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Crescimento dos lucros dos bancos deve perder fôlego
Para analistas, rentabilidade deve se manter alta, em torno
de 30% ao ano, superando de longe a do setor produtivo
Expansão do crédito ainda
será a principal alavanca
dos ganhos dos bancos
brasileiros nos próximos
anos, dizem especialistas
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
Os lucros dos grandes bancos
brasileiros devem continuar
provocando inveja aos empresários dos outros setores da
economia, mas já não crescem
como antigamente. As taxas de
crescimento do lucro líquido
do Bradesco e do Itaú, os dois
maiores do setor privado, vêm
diminuindo trimestre a trimestre desde meados do ano passado, após darem saltos em 2004
e no início de 2005, quando superaram o crescimento dos
bancos norte-americanos.
O lucro líquido do Bradesco
-que cresceu 17,5% no segundo trimestre de 2005 em relação ao primeiro- neste ano expandiu-se apenas 4,7% na comparação do segundo trimestre
com o primeiro.
Já o Itaú, cujo lucro crescia à
taxa de 16,8% no segundo trimestre do ano passado (em relação ao primeiro), aumentou
só 2,6% no segundo trimestre
deste ano na comparação com
os três meses anteriores. "O ritmo de crescimento dos lucros
do setor tende a ser menor",
observa José Augusto Frota Salles, analista da consultoria Lopes Filho.
Para o economista-chefe da
Febraban (federação dos bancos), Roberto Troster, o lucro
dos bancos vai continuar crescendo, pois as operações de crédito e os serviços bancários
tendem à expansão. "O país está crescendo, nada mais natural
que os lucros cresçam."
O que vem alavancando os
resultados dos bancos brasileiros nos últimos dois anos é a expansão do crédito. "Os bancos
estão entrando em novos segmentos -como o imobiliário-
que devem impulsionar seus
lucros nos próximos anos", diz
Edson Carminatti, analista do
Inepad (Instituto de Ensino e
Pesquisa em Administração).
Segundo dados coletados por
ele nos balanços, a participação
das receitas de crédito na receita total saltou de 47% em 2000
para 52%, no caso do Bradesco.
Já no Itaú, o pulo foi de 47% para 62%.
As aplicações em títulos e em
valores mobiliários vêm perdendo peso nas receitas dessas
instituições. O Bradesco obtinha 44% das suas receitas com
essas aplicações, em junho de
2000. Neste ano, a participação
caiu para 14%. No caso do Itaú,
a participação das aplicações
em títulos caiu de 43% em
2000 para 28% neste ano.
Rentabilidade
A rentabilidade do setor também tende à estabilidade na faixa dos 30% ao ano, segundo Salles. Isso pressupõe que a taxa
de crescimento dos lucros terá
uma constância, não acelerando 80% num ano, como ocorreu com o Bradesco em 2005
(na comparação com 2004), ou
39%, caso do Itaú naquele mesmo período.
Os três grandes bancos que já
divulgaram balanços do primeiro semestre -Bradesco,
Itaú e Banespa- estão com
rentabilidade sobre o patrimônio líquido de 31% ao ano, segundo dados da Economática.
"É um retorno altíssimo,
comparado ao obtido pelos
bancos americanos no período,
que ficou em 15,9%", diz Fernando Exel, presidente da Economática. Ele faz uma ressalva,
entretanto: a rentabilidade dos
brasileiros é a mediana de apenas três grandes bancos, enquanto a dos americanos considera 30 instituições, grandes e
pequenas. "A mediana brasileira deve cair um pouco quando
entrarem os balanços dos bancos menores", diz Exel.
No caso brasileiro, a rentabilidade dos bancos também supera de longe a de empresas do
setor produtivo, que foi de 15%
no semestre, segundo balanços
de 54 empresas de capital aberto analisadas pela Economática. "Nos EUA, a rentabilidade
dos bancos também é maior,
historicamente, do que a das
empresas, mas o diferencial é
pequeno", observa Einar Rivero, coordenador da Economática para a América Latina.
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