São Paulo, sábado, 08 de julho de 2006

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Embraer planeja "vôo mais alto" com aviação executiva

FÁBIO AMATO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SÃO JOSÉ DOS CAMPOS

Depois de consolidar sua marca no mercado de aviação comercial, onde está atrás apenas das gigantes Airbus e Boeing, a Embraer mira agora o segmento de aviação executiva. Desde o ano passado, a empresa vem investindo pesado nesse filão. No intervalo de um ano, lançou três novos jatos executivos e já planeja o desenvolvimento de mais quatro.
A empresa está de olho nos US$ 144 bilhões em negócios previstos para o setor da aviação executiva nos próximos dez anos, período em que devem ser entregues, em todo o mundo, 9.680 jatos. Cerca de 75% deles irão para os EUA. A América Latina responde por 4,5% do mercado, e o Brasil, por 2%.
O objetivo da Embraer é conquistar 30% do mercado nos segmentos "very light" (muito leve) e "light" (leve) e brigar de igual para igual com as cinco grandes da aviação executiva: Dassault, Raytheon, Bombardier, Gulfstream e Cessna. Hoje, apenas com o Legacy, ela tem 3% do mercado. Além disso, a companhia pretende elevar para 20% a participação desse segmento em seus lucros.
A fabricante brasileira debutou no mercado executivo em 2002 com o Legacy, derivado do jato comercial ERJ-145. Sozinho, o jato respondeu, no ano passado, por 6% dos lucros da empresa, que somou US$ 446 milhões.
Em maio de 2005, a Embraer anunciou o desenvolvimento do Phenom 100 (capacidade entre 6 e 8 ocupantes) e do Phenom 300 (entre 8 e 9 ocupantes) para competir nos segmentos "very light" (muito leve) e "light" (leve). O investimento previsto é de US$ 235 milhões.
Em maio deste ano, foi lançado o Lineage 1000 (para até 18 ocupantes), derivado do 190, o maior jato comercial fabricando pela empresa, que chega com a proposta de ser um luxuoso escritório móvel.
"A área que tem demonstrado as maiores oportunidades nesse momento é a da aviação executiva. É correto dizer que a aviação executiva é uma das principais fontes de crescimento e diversificação da Embraer", disse o vice-presidente da Embraer para o mercado de aviação executiva, Luís Carlos Affonso.

Luxo
A Embraer decidiu apostar no luxo, no conforto e na durabilidade de seus jatos para conquistar os clientes e vencer seus concorrentes, presentes há mais tempo no mercado executivo.
O interior dos Phenom, por exemplo, foi projetado pela BMW Group Designworks, subsidiária do grupo BMW. Os bagageiros dos dois jatos são até 50% maiores do que o dos concorrentes diretos. Já o Lineage possui configuração para cinco ambientes, entre eles sala de jantar, sala de reunião e uma "suíte" com chuveiro.

Uso em frota
A Embraer também aposta que o futuro da aviação executiva será a utilização em frota, com jatos sendo usados por vários donos ou então para táxi aéreo. Por isso, incluiu em seus projetos detalhes de robustez típicos da aviação comercial, o que permite durabilidade e utilização maiores.
O vice-presidente não revela quantas encomendas dos novos jatos foram feitas. Até agora, a empresa divulgou apenas a compra, por US$ 140 milhões, de 50 Phenom 100 pela JetBird, empresa de táxi aéreo com sede em Genebra.
Affonso afirmou, entretanto, que a Embraer já teve de aumentar a cadência de produção dos aviões -que inicialmente era de cem unidades por ano- para atender à alta demanda.
"Se alguém quiser comprar um Phenom hoje, só vai conseguir recebê-lo no segundo trimestre de 2010", afirmou Luís Carlos Affonso.


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