São Paulo, quinta-feira, 08 de julho de 2004

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CÚPULA DO MERCOSUL

Segundo o ministro, reunião com governos e empresários discutirá, na próxima semana, barreira comercial

Furlan defende "diálogo" e descarta ir à OMC

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
DOS ENVIADOS A PUERTO IGUAZÚ

O Brasil não pretende recorrer à OMC (Organização Mundial do Comércio) contra as restrições adotadas pela Argentina à importação de eletrodomésticos, afirmou ontem o ministro Luiz Fernando Furlan (Desenvolvimento) antes de embarcar para encontro do Mercosul na Argentina.
"A solução adequada é o diálogo. Sócios dialogam e buscam um entendimento. Sócios não fazem guerra pela mídia porque isso não constrói nada [...] É uma relação de amor. E, como toda a relação de amor, às vezes acontecem algumas coisinhas que são rapidamente superadas", afirmou.
As divergências comerciais com o principal parceiro do Mercosul serão resolvidas sem "animosidades" no campo diplomático, disse ele durante entrevista, no final da manhã, no Itamaraty.
Questionado se a OMC poderia ser uma espécie de árbitro nas negociações entre os dois países, Furlan afirmou: "Não. Nada. Só direto". Para ele, o papel dos governos é diminuir as tensões entre as empresas dos dois países.
O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, também pregou o diálogo com os argentinos. "Todos os problemas que tivemos antes resolvemos."
Durante entrevista, Furlan também disse que o Brasil tem, de certa forma, "inveja" do crescimento econômico da Argentina, que adotou restrições à importação de eletrodomésticos brasileiros como medida para proteger sua indústria e estimular a economia.
"Os números das importações argentinas, embora crescentes, estão ainda abaixo das médias do ano de 2001, que foi o ano pré-crise da Argentina. Portanto não há nada de extraordinário. O que existe é uma simetria hoje na velocidade de crescimento da Argentina, que dá inveja aos brasileiros, e ao mesmo tempo uma retomada do crescimento brasileiro que certamente vai proporcionar oportunidades para maiores exportações da Argentina", disse.

Restrições argentinas
Ao chegar a Puerto Iguazú, ontem à noite, Furlan afirmou que o governo brasileiro e o argentino se encontrarão na próxima quarta-feira, em Buenos Aires, para discutir o problema do setor de linha branca. Também participarão empresários dos dois países.
O ministro voltou a afirmar que a regulamentação da Argentina que permitirá impor as licenças prévias não deverá ocorrer antes dessas negociações. "Não, não sai", disse ele, ao responder se a regulamentação da medida ocorreria antes da quarta-feira.
Furlan deveria se encontrar ontem à noite com o ministro da Economia da Argentina, Roberto Lavagna, para tratar do assunto. Os dois, que participam da Cúpula do Mercosul, também conversam hoje.

Lula
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva chegou ontem no fim da tarde a Puerto Iguazú para participar do encontro de Cúpula do Mercosul. Ainda ontem, Lula teria um encontro com o presidente da Venezuela, Hugo Chávez. À noite, o presidente participou de um jantar oferecido pelo presidente argentino, Néstor Kirchner, a todos os participantes do encontro.
No jantar estavam presentes, além de Chavez, Kirchner e Lula, os presidentes do México, Vicente Fox -que veio de Brasília junto com Lula no avião da Força Aérea Brasileira-, da Bolívia, Carlos Mesa, do Uruguai, Jorge Battle, e do Paraguai, Nicanor Duarte. Hoje Lula participa da reunião dos chefes de Estado do Mercosul e Estados Associados e convidados.


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