São Paulo, sábado, 08 de julho de 2006

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Relatório ataca proposta pela Varig

Para administrador judicial, falência remuneraria melhor os credores do que a oferta da VarigLog

Deloitte diz que proposição não tem condições de ser levada a leilão; empresa tem até segunda-feira para apresentar modificações


JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

A Deloitte, administradora judicial da Varig, avalia que a proposta da VarigLog não tem condições de ser levada a leilão. O parecer da consultoria, entregue ontem à Justiça, condena os principais pontos da oferta. De acordo com a Deloitte, um leilão de venda nas condições oferecidas seria prejudicial à Varig em razão do preço mínimo oferecido e das condições impostas pela VarigLog para efetuar o pagamento.
Segundo a Deloitte, se for comprovado que apenas a VarigLog tem interesse na compra da Varig, a proposta deverá ser submetida à apreciação dos credores, sem a realização de um leilão posterior.
A Justiça marcou uma audiência para a próxima segunda-feira, e a VarigLog poderá modificar sua proposta até lá. Somente depois disso, a Justiça poderá julgar a oferta.
Para a consultoria, a proposta é uma venda direta disfarçada de leilão. "A venda pelo preço mínimo apresentado pela VarigLog não seria benéfica aos credores e às próprias empresas em recuperação, comparando aos valores que poderão eventualmente ser obtidos pela alienação dos ativos em sede de falência", diz o relatório.

Proposta
A VarigLog ofereceu R$ 277 milhões pela compra das operações da Varig. O valor deveria ser repassado à "velha Varig", a parcela da empresa que permanece em recuperação judicial, e é destinado ao pagamento de credores. Além disso, a empresa oferece US$ 365 milhões (ou R$ 803 milhões) parcelados em investimentos na nova Varig.
De acordo com o relatório, o valor da oferta está inflado porque inclui componentes como aluguéis e arrendamentos. Segundo os cálculos da consultoria, o valor real oferecido é de R$ 126,96 milhões. Levantamento realizado pela empresa Appraisal em julho de 2005 avalia os ativos da Varig em R$ 268,35 milhões.
A VarigLog requer ainda a venda de 5% das ações da empresa que foram dadas pela Varig em garantia de dívidas ao Aerus (fundo de pensão dos funcionários) por R$ 24 milhões, o que não poderia ser computado como parte do preço mínimo.
Segundo a Deloitte, o número de funcionários que serão absorvidos pela nova Varig pode ser "irrelevante" e a proposta não inclui verbas para a rescisão dos contratos de trabalho. A Varig tem cerca de 10 mil empregados. Os custos de demissão é estimado em US$ 65 milhões (ou R$ 143 milhões).
Como a "velha Varig" só deve ficar com a concessão da Nordeste, com dois aviões e uma única linha, não teria como arcar com essa despesa. Os valores apresentados foram considerados insuficientes para manter a "velha Varig".
Para a administradora, não está claro se a VarigLog vai arcar com as milhas do Smiles e em razão disso solicitou mais esclarecimentos. O texto da proposta diz que ela se compromete a honrar as milhas, mas o anexo afirma que o passivo do programa (as milhas acumuladas) ficaria na "velha Varig".

Condições
A Deloitte exige que a Va- rigLog renuncie a todas as "condições precedentes" contidas em sua proposta. A ex-subsidiária diz que o pagamento só será cumprido se houver acordo coletivo com sindicatos, manutenção das operações de acordo com o cenário desenhado pela VarigLog, ausência de medida judicial que retarde a conclusão da operação e auditoria nas empresas.
Além disso, a VarigLog pede a cessão de linhas e autorizações de vôo referentes a junho do ano passado. Muitas dessas concessões não estão mais com a Varig, que reduziu seu volume de operações.


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