São Paulo, terça-feira, 08 de agosto de 2006

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Lucro semestral do Bradesco supera R$ 3 bi

Maior banco privado do país registrou ganho 19,5% superior no primeiro semestre em relação a mesmo período de 2005

Carteira de crédito que é destinada à pessoa física cresceu 39,9%; expansão acabou elevando nível de inadimplência do banco


FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

O Bradesco bateu o Itaú no primeiro semestre. O maior banco privado do país alcançou lucro líquido recorde de R$ 3,132 bilhões no período -cifra nunca antes registrada em um primeiro semestre por um banco nacional. O Itaú teve lucro de R$ 2,958 bilhões no período.
A continuidade da expansão do crédito, especialmente para a pessoa física, foi fundamental para o aumento de 19,5% -em comparação a igual período de 2005- no lucro do Bradesco.
Como tem acontecido com outras instituições financeiras, a inadimplência do banco cresceu um pouco no período.
Mas, segundo Márcio Cypriano, presidente do Bradesco, o banco não irá reduzir o ritmo de concessão de crédito mesmo com o recente aumento da inadimplência.
No caso do Bradesco, o índice de inadimplência da carteira de pessoa física -operações vencidas há mais de 59 dias em relação à carteira- subiu de 5,2% em junho de 2005 para 6,8% em junho deste ano.
A carteira de crédito destinada à pessoa física do Bradesco aumentou 39,9% do primeiro semestre do ano passado para junho deste ano, alcançando os R$ 37,56 bilhões. Já a carteira para pessoa jurídica aumentou em ritmo mais lento, de 13,4% no mesmo período.
"Não vemos necessidade de desacelerar [a oferta de crédito]. Ainda não sentimos queda na demanda por crédito. Assim, projetamos para o fim do ano uma expansão entre 20% e 25% na carteira total e entre 30% e 35% para pessoa física", afirmou Cypriano. "No segmento de pessoa jurídica, são as pequenas e médias empresas que têm tomado mais crédito. As grandes empresas têm buscado também outras formas de se financiarem, como o mercado de capitais", disse o presidente.
O aumento na concessão de crédito fez o banco elevar suas provisões para casos de inadimplência. "Como o banco ampliou sua carteira de varejo , era esperado que houvesse algum crescimento da inadimplência. Devido a isso, vemos no balanço que o banco elevou suas provisões", afirmou Edson Carminatti, analista financeiro do Inepad (Instituto de Ensino e Pesquisa em Administração).
Entre o primeiro semestre de 2005 e o mesmo período de 2006, o saldo de PDD, que são as provisões para os créditos de liquidação duvidosa, subiu de R$ 4,45 bilhões para R$ 5,83 bilhões. Isso significa que o banco reservou mais dinheiro para cobrir possíveis calotes.
Apesar de um pouco menor, a rentabilidade anualizada sobre o patrimônio do Bradesco se manteve em um nível elevado, de 33,4% em junho último. Um ano antes, o indicador ficou em 34,9%. Os analistas financeiros costumam atentar para a rentabilidade sobre o patrimônio dos bancos, que é um importante sinalizador da saúde financeira de uma instituição bancária.
As atividades relacionadas à área de seguros também foram importantes para o resultado do Bradesco no período. O setor de seguros alcançou lucro de R$ 1,04 bilhão -o que equivale a 33% do lucro total.
Mesmo com o resultado recorde, as ações preferenciais do Bradesco acabaram por fechar em baixa de 2,36% no pregão da Bovespa ontem.


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