São Paulo, sábado, 08 de setembro de 2007

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análise

Fed pode ter reação exagerada

JEREMY WARNER
DO "INDEPENDENT"

Alan Greenspan tem razão em traçar paralelos entre o arrocho atual do crédito e a crise financeira de 1998, quando, como diretor do Federal Reserve, foi obrigado a socorrer o fundo LTCM.
As duas crises são bastante semelhantes em sua formação. Em 1998, o calote de dívidas públicas na Rússia levou os preços dos títulos da dívida a cair inesperadamente, o que dificultou a tomada de empréstimos pela LTCM e outros fundos e ameaçou desencadear uma venda emergencial de ativos a preços baixíssimos. Algo semelhante ocorre agora, mas com as hipotecas imobiliárias dos EUA.
Do jeito que as coisas vão, daqui a pouco a recessão se tornará uma previsão que se auto-realiza. Quanto mais os investidores e consumidores pensam que haverá recessão, mais provável ela se torna.
Nessas circunstâncias, Ben Bernanke, o diretor ainda relativamente novo do Fed, pode sentir que não tem outra opção senão reduzir fortemente os juros nos próximos meses.
Em 1987 e 1998, as ações do Fed impediram a economia de entrar em recessão. Mas elas também podem ter apenas adiado o inevitável. Depois de 1987 houve um boom ainda mais intenso do consumo e de aquisições, movido pela dívida, que acabou desabando na recessão do início dos anos 1990. Após 1998 houve a insensatez ponto.com da bolha da tecnologia e a recessão americana de 2001.
Com base nesse raciocínio, uma ação agora dos banqueiros centrais pode evitar a recessão no curto prazo, mas a levará a ser mais séria em dois ou três anos. Ao traçar paralelos com 1998 e 1987, Greenspan expressou a opinião de que não há muito a fazer contra a propensão humana a criar bolhas.


Tradução de CLARA ALLAIN


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