São Paulo, terça-feira, 08 de julho de 2008

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Mercado Aberto

GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Superávit deveria subir para 5% do PIB

O presidente do banco Itaú, Roberto Setubal, afirma que seria muito positivo para a política de combate à inflação se o governo elevasse a meta do superávit primário dos atuais 4,3% do PIB para 5% do PIB. Segundo ele, essa medida provocaria um grande alívio no trabalho do Banco Central e ajudaria, especialmente, a baixar a inflação de 2009.
Setubal diz, no entanto, que, tradicionalmente, as políticas antiinflacionárias no Brasil tendem a carregar nas tintas da política monetária e muito pouco na política fiscal. Trata-se, a seu ver, de um problema estrutural, histórico, de controlar a inflação pelos juros e não pelo corte dos gastos públicos.
De acordo com Setubal, de qualquer forma, os aumentos de juros promovidos pelo Banco Central, além de outras medidas, como o aumento do IOF, já começam a fazer efeito na economia. Os bancos estão mais criteriosos na aprovação dos créditos. Os empréstimos estão mais caros.
"O excesso de demanda já começou a baixar", diz. "O crédito está menos expansionista."
O presidente do banco Itaú cita o exemplo do financiamento de automóveis. As filas para a compra de determinados modelos caíram sensivelmente. Os estoques estão aumentando. Há sinais de um maior equilíbrio entre a oferta e a demanda de automóveis.
Apesar dessa melhora da situação, Setubal diz que, mesmo assim, os juros vão continuar subindo nos próximos meses. Para ele, o governo deveria tomar outras medidas, além da elevação do superávit primário, para ajudar o Banco Central no combate à inflação.
Ele acha, por exemplo, que os preços dos derivados de petróleo deveriam subir para reduzir a procura por esses produtos. Seria uma forma de reduzir o consumo de gasolina.
Setubal diz também que o mundo está próximo de um momento no qual os bancos centrais vão agir de forma coordenada para aumentar a taxa de juros e frear o crescimento da demanda global. Na verdade, muitos países já começaram a subir os juros nas últimas semanas.
A seu ver, havia uma percepção de que aumentos de energia não deviam ser combatidos com política monetária, mas isso está mudando. A conclusão é a de que o preço do petróleo não vai cair mesmo e que os bancos centrais precisam se mexer para evitar que a inflação continue subindo no mundo todo.

Frase
No Brasil, as políticas antiinflacionárias tendem a carregar na política monetária e muito pouco na política fiscal. Trata-se de um problema estrutural, histórico

CIRANDA
Antônio Carlos Valente da Silva, presidente da Telefônica, Marcos Jank, presidente da Unica (União da Indústria de Cana-de-açúcar) e professor da USP, e Antônio Carbonari Netto, fundador da Anhangüera Educacional, farão parte do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social, órgão consultivo da Presidência. Os nomes dos membros saíram no "Diário Oficial" da União de ontem.

CALCULADORA
O Citibank já começa a fazer as contas do preço da Nossa Caixa para ser vendida ao Banco do Brasil. O negócio deve ser fechado nos próximos dois meses.

REFINARIA
A Usiminas Mecânica fechou três novos negócios que têm a Petrobras como usuária final, em um valor total de R$ 115 milhões. Os contratos são para o fornecimento de vigas para plataformas e módulos e fornos para refinarias. Para as plataformas, serão fornecidas cerca de 4.000 toneladas de aço em vigas estruturais.

FLAMENCO
Desembarca no dia 15 em SP a Junta de Castela-León, governo da comunidade autônoma espanhola, acompanhada de produtores do setor de embutidos, queijo e vinho. Participará do encontro Juan Vicente Herrera, governador da junta.

INCA
A Previ deve decidir vender só uma parte da Paranapanema, a Mamoré. O principal candidato é a mineradora peruana Minsur. As negociações com a Vale estão, por enquanto, congeladas. A mineradora queria a Caraíba, que pertence à Paranapanema.

ORÁCULO
Antonio Palocci (PT-SP) é hoje um dos principais conselheiros de Lula.

SEMENTE
A Nutriplant, especializada em fertilizantes, deve começar a distribuir os seus produtos para as Américas Central e do Sul, com foco em Argentina, Paraguai, Uruguai e Bolívia.

PEQUENO PRÍNCIPE
A Visanet investe R$ 700 mil, por meio de lei de incentivo fiscal, na ampliação e na criação de espaço cultural no hospital pediátrico Pequeno Príncipe (Curitiba).

NEGÓCIO JURÍDICO

Anna Luiza Boranga, professora do GVlaw, programa de educação da Direito GV, e presidente da Fenalaw, prepara-se para a quinta edição do encontro jurídico, que acontecerá em São Paulo entre os dias 7 e 9 de outubro. O evento, que reunirá bancos, corretoras, seguradoras, consultorias, auditorias, editoras, escolas e outras empresas, espera receber 4.000 visitantes. Para Boranga, o advogado está passando por uma transição estimulada pela profissionalização do mercado. A professora diz que o advogado trabalha cada vez menos sozinho e tem atuado em parceria com profissionais de outras áreas. "Hoje ele tem que trabalhar com alguém da área ambiental, financeira, do agribusiness." A Fenalaw terá expositores, congresso e curso oferecido pelo GVlaw e abordará temas como direito ambiental, IPOs, arbitragem e outros.


Com JOANA CUNHA e VERENA FORNETTI


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