açúcar cristal.
Na área de bens de capital, que aumentou 7,1% no período, houve crescimento da produção voltada ao setor agrícola, com destaque para máquinas de colheita e
tratores.
Também mereceram destaque
o desempenho dos segmentos de
bens de consumo duráveis (a produção cresceu 7%) e semi e não-duráveis -crescimento de 6%
em relação a março.
Futebol
A alta dos indicadores foi influenciada também por fatores
pontuais, como a Copa do Mundo, que contribuiu para o aumento de 16,2% na produção de eletrodomésticos, na comparação
com abril do ano passado. Só a
chamada "linha marrom" (TV,
rádio e som), favorecida pelo
evento da Coréia do Sul e do Japão, registrou alta de 21,9%.
Salles disse que o "efeito Semana Santa" "exagera" o resultado
de abril, mas não excluiu a possibilidade de a indústria ter apresentado no mês uma tendência de
retomada do crescimento.
Como exemplo, citou os resultados do primeiro e segundo bimestres do ano. Enquanto em janeiro e fevereiro a atividade industrial apresentou variação negativa de 1,3%, a indústria, no segundo bimestre, cresceu 1,2%.
No negativo
No acumulado dos primeiros
quatro meses do ano, em relação
ao mesmo período de 2001, a variação da produção ainda está
0,1% negativa. Mesmo no vermelho, o indicador demonstra uma
certa melhoria, segundo Salles,
pois o resultado acumulado de janeiro a março apresentava queda
de 2,1%.
No acumulado de 12 meses, a
variação está negativa em 0,7%,
mantendo-se estável em relação
ao período encerrado em março,
também de 0,7% negativo.
"O indicador do acumulado dos
últimos 12 meses vinha de quedas
sucessivas desde maio de 2001. A
partir de março ele continuou negativo, mas apresentando uma
tendência de estabilização em
0,7% negativo", afirmou Salles.
O pesquisador também chama
a atenção para o resultado indicado pelo gráfico da média móvel
trimestral, cuja variação foi de
1,3% nos três meses encerrados
em abril. A média móvel do trimestre encerrado em março foi
de 0,4%.
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