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Governo descarta desonerar fundos agora
Captação da poupança não justifica reduzir imposto cobrado de outras aplicações, ideia que pode até ser abandonada
Rendimento mínimo de
6% ao ano, que é garantido por lei para a caderneta, terá de ser revisto no futuro,
diz secretário de Mantega
DA REUTERS
O aumento dos depósitos em
caderneta de poupança em julho foi acompanhando por um
crescimento de outras aplicações e ainda não indica a necessidade de desonerar os fundos
de investimento. Essa é a avaliação do secretário de Política
Econômica do Ministério da
Fazenda, Nelson Barbosa.
"Por enquanto, na nossa análise, o movimento ainda está
dentro do normal. Você teve
um aumento de captação na
poupança, mas também teve
um aumento de captação de todos os fundos", afirmou.
Em julho, os depósitos líquidos em cadernetas de poupança somaram R$ 6,67 bilhões, o
maior nível para o mês desde
1994, segundo o Banco Central.
No período, o mercado doméstico de fundos apresentou
captação líquida positiva de R$
30,4 bilhões, de acordo com a
Anbid (Associação Nacional
dos Bancos de Investimento).
A poupança ganha competitividade ante outras modalidades de investimento por conta
da redução do juro promovida
pelo BC desde janeiro.
Para reduzir essa vantagem
comparativa, que poderia
ameaçar o financiamento da dívida pública, o governo anunciou em maio a intenção de taxar a poupança com Imposto
de Renda a partir de 2010. O
Ministério da Fazenda também
afirmou que os fundos poderiam ser desonerados neste ano
para ganhar rentabilidade.
"A proposta de desoneração
o ministro [Guido Mantega] já
falou, vai ser adotada quando
tiver que ser adotada, quando
achar que existe uma migração
que a justifique -neste momento não", disse Barbosa,
acrescentando que o governo
pode até mesmo concluir que a
desoneração é desnecessária.
O projeto de tributação da
poupança não teve alteração e
aguarda uma definição política
sobre o melhor momento de
ser enviado ao Congresso.
A proposta do governo é que
depósitos em poupança superiores a R$ 50 mil sejam tributados a partir do próximo ano
sempre que a taxa Selic ficar
abaixo de 10,5% ao ano. Pelo
mecanismo, quanto menor a
Selic, maior será a tributação.
Essa taxa está atualmente no
recorde de baixa de 8,75%.
A poupança tem um rendimento mínimo de 6% ao ano
garantido por lei. Barbosa afirmou que esse limite, que na
prática representa um obstáculo à queda dos juros, terá de ser
revisto no futuro.
"O Brasil está mudando para
uma situação de baixa taxa de
juros e, eventualmente, a poupança vai ter que ser reformulada, mas quando e como é uma
questão em aberto."
Crescimento
O Brasil voltou a crescer em
ritmo "forte" a partir do segundo trimestre e a ociosidade nas
fábricas gerada pela crise global
afasta o risco de pressão inflacionária pelo menos até o fim
de 2010, avalia Barbosa.
Segundo ele, a recuperação
está sendo liderada pelo comércio e pelos setores de bens
duráveis e de construção civil,
enquanto o segmento de bens
de capital ainda preocupa.
"Se o Brasil retomar o ritmo
de crescimento entre 4% e 5%
que a gente projeta e espera para 2010, você só vai ter o uso da
capacidade voltando a níveis
pré-crise lá no final de 2010."
Para Barbosa, "há espaço suficiente para o Brasil retomar
taxas de crescimento rápido
sem gerar pressão inflacionária, de demanda".
O secretário estima que o
PIB (Produto Interno Bruto)
brasileiro tenha crescido cerca
de 1,5% no segundo trimestre,
após dois trimestres seguidos
de retração. "No terceiro ainda
é difícil ver, mas os primeiros
números indicam que continua
uma expansão em ritmo forte."
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