São Paulo, segunda-feira, 08 de junho de 2009

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@grupofolha.com.br

Exportação de industrializado cairá 40% no semestre, diz Fiesp

O setor industrial já espera uma queda de 40% nas exportações de produtos industrializados no primeiro semestre deste ano, segundo levantamento da Fiesp com 78 das maiores empresas exportadoras do Brasil em junho. No mês passado, a perspectiva era de uma queda menor, de 37%.
O diretor interino do Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos da Fiesp, Walter Sacca, afirma que o cenário econômico externo, ainda em deterioração, é que está derrubando o resultado da indústria. Para ele, a recente valorização da moeda brasileira prejudica ainda mais o setor.
"A falta de demanda internacional já vem comprometendo as exportações, e, agora, o país terá um preço menor para oferecer em dólar. A tendência é de redução no saldo da balança comercial", afirma Sacca.
A alta do real fez com que a Fiesp reduzisse para US$ 25 bilhões sua projeção mais otimista para o saldo da balança comercial neste ano. Segundo Sacca, o motivo é a queda na exportação, pois, mesmo com o câmbio valorizado, a Fiesp espera que as importações só cresçam significativamente quando a indústria retomar a produção.
Segundo o diretor da Fiesp, ainda vai demorar. A situação atual da indústria está pior do que a Fiesp esperava. A perspectiva de que o fundo do poço ficou para trás e de que o setor iniciaria um período de recuperação não se confirmou. "Os dados que temos de maio e do início de junho não mostram uma retomada."
Agora, a Fiesp já espera uma queda no PIB industrial acima de 5% no ano, que levará o PIB brasileiro a uma retração superior a 1%.
De janeiro a abril, a indústria registrou um resultado quase 15% menor que o do primeiro quadrimestre do ano passado. "Não há a menor possibilidade de recuperação dessas perdas nos próximos meses e de a indústria encerrar o ano no mesmo nível de 2008."

NATURALIZADO
A empresa norte-americana NetSuite, de sistemas de gestão empresarial na web, iniciou neste mês suas operações no Brasil por meio da catarinense SuitePlus. A empresa investiu R$ 5 milhões para traduzir o sistema e adaptá-lo à legislação fiscal brasileira. Segundo Ricardo Demasi, sócio da SuitePlus, o diferencial do produto é que ele requer apenas uma conexão de internet para funcionar, sem exigir investimentos na instalação de uma infraestrutura.

TROCA
A Gol decidiu trocar sua empresa de auditoria. Sai a Ernst & Young e entra a Deloitte.

AMPLIFICADOR
A Staner, de áudio profissional, será a representante no Brasil da marca americana Clair Brothers, responsável pelos equipamentos nos shows de bandas como U2 e Iron Maiden. Com a parceria, a Staner espera crescer 25% em 2009.

NA ESCOLA
O faturamento da Cultura Inglesa foi de R$ 126 milhões em 2008, contra R$ 111 milhões em 2007.

NA LINHA
A Nextel inaugura hoje operações no Espírito Santo. Trata-se do 12º Estado em que a empresa passa a operar. O lançamento faz parte do projeto de expansão que envolveu investimento de US$ 100 milhões.

REPAGINADA
A produtora Maria Bonita avança no seu processo de reestruturação neste ano. Saiu do segmento de produção de filmes publicitários para focar no de conteúdo e entretenimento, que cresceu mais de 50% em 2008. Os sócios Lô Politi e Robério Braga deixam as funções executivas e passam a atuar no Conselho de Administração. O novo diretor-executivo será o produtor Coy Freitas, que já esteve à frente de projetos como Nokia Trends e Sonar.

AVAL
A oferta pública de ações da BRF não tornará a fusão de Sadia e Perdigão irreversível pelo Cade. Essa é a opinião de Ruy Coutinho, ex-presidente do Cade e ex-secretário de Direito Econômico. Para ele, a emissão é positiva, pois a empresa tem dívidas a vencer e precisa se capitalizar. A BRF anunciou que pretende fazer uma oferta de R$ 4 bilhões na Bolsa.

PLANO B
Segundo Coutinho, não haverá danos ao acionista se a fusão não for aprovada. Ele afirma que basta informar no prospecto da emissão de ações que a operação pode ser revertida pelo Cade e estabelecer regras para conversão dos papéis da BRF em ações de Sadia e Perdigão no caso de a fusão ser barrada.

BOLSA
A grife de bolsas LeSportsac acaba de inaugurar sua primeira loja no Brasil, no shopping Morumbi, em SP. A empresa pretende faturar R$ 6 milhões neste ano e abrir mais cinco unidades no país até 2015.

TIO SAM
A Câmara de Comércio Brasil-EUA promove, no dia 25, a "The Invest in Brazil Conference", em Nova York, em parceria com a Apex, com o Banco do Brasil e com o escritório de advocacia RFOR.

Pacote imobiliário vai atrasar, diz associação

Carlos Zveibil Neto, que reassume hoje a vice-presidência da Apeop (Associação Paulista dos Empresários de Obras Públicas), diz que o programa Minha Casa, Minha Vida está sujeito a atrasos que logo começarão a aparecer. Zveibil lista desde falta de disposição dos empresários para investir em tecnologia que acelere as obras até burocracia.
Segundo ele, a indústria não tem estímulo para importar máquinas que acelerem a obra. "Se conseguimos na Alemanha o financiamento da máquina em 60 meses, quando chega aqui, temos que pagar muito à vista em impostos. Ninguém quer comprar máquina para usar em uma, duas obras, de um programa pontual. Não se sabe o que será prioridade na próxima gestão."
Zveibil prevê que muitas obras levem mais de 24 meses para serem entregues. "O que está vendendo muito hoje é o que as empresas tinham estocado."
Ele também acredita que, como a Caixa é a gestora do PAC e do Minha Casa, Minha Vida, o excesso de funções pode prejudicar ambos. "Tudo isso excede a Caixa de funções, o que intensifica a burocracia."

com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI


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