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China manda bancos frearem crédito
Governo sinaliza mudanças na política monetária, com a intenção de evitar a criação de bolhas nos mercados de ações e imóveis
Depois de anos de restrição aos empréstimos, governo adotou política mais frouxa em 2008 com o objetivo
de estimular a economia
JAMIL ANDERLINI
DO "FINANCIAL TIMES", EM PEQUIM
O banco central da China instruiu os dirigentes dos maiores
bancos estatais do país a desacelerar o ritmo de novos empréstimos, depois que o volume
de financiamentos no primeiro
semestre triplicou ante o total
do período em 2008, de acordo
com fontes familiarizadas com
o assunto.
A pressão vinda do banco
central sinaliza uma mudança
não declarada de política.
Nas últimas semanas, os líderes chineses vêm enfatizando
que o país, por enquanto, continuará a manter sua política de
condições monetárias "moderadamente frouxas".
Embora não tenha havido
uma mudança formal na diretriz, o banco central e as autoridades reguladoras sinalizaram
a intenção de conter os empréstimos excessivos, por meio
de anúncios públicos.
O banco central nas últimas
semanas elevou as taxas de juros no mercado interbancário e
ordenou que os credores mais
generosos adquirissem montantes de notas especiais da
instituição com baixos juros e
prazo de um ano, o que aumenta a pressão sobre os bancos para que acompanhem as instruções do governo.
Dorris Chen, analista do BNP
Paribas, afirmou que "o banco
central está sendo forçado a caminhar na corda bamba entre,
de um lado, medidas que previnam uma séria bolha de crédito
e, de outro, a manutenção de
condições monetárias em geral
folgadas".
Novas bolhas
Os funcionários do governo
chinês temem que parte dos
7,37 trilhões de yuans (US$
1,078 trilhão) em empréstimos
concedidos no primeiro semestre tenham chegado aos mercados de imóveis e ações, nos
quais estão se formando bolhas. Isso está reinflacionando
preços que haviam caído severamente como resultado da crise financeira mundial.
Os mercados de capitais da
China se tornaram altamente
sensíveis a qualquer sugestão
de restrições no crédito. Em
certo momento do pregão, no
final da semana, a Bolsa de
Xangai caiu quase 8% devido a
boatos de que os maiores bancos comerciais estatais reduziriam severamente os seus novos empréstimos no segundo
semestre.
O governo também está
preocupado com a possibilidade de que empréstimos excessivos em meio a uma crise resultem em alta inadimplência no
sistema bancário.
Depois de anos de repressão
aos empréstimos bancários novos, o governo abriu os portões
no ano passado, instruindo os
bancos a inundar a economia
de dinheiro a fim de reanimar o
crescimento. As instituições
rapidamente excederam a meta anual de 5 trilhões de yuans
em novos empréstimos, estabelecida por Pequim no começo do ano.
O China Construction Bank
informou à agência de notícias
Bloomberg que planeja conceder 200 bilhões de yuans em
empréstimos novos no segundo semestre deste ano, volume
bem abaixo dos 709 bilhões de
yuans que o segundo maior
banco do mundo em capitalização de mercado concedeu no
período anterior.
Na China, é comum que os
bancos concentrem empréstimos no primeiro semestre e reduzam o volume no segundo,
mas uma queda de 70% seria
extrema.
Os rivais Bank of China e Industrial and Commercial Bank
of China informaram que não
têm metas estabelecidas para
empréstimos no segundo semestre deste ano.
No primeiro semestre, o Industrial and Commercial Bank
of China elevou em 826 bilhões
de yuans os seus empréstimos,
enquanto o Bank of China os
elevava em 902 bilhões de
yuans.
Tradução de PAULO MIGLIACCI
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